Nature & SpaceNature & Space

Atualizado 18 de outubro de 2025 por Sergio A. Loiola

Pesquisa mostra que vacina contra HPV reduziu câncer de colo do útero em quase 60% em mulheres jovens no Brasil, em idade entre 20 e 24 anos.

A pesquisa publicado na revista The Lancet Global Health.

As atuais tendências de vacinação contra o HPV destacam os principais obstáculos à implementação bem-sucedidas. Fonte: https://sboc.org.br/noticias/item/835-numeros-da-vacinacao-contra-o-hpv-revelam-situacao-alarmante-na-america-latina

O estudo mostra a consolidadação do sucesso da vacina contra o HPV na prevenção do câncer de colo de útero no país. Uma eficiência que se comprova em números cada vez mais consistentes, pouco antes de a vacina completar 20 anos de existência.

Mas números que ainda têm muito a melhorar, especialmente entre as camadas de baixa renda e por conta dos efeitos deletérios dos recentes movimentos antivacina que acometem o Brasil e o mundo.

Veremos a seguir os importantes resultados desta pesquisa para a saúde pública, em Texto, Imagens e Vídeos:

Nature & SpaceNature & Space

Vídeo 1: Qual é a importância da vacina contra o HPV?

Vídeo2: Infectologista responde as principais dúvidas sobre HPV

O Texto foi Publicado Originalmente pelos autores da Pesquisa no Site The conversation

O câncer de colo do útero é evitável, mas ainda é o quarto tipo de câncer

O câncer de colo do útero é uma doença evitável, mas ainda é o quarto câncer mais comum entre as mulheres, afetando principalmente a população de países de baixa e média renda.

Por ser causado quase exclusivamente pelo vírus HPV (papilomavírus humano), a vacina contra o vírus é, também, contra este câncer.

A primeira vacina contra o HPV, aprovada em 2006, demonstrou grande sucesso na prevenção do câncer do colo do útero em países de alta renda, reduzindo em até 90% a incidência desse câncer.

Apesar desse sucesso, o acesso à vacina  ainda é bastante restrito em países pobres.

Em 2023, enquanto 95% dos países ricos já contavam com programas nacionais de vacinação, essa proporção era apenas 45% dos países pobres. Entre eles, o Brasil, que oferece a vacina gratuitamente desde março de 2014.

O programa brasileiro teve sucesso notável na ocasião do seu lançamento, com alta adesão e cobertura próxima de 100% para as meninas.

Estudos Brasileiros em Indaiatuba no interior de São Paulo sobre a prevenção do câncer de colo uterino. Fonte: https://www.icbdf.com/estudos-brasileiros-em-indaiatuba-no-interior-de-sao-paulo-sobre-a-prevencao-do-cancer-de-colo-uterino/

LEIA MAIS

Poliomielite e o Fantasma da Síndrome Pós-Poliomielite -SPP

UFRJ e USP Descobrem Molécula Que Reverte Déficit Cognitivo

No entanto, campanhas intensas de desinformação minaram a confiança pública, refletindo na queda da cobertura vacinal. Em 2022, apenas 75% das meninas e metade dos meninos foram vacinados contra HPV..

A vacinação contra o HPV no Brasil  tem como público prioritário meninas e meninos de 9 a 14 anos, que desde 2024 recebem apenas uma dose, considerada suficiente para garantir proteção.

Em caráter excepcional, o Ministério da Saúde ampliou até dezembro de 2025 o acesso para adolescentes de 15 a 19 anos que não se vacinaram na idade indicada.

Cobertura vacinal contra o papilomavírus humano entre meninas no Brasil de 2014 a 2024, estratificada por faixa etária. Em 2014, a cobertura vacinal contra o HPV para meninas na faixa etária alvo atingiu quase 100%. No entanto, a partir de 2016, a cobertura entre meninas de 9 anos de idade caiu drasticamente, permanecendo consistentemente abaixo de 65% de 2016 a 2024. Fonte: The Lancet : https://www.thelancet.com/journals/langlo/article/PIIS2214-109X(25)00279-7/fulltext

Além disso, a vacina está disponível pelo SUS para homens e mulheres imunossuprimidos — como pessoas vivendo com HIV, transplantados e pacientes oncológicos — dos 9 aos 45 anos, bem como para vítimas de violência sexual entre 15 e 45 anos e usuários de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) contra o HIV que não completaram o esquema vacinal.

A proteção é mais eficaz quando aplicada precocemente, entre 9 e 14 anos, e a imunização é a medida mais segura e efetiva para prevenir a infecção pelo HPV.

Vídeo 1: Qual é a importância da vacina contra o HPV?

LEIA MAIS

Butantan: Vacina Brasileira Contra Dengue Tem Alta Eficácia

Cientistas da UFRJ Descobrem Proteína Capaz de Reverte Lesão da Medula

O impacto da vacina em países de baixa renda

Até agora, quase todas as evidências vinham de países ricos, em contextos muito diferentes em termos de acesso à saúde, prevalência de infecção pelo HPV e vulnerabilidades sociais.

Recentemente, porém, novo estudo feito por um grupo de pesquisadores de que faço parte apresentou as primeiras evidências do impacto da inclusão da vacina contra HPV no Brasil.

Imagem meramente ilustrativa (Banco de imagens: Shutterstock)

estudo avaliou o impacto da vacinação após uma década de implementação no programa nacional de imunização, publicado na revista The Lancet Global Health.

Para medir o efeito da vacinação contra HPV, analisamos os dados nacionais do Sistema Único de Saúde de mulheres com 20 a 24 anos, entre os anos de 2019 e 2023.

Comparamos as taxas de câncer do grupo de mulheres que não era elegível para a vacina em 2014 (nascidas entre 1994 e 1998) com o grupo mais jovem, que foi totalmente elegível (nascidas entre 2001 e 2003).

Nós avaliamos 1.318 casos de câncer de colo do útero e 2.132 casos de lesões que antecedem esse câncer (Neoplasia Intraepitelial Cervical grau 3: NIC3).

Imagem meramente ilustrativa (Banco de imagens: Shutterstock)

Para ter certeza de que a responsável pela redução dos casos de câncer de colo do útero era a vacina e de que outros fatores não teriam promovido essa queda, nosso grupo de pesquisadores usou dois controles importantes.

Analisamos um grupo de mulheres que por pouco não foi elegível para a vacina (nascidas em 1999) e também comparamos taxas de câncer de mama nos grupos vacinados e não vacinados, já que a vacina contra HPV não afeta o risco de câncer de mama.

Como esperado, as mulheres nascidas em 1999 não apresentaram redução quando comparadas ao grupo nascido entre 1994 e 1998. O grupo vacinado não mostrou redução no número de casos de câncer de mama.

Essas análises garantem maior confiança na validade dos resultados que encontramos.

Vídeo 2: Infectologista responde as principais dúvidas sobre HPV

LEIA MAIS

Pesquisa: Composto do Chá Verde e Vitamina Freiam Alzheimer

Pesquisa Revela Que Vitamina D3 Retarda o Envelhecimento

Desafios no caminho para a eliminação

Apesar dos resultados positivos do programa de vacinação contra o HPV, o país enfrenta desafios significativos para combater o movimento antivacina que ganhou força durante o período da pandemia.

O Brasil também tem dificuldades para detectar precocemente o câncer do colo do útero.

Os exames para prevenir esse câncer costumam ser feitos apenas quando a mulher procura ativamente o posto de saúde, faltando programas organizados de rastreamento.

O papilomavírus humano (HPV) é um vírus altamente contagioso, transmitido sexualmente. O HPV é talvez a infecção sexualmente transmissível mais disseminada, especialmente entre pessoas sexualmente ativas. Ele causa diversos problemas de saúde, incluindo câncer de colo do útero. A intervenção precoce é possível para controlar os riscos do HPV e prevenir sua disseminação. Fonte: https://www.amato.com.br/hpv-o-que-e-como-prevenir-e-tratar/

Isso leva a uma subnotificação de lesões pré-cancerosas, especialmente entre mulheres jovens e de grupos socioeconômicos desfavorecidos.

A pesquisa nacional em Saúde de 2019 revelou que, embora 81% das mulheres brasileiras relatassem ter feito o rastreamento, as taxas variavam de 94% nos grupos de alta renda para apenas 73% nos de baixa renda.

É necessário aprimorar o sistema de saúde, facilitando o acesso ao rastreamento para populações vulneráveis e campanhas de conscientização da população e dos profissionais de saúde.

Os resultados encontrados confirmam que a vacina contra o HPV é uma ferramenta eficaz no combate ao câncer de colo do útero, evidenciando o impacto positivo do programa brasileiro na redução da doença em mulheres jovens.

Essa base científica fortalece as políticas de saúde pública ao demonstrar seus benefícios para a saúde individual e coletiva.

A vacinação é um direito da criança e uma medida essencial de proteção à saúde. Vacinar os filhos é mais do que um dever legal e envolve a responsabilidade por outra vida.

Porém, essa obrigação precisa vir acompanhada de iniciativas de educação em saúde e de combate à desinformação. É fundamental investir em informação e conscientização para que as famílias compreendam os benefícios da imunização.

A eliminação do câncer de colo do útero depende da união entre ciência, informação de qualidade, políticas públicas firmes para combater a desinformação e compromisso coletivo com a saúde, garantindo acesso universal tanto à vacinação quanto ao rastreamento.

Política de Uso  

Fique à Vontade para Compartilhar. Pedimos que Adicione o Link Anexo nas Fontes. Ajude às Pessoas Encontrar o Site

Vacina Contra HPV Reduziu Câncer de Colo do Útero em 60%

Bibliografia

Revista The Lancet Global Health.

Effect of Brazil’s national human papillomavirus vaccination programme on the incidence of cervical cancer and cervical intraepithelial neoplasia grade 3 in women aged 20–24 years: a population-based study

The Conversation

Outubro rosa: Estudo mostra que vacina contra HPV reduziu câncer de colo do útero em quase 60% em mulheres jovens no país

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here