Atualizado 29 de outubro de 2025 por Sergio A. Loiola
Pesquisadores da Unicamp e da Universidade Federal do ABC desenvolveram um papel vegetal com várias qualidades importantes: é biodegradável, tem alta resistência mecânica, é uma barreira contra líquidos e gases, é antibacteriana e reciclável.
A Pesquisa foi publicada na Revista Chemical Engineering Journal

A inovação abre caminho para substituir o plástico tradicional, derivado do petróleo, em diferentes setores da economia, com potencial para substituir embalagens, inclusive nos ramos alimentício e cosmético.
Veremos a seguir como os pesquisadores alcançaram esse importante alternativa ao plástico de petróleo. Em Texto, Imagens e Vídeo.
Essa papel plástico poderia substituir o plástico de petróleo? Usar o bagaço da cana na produção de papel é melhor do que para energia? Deixe seu comentário no final do Texto!
Vídeo 1: A Nano Celulose Pode Substituir o Plástico
Vídeo 2: Pesquisadores desenvolvem plástico com bagaço de cana
Vídeo 3: Bioplástico compostável vira adubo em até seis meses
Vídeo 4: Cientistas aprovam plástico biodegradável
Dois em Um: Papel que também é plástico
A criação da nova tecnologia é resultado do trabalho de Daiane Silva e Bruna Ramasini, que trabalharam com uma equipe do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Federal do ABC (UFABC).
Embalagens de papel podem ser uma alternativa para lidar com problemas ambientais relacionados ao uso excessivo de plástico, pois são renováveis, biodegradáveis e recicláveis.
No entanto, suas propriedades de barreira devem ser aprimoradas para expandir sua aplicação.

Para construir uma material com boas propriedades de Barreiras a gases e água os pesquisadores utilizaram as interações eletrostáticas entre látex de borracha natural (NRL) carregado negativamente e nanocelulose carregada positivamente para desenvolver um revestimento multicamadas com boa compatibilidade e propriedades aprimoradas.
Cada componente desempenha um papel complementar: a nanocelulose cria uma barreira densa contra gases e óleos, enquanto o látex confere resistência à água, explica Juliana Bernardes, pesquisadora do LNNano e uma das responsáveis pelo estudo.
O processo de fabricação do papel plástico começa com a trituração da celulose extraída do bagaço de cana-de-açúcar, até formar nanopartículas.
Essa nanocelulose é então misturada com o látex natural da seringueira.
A interação eletrostática entre a nanocelulose e o látex forma um revestimento em múltiplas camadas, resultando em um material imune à umidade, biodegradável e reciclável.
Ao contrário do papel comum, que é um excelente absorvente de líquidos, o papel plástico repele líquidos e umidade, além de gases.
Vídeo 1: A Nano Celulose Pode Substituir o Plástico
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Os testes mostraram que um papel plástico de cinco camadas reduz em 20 vezes a passagem de vapor de água, prolongando a vida útil dos produtos embalados.
O material também diminuiu em até 4.000 vezes a permeabilidade ao oxigênio, evitando oxidação e perda de qualidade.

Finalmente, o revestimento alcançou o nível máximo na métrica de resistência a óleos e gorduras.
Outro diferencial é que o novo papel mantém a reciclabilidade, podendo retornar à cadeia produtiva sem comprometer suas propriedades.
Finalmente, coroando sua vocação natural para uso em embalagens nobres, o material apresentou ação antibacteriana contra E. coli, eliminando mais de 99% das células da bactéria após contato direto.
Esse efeito é atribuído à interação eletrostática da camada catiônica com a membrana bacteriana.
“Nosso objetivo foi criar uma alternativa viável para reduzir a dependência de plásticos descartáveis. O resultado é um papel funcional, sustentável e capaz de atender às demandas de conservação e segurança do mercado de embalagens,” disse a professora Juliana Bernardes, coordenadora da equipe.
A pesquisa demonstrou como combinar materiais com cargas opostas para produzir papel revestido multicamadas de origem biológica, livre de flúor, reciclável e antibacteriano, com excelentes propriedades de barreira.
Essa abordagem oferece uma alternativa promissora para aprimorar a sustentabilidade e a funcionalidade da indústria de embalagens.
Vídeo 2: Pesquisadores desenvolvem plástico com bagaço de cana
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Desempenho superior aos revestimentos sintéticos
Nos testes laboratoriais, o papel com cinco camadas reduziu em 20 vezes a passagem de vapor de água e em 4 mil vezes a permeabilidade ao oxigênio.
Também atingiu o nível máximo de resistência a óleos e gorduras e eliminou mais de 99% das células de Escherichia coli após contato direto.
Os resultados mostram que a combinação entre nanocelulose e látex natural pode superar revestimentos convencionais feitos com polímeros sintéticos, sem uso de compostos fluorados (PFAS), frequentemente associados a riscos ambientais e à contaminação de solos e águas.
Vídeo 3: Bioplástico compostável vira adubo em até seis meses
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Reciclagem sem perda de propriedades e escala industrial
Diferentemente de outros papéis impermeáveis, o novo material mantém sua reciclabilidade. Ele pode ser reaproveitado no ciclo produtivo sem perda de propriedades, segundo o CNPEM.
Os pesquisadores avaliam que o material tem potencial para substituir embalagens, sobretudo nos ramos alimentício e cosmético.

Nosso objetivo foi criar uma alternativa viável para reduzir a dependência de plásticos descartáveis”, explica Juliana Bernardes.
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Pesquisa colaborativa e patente registrada
O trabalho reuniu pesquisadores das áreas de química, engenharia química e biologia, responsáveis pela formulação das camadas, pelo processo de deposição e pelos testes antimicrobianos.
O projeto recebeu financiamento da Fapesp e do CNPq, e já resultou em pedido de patente no Brasil.
“Para o desenvolvimento deste projeto, foi composta uma equipe multidisciplinar, reunindo especialistas em química, engenharia química e biologia. (…) A integração dessas áreas do conhecimento foi determinante para viabilizar a transição de uma proposta laboratorial para um material com potencial de aplicação industrial”, explica a pesquisadora.
Vídeo 4: Cientistas aprovam plástico biodegradável
Bibliografia
Revista: Chemical Engineering Journal
Artigo: Electrostatic complexation of cationic nanocellulose and natural rubber latex for the development of multifunctional paper packaging
Autores: Daiane B. Silva, Bruna P.M. Ramasini, Alex J.M. Comodaro, Rubia F. Gouveia, Nadia M.V. Sampaio, Juliana S. Bernardes
Vol.: 523, 168186
DOI: 10.1016/j.cej.2025.168186
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Novo Papel-Plástico de Bagaço de Cana e Látex da Seringueira


















