Atualizado 2 de novembro de 2025 por Sergio A. Loiola
Arqueólogos descobrem uso de Ferramentas de pedra por macacos selvagens em uma ilha na Tailândia. Eles fazem uso há décadas, e talvez milhares de anos, para quebrar mariscos e nozes.
Aqui são relatados as evidências arqueológicas de duas pesquisas acerca do uso de ferramentas pelos macacos caranguejeiros da Tailândia.
As pesquisas foram publicado no Journal of Human Evolution e na Revista Science Advances.

Embora já tenham sido realizados diversos estudos observando primatas não humanos vivos, esses foram os primeiros relatos de evidências arqueológicas do uso de ferramentas por macacos do Velho Mundo.
Além de provas abundantes, as pesquisas levantam o questionamento para a comunidade arqueológica sobre um novo problema:
É preciso revisar estudos para separar ferramentas que eventualmente podem ter sidos confeccionadas por macacos no passado distante.
A seguir veremos como os arqueólogos documentaram o uso de ferramentas pelos macacos “caranguejeiros”. Em Texto, Imagens e Vídeos.
Qual o significado desta descoberta para o estudo da inteligência animal? Como devemos perceber melhor a cultura, inteligência e uso de ferramentas entre os animais? Deixe seu comentário no final do Texto!
Vídeo 1: Macacos Caranguejeiros Usam Ferramentas na Tailândia
Vídeo 2: Macacos usam ferramentas para abrir conchas
Vídeo 3: Ferramentas que só os macacos da Serra da Capivara usam
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Evidências arqueológicas do uso de ferramentas por macacos do Velho Mundo
A pesquisa, liderada pelo Grupo de Pesquisa em Arqueologia de Primatas da Universidade de Oxford, abre novas possibilidades de investigação.
O artigo, publicado no Journal of Human Evolution, afirma que este é apenas o primeiro passo para descobrir como o comportamento desses primatas se compara ao dos primeiros humanos que viviam em ambientes semelhantes.

De longe, em barcos ao largo da costa, pesquisadores passaram centenas de horas observando como grupos de macacos no parque nacional marinho da ilha de Piak Nam Yai selecionavam pedras como ferramentas para esmagar caracóis marinhos, nozes e caranguejos.
Durante a maré baixa, os macacos quebravam ostras presas a grandes rochas. Eles deslocavam a metade superior da concha usando sua ferramenta de esmagamento e, em seguida, retiravam a carne com os dedos da parte restante ainda presa à rocha.
Os pesquisadores também descobriram que, uma vez que um macaco encontrasse uma pedra adequada para a tarefa, ele a guardava para quebrar outras conchas ou nozes antes de descartá-la.
Após a tarefa, os macacos frequentemente descartavam suas ferramentas ao redor das mesmas rochas onde haviam se alimentado.
Quando os macacos deixaram a margem, a equipe de pesquisa foi para terra firme para examinar de perto as ferramentas em busca de marcas.

Encontraram características como pequenas cavidades na superfície plana, ou marcas de esmagamento e fratura nas extremidades estreitas das pedras.
Também escavaram a área sob um rochedo proeminente em busca de evidências de ferramentas de pedra descartadas, usadas por gerações anteriores de macacos.
Após identificarem as marcas reveladoras do processamento de alimentos, os pesquisadores encontraram dez ferramentas na camada arqueológica mais antiga, a 65 cm abaixo da superfície.
A profundidade de escavação foi limitada pelas marés altas que inundavam o rochedo duas vezes ao dia.
Eles dataram indiretamente as ferramentas escavadas, estimando-as entre 10 e 50 anos, por meio da datação por radiocarbono de fragmentos de conchas de ostras encontrados na mesma camada arqueológica intacta.
Vídeo 1: Macacos Caranguejeiros Usam Ferramentas na Tailândia
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Primatas com cérebros muito menores que os humanos possuem maneiras inovadoras de explorar alimento
O autor principal, Dr. Michael Haslam, da Escola de Arqueologia da Universidade de Oxford e líder do projeto de Arqueologia de Primatas (Primarch), afirmou:
Descobrimos que primatas com cérebros muito menores que os humanos possuem maneiras inovadoras de explorar as fontes de alimento disponíveis.
Os macacos nas florestas da ilha descem até a costa quando a maré está baixa para buscar alimento e usam pedras como ferramentas para quebrar conchas e cascas duras de nozes, a fim de acessar o alimento em seu interior.

O que não temos no momento é um conjunto de evidências arqueológicas para comparar o comportamento evolutivo de outros primatas com o nosso.
Desvendar a história do comportamento de busca de alimento dos macacos é um primeiro passo.
À medida que construímos uma imagem mais completa de sua história evolutiva, começaremos a identificar as semelhanças e diferenças entre o comportamento humano e o de outros primatas.
Conforme os pesquisadores, o desenvolvimento de métodos viáveis para identificar e interpretar paisagens de uso de ferramentas não humanas no passado é essencial para que possamos obter uma melhor compreensão da evolução tecnológica em outros animais, incluindo nossos parentes próximos, os primatas.
Vídeo 2: Macacos usam ferramentas para abrir conchas
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Uso de ferramentas por Macacos selvagens questionam a origem da produção de ferramentas, antes atribuída apenas a grupo hominídeos
Pesquisa recentes na arqueologia tem questionado a produção de fermentas antes atribuida somente as especies de hominídeos.
A pesquisa mostrou que artefatos de pedra produzidos acidentalmente pelos primatas se assemelham aos primeiros utensílios confeccionados intencionalmente por nossos ancestrais.
A análise foi conduzida por especialistas do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, na Alemanha.

No estudo publicado na revista Science Advances, os pesquisadores explicam que essa evidência é usada para decifrar o comportamento, a cognição e as estratégias de subsistência mais antigas dos hominídeos.
Encontrar uma assinatura arqueológica semelhante, feita acidentalmente por macacos, desafia algumas compreensões de longa data da evolução humana.
“Entender como e quando os nossos ancestrais começaram a produzir lascas de pedra afiadas intencionalmente é uma grande questão que normalmente é investigada por meio do estudo de artefatos e fósseis do passado. Nosso estudo mostra que a produção de ferramentas de pedra não é exclusiva dos humanos”, disse Tomos Proffitt, pesquisador do Instituto Max Planck e principal autor.
Conforme os pesquisadores, lascas e fragmentos de pedra com bordas afiadas, produzidos intencionalmente, são nossa principal evidência do surgimento da tecnologia em nossa linhagem.

Essa evidência é usada para decifrar o comportamento, a cognição e as estratégias de subsistência dos primeiros hominídeos.
Em alerta a comunidade arqueológica, a pesquisa relatou o maior conjunto lítico associado a um comportamento de forrageamento de primatas realizado por macacos-de-cauda-longa (Macaca fascicularis).
Esse comportamento resulta em um registro de material lítico lascado em toda a paisagem, quase indistinguível de fragmentos e lascas produzidos por hominídeos primitivos.
Agora está claro que a produção não intencional de lascas conchoidais com bordas afiadas pode resultar do forrageamento com auxílio de ferramentas em primatas não hominídeos.
Comparações com conjuntos líticos do Plio-Pleistoceno, datados de 3,3 a 1,56 milhões de anos atrás, mostram que as lascas produzidas por macacos se enquadram no espectro tecnológico dos artefatos produzidos pelos primeiros hominídeos.
Na ausência de observações comportamentais, o conjunto produzido pelos macacos provavelmente seria identificado como de origem antropogênica e interpretado como evidência de produção intencional de ferramentas.
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Investigação arqueológica dedicada aos primatas
O Projeto de Arqueologia de Primatas realiza trabalhos arqueológicos em diversos sítios ao redor do mundo.
No caso dos macacos, o Primarca está trabalhando em cooperação com um programa sobre o uso de ferramentas por macacos na Tailândia, liderado por Michael Gumert, da Universidade Tecnológica de Nanyang, em Singapura, e da Universidade Chulalongkorn, na Tailândia, com a pesquisadora Suchinda Malaivijitnond.

Em pesquisas anteriores lideradas pelo Dr. Haslam, uma equipe também observou as distâncias percorridas pelos macacos carregando ferramentas na Ilha Piak Nam Yai.
Eles descobriram que os macacos geralmente moviam suas ferramentas um metro ou menos do local onde as pegavam, embora a maior distância que um macaco percorreu carregando uma ferramenta tenha sido de 87,6 metros.
Em média, eles comiam nove ostras por vez, percorrendo curtas distâncias com a mesma ferramenta.
No entanto, em um caso, eles observaram um macaco faminto comer 63 ostras seguidas, usando a mesma ferramenta de pedra para abrir as conchas.
É fundamental que a arqueologia use suas técnicas para desvendar a história desse comportamento de busca por alimento.
Esse trabalho abre oportunidades para estudar sua evolução dentro da linhagem dos macacos e, de forma mais ampla, para obter dados comparativos para pesquisadores que estudam a exploração costeira por humanos e primatas.
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Caça intensiva dos Macacos que usam ferramentas ameaçam a população de moluscos em ilha da Tailândia
Um Estudo publicado na eLife mostrou que os macacos-de-cauda-longa do Parque Nacional Khao Sam Roi Yot, na Tailândia, estão ameaçando levar as populações de moluscos à extinção com suas ferramentas.
Os macacos usam pedras para quebrar e abrir as maiores ostras, caranguejos e caracóis que conseguem encontrar.

O resultado dessa caça sistemática tem sido uma diminuição geral no tamanho médio de suas presas, reduzindo uma espécie de ostra em até 70% em comparação com locais sem a pressão dos macacos, relata a New Scientist.
Se os macacos não diminuírem o ritmo, podem esgotar as fontes de alimento das ilhas e, se isso acontecer, podem até esquecer como usar suas ferramentas de pedra ao longo das gerações futuras, já que o uso de tecnologia é um comportamento aprendido e transmitido de um animal para o outro.
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Macaco caranguejeiro é uma espécie ameaça de extinção
O macaco-caranguejeiro (Macaca fascicularis), também conhecido como macaco-de-cauda-longa ou macaco-cinomolgo, é um primata cercopitecíneo nativo do Sudeste Asiático.
Como espécie sinantrópica, o macaco-caranguejeiro prospera perto de assentamentos humanos e em florestas secundárias.

Os macacos-caranguejeiros desenvolveram atributos e papéis atribuídos a eles pelos humanos, que variam desde percepções culturais de inteligência e adaptabilidade, até serem considerados animais sagrados, pragas e vermes, e se tornarem recursos em pesquisas biomédicas modernas.
Eles têm sido descritos como uma espécie à beira do abismo, vivendo na orla de florestas, rios e mares, na orla de assentamentos humanos e, talvez, à beira da extinção rápida.
Os macacos-comedores-de-caranguejo são onívoros e frugívoros. Vivem em grupos matrilineares que variam de 10 a 85 indivíduos, com grupos exibindo filopatria feminina e machos emigrando do grupo natal na puberdade.
Os macacos-comedores-de-caranguejo são os únicos macacos do Velho Mundo conhecidos por usar ferramentas de pedra em sua busca diária por alimento, e praticam roubo e troca em alguns locais turísticos.
O macaco-caranguejeiro é a espécie de primata mais comercializada, mais abatida, mais perseguida e também a mais utilizada em pesquisas científicas.
Devido a essas ameaças, o macaco-caranguejeiro foi classificado como espécie em perigo na Lista Vermelha da IUCN em 2022.
Bibliografia
Science Advances
Wild monkeys question the origin of the intentional production of tools.
Journal of Human Evolution
Archaeological excavation of stone tools made by wild monkeys.
University of Oxford
Generations of monkeys have used ‘tools’ to open their oysters and nuts.
Science
Monkeys using tools threaten the mollusk population in Thailand.
Elife Sciences
Resource depletion through primate stone technology
Thai National Parks
Política de Uso
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