Atualizado 18 de junho de 2025 por Sergio A. Loiola
Cientistas encontraram um híbrido humano-neandertal que viveu muito depois da extinção de seu povo. A ‘Criança Lapedo’, foi sepultada em uma caverna, em Portugal, há 28.000 anos.
De forma surpreendente, descendente de neandertais e humanos, a ‘Criança Lapedo’ viveu dezenas de milhares de anos após a extinção de nossos parentes mais próximos.
A pesquisa foi publicado na Revista Science Advances.
O ‘Menino Lapedo’ foi encontrado em 1998, mas só agora descobrimos quando ele viveu, com os novos métodos mais precisos de datação.

A Criança de Lapedo, descoberta em Portugal em 1998, impressionou a comunidade científica com uma mistura de características neandertais e humanas.
Uma nova técnica atualizada de datação por radio carbono permitiu datar os restos mortais entre 27.780 e 28.550 anos atrás, dezenas de milhares de anos após a extinção dos neandertais.
LEIA MAIS
“NAMORO” ENTRE SAPIENS E NEANDERTAIS OCORREU EM ZAGROS, IRÃ
NEANDERTAIS: GRUPOS ISOLADOS CONTRIBUIU PARA A EXTINÇÃO
Um sepultamento com um esqueleto de coelho em cima chamou a atenção
O esqueleto ocre da criança de aproximadamente 4 ou 5 anos — especialistas acreditam que o corpo foi envolto em uma pele de animal pintada para ser sepultado no abrigo rochoso do Lagar Velho.

quando encontrado, “exibia um mosaico de características neandertais e humanas anatomicamente modernas, o que se acredita refletir uma mistura entre as duas populações humanas”, escreveram os autores.
Observações iniciais mostraram marcadores distintos, como um queixo proeminente semelhante ao humano, mas pernas curtas e robustas, semelhantes às de um neandertal.
As novas datas, que variam de 25.830 a 26.600 a.C., mudam o que os arqueólogos pensavam inicialmente sobre os rituais de sepultamento da “criança de Lapedo” no que hoje é Portugal.
Os detalhes do sepultamento indicam ser bastente sofisticado, junto com um coelho em cima, e coberto com peles tingidas de ocre.
“A morte da criança pode ter desencadeado uma declaração do local como tabu ou inadequado para atividades de caça comuns, levando as pessoas a evitá-lo até que o evento desaparecesse da memória social”, disse João Zilhão, arqueólogo da Universidade de Barcelona

LEIA MAIS
O SOFISTICADO SEPULTAMENTO ORNAMENTADO, HÁ 28 MIL ANOS, EM SUNGIR, RÚSSIA
PLANALTO PERSA FOI CENTRO PARA HOMO SAPIENS APÓS DISPERSÃO, HÁ 70 MIL ANOS
O ritual de sepultamento envolvia ossos de coelho e pele tinginda de ocre
Três aspectos levaram faziam parte do ritual de sepultamento da criança de Lapedo:
Um coelho jovem cujos ossos foram encontrados em cima da criança, ossos de veado vermelho descobertos perto do ombro da criança e carvão sob as pernas da criança, que se supôs ter sido uma fogueira ritual.

Os pesquisadores descobriram, no entanto, que apenas os ossos de coelho eram contemporâneos da criança de Lapedo, enquanto os ossos de carvão e de veado eram muito mais antigos, sugerindo que já estavam presentes no local quando a criança foi enterrada.
Como resultado da nova técnica de datação, os pesquisadores levantaram a hipótese de que o coelho foi colocado sobre o corpo amortalhado da criança de Lapedo como uma oferenda antes que o túmulo fosse preenchido, há cerca de 28.000 anos.
O local ficou então abandonado por pelo menos dois milênios.
“Embora não tenhamos nenhuma evidência genética do Lagar Velho, fornecer confirmação adicional sobre a idade do local nos permite entender melhor, com base na morfologia, como o processo de substituição dos neandertais pelo Homo sapiens pode ter ocorrido”, disse Adam Van Arsdale, paleoantropólogo do Wellesley College que não estava envolvido no estudo.
Os pesquisadores estão descobrindo a quantidade exata de sobreposição temporal entre os dois grupos e se características específicas compartilhadas por um grupo para o outro foram vantajosas, especialmente considerando que os neandertais foram extintos há cerca de 40.000 anos, mas os humanos modernos persistiram.
LEIA MAIS
SAPIENS HERDOU COGNIÇÃO DE ANCESTRAL EXTINTO HÁ 300 MIL ANOS
REVELADOS UMA MULHER, UM HOMEM E A FAMÍLIA NEANDERTAL
O novo metodo de datação radiocarbono específico de compostos (CSRA)

Usando um novo método chamado análise de radiocarbono específico de compostos (CSRA), os pesquisadores determinaram que a criança de Lapedo viveu milhares de anos antes do que se pensava inicialmente.
O primeiro autor do estudo, Bethan Linscott, geoquímico da Universidade de Miami, afirma que embora o método CSRA já exista há algum tempo, ele só foi usado recentemente para reclassificar sítios neandertais onde o carbono moderno contaminou as amostras antigas.
“O principal benefício da datação por radiocarbono específica para compostos é que ela é extremamente eficiente na remoção de contaminação de ossos arqueológicos”, disse Linscott.
“Isso é especialmente importante quando se trata de ossos mal preservados, pois mesmo traços de contaminação presentes nessas amostras podem afetar seriamente a precisão da data.”
Política de Uso
É Livre a reprodução de matérias mediante a citação do título do texto com link apontando para este texto. Crédito do site Nature & Space
CRIANÇA HIBRIDA NEANDERTAL-SÁPIENS VIVEU HÁ 28 MIL MIL ANOS
Bibliografia
Sience Advance
Live Science