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Breve contato com o herbicida causou prejuízos neurológicos duradouros em ratos de laboratório, dizem pesquisadores. Pesticida é um dos mais usados na agricultura e também um dos mais controversos.

Estudo mostra como glifosato pode causar inflamação cerebral ligada a doenças neurodegenerativas. Foto DW

Um estudo publicado na quarta-feira (04/12) pela revista científica Neuroinflammation mostra “pela primeira vez” que até mesmo um breve contato com o herbicida glifosato, um dos agrotóxicos mais usados no mundo todo, pode causar danos duradouros ao cérebro.

O que os cientistas identificaram foi uma associação entre a exposição dos ratos ao pesticida e os sintomas de neuroinflamação, assim como uma piora da patologia semelhante à doença de Alzheimer, morte prematura e comportamentos semelhantes à ansiedade.

A análise da presença do glifosato e do impacto dos derivados da substância no cérebro muito tempo após o término da exposição revelou “vários efeitos persistentes e prejudiciais à saúde do cérebro”.

A pesquisa também mostrou que um subproduto do glifosato, o ácido aminometilfosfônico, se acumula no tecido cerebral, levantando sérias questões sobre a segurança do produto químico para os seres humanos.

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Níveis de exposição mais baixos também causaram danos ao cérebro

Os experimentos foram realizados durante 13 semanas, seguidos por um período de recuperação de seis meses, em camundongos normais e transgênicos (com doença de Alzheimer), e os cientistas testaram dois níveis de exposição ao glifosato: uma dose alta, em um nível semelhante ao usado em estudos anteriores, e uma dose mais baixa, próxima ao limite considerado para determinar a dose aceitável para humanos.

Para determinar se o glifosato se infiltra no sistema periférico e no cérebro in vivo, administramos 125, 250, 500 mg / kg / dia de glifosato ou um controle de veículo por 14 dias em duas coortes de 24 camundongos (n = 6 camundongos / grupo de dosagem) via gavagem oral.

A urina foi coletada de camundongos no momento da dose final e quatro horas depois amostras de sangue foram coletadas. Os camundongos foram posteriormente perfundidos e tiveram seus cérebros extraídos para avaliação bioquímica.

O glifosato e seu principal metabólito são detectáveis no tecido cerebral. Camundongos C57BL/6J foram gamassados por via oral por 14 dias, sendo a urina coletada nos últimos 3 dias. O sangue foi coletado no ponto final, 4 h após a última dosagem no dia 14, seguido de perfusão e análise post-mortem. B Os níveis de glifosato detectados no tecido cerebral revelaram uma resposta dose-dependente significativa entre os quatro grupos. C Os níveis de AMPA detectados no tecido cerebral são elevados nas duas doses mais altas. D O nível de glifosato detectado na urina de camundongos é elevado nos grupos de 500 mg / kg em comparação com as doses mais baixas. E Correlação positiva entre os níveis de glifosato e AMPA no cérebro (p < 0,0001). F Correlação positiva entre glifosato cerebral e urinário (p = 0,0182). Os dados em AC são apresentados como boxplots. A linha central representa o valor mediano, os limites representam o percentil 25 e 75 e os bigodes representam o valor mínimo e máximo da distribuição. *p < .05 **p < .01, ***p < .001, ****p < .0001

Essa dose mais baixa também causou efeitos prejudiciais no cérebro dos ratos, mesmo meses após a exposição. “O glifosato causou um aumento persistente nos marcadores inflamatórios no cérebro e no sangue, mesmo após o período de recuperação.”

“Dado o aumento da incidência de deficiência cognitiva na população idosa, especialmente em comunidades rurais onde a exposição ao glifosato é mais comum devido à agricultura em larga escala, há uma necessidade urgente de mais pesquisas básicas sobre os efeitos desse herbicida”, acrescenta.

Mesmo sabendo das pesquisas e Riscos as Agências Reguladoras seguem liberando o uso do herbicida nos EUA, na UE e no Brasil

A Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) considera a exposição a determinados níveis de glifosato segura para os seres humanos, afirmando que o corpo humano absorve minimamente o produto químico e o excreta predominantemente sem alterações.

Segundo estudo, efeitos nocivos no cérebro permanecem meses após exposição ao pesticida. DW

Há um ano, com base em um relatório da Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA), a Comissão Europeia decidiu renovar a aprovação do uso do herbicida glifosato na União Europeia (UE) por 10 anos (até 2033), embora com novas condições e restrições, como a proibição do uso antes da colheita.

A EFSA não identificou nenhuma área crítica de preocupação e também concluiu que não há evidências de que o herbicida mais amplamente utilizado seja carcinogênico.

Pesquisas cientificas indicam que o Glifosato é cancerígeno

No entanto, de acordo com o comunicado à imprensa da Universidade Estadual do Arizona, a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer da Organização Mundial da Saúde classifica o glifosato como “possivelmente cancerígeno para humanos”.

Os trabalhadores agrícolas são mais expostos ao glifosato por inalação ou contato com a pele, mas devido ao seu uso generalizado, o produto químico é encontrado em toda a cadeia alimentar.

Política de Uso 

A reprodução de matérias é livre mediante a citação do título do texto com link apontando para este texto. Crédito do site Nature & Space 

ESTUDO VINCULA GLIFOSATO A DANO CEREBRAL PERMANENTE, AGROTÓXICOS MUITO USADO

Fonte

Revista científica Neuroinflammation

Glyphosate infiltrates the brain and increases pro-inflammatory cytokine TNFα: implications for neurodegenerative disorders

DW

Estudo vincula glifosato a dano cerebral permanente

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