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Atualizado 28 de julho de 2025 por Sergio A. Loiola

Cientistas demonstraram como a tecnologia das redes quânticas pode ser usada para estudar como o espaço-tempo curvo, previsto pela relatividade, afeta a teoria quântica.

A Pesquisa foi Publicada nos periódicos científicos Physical Review Research e PRX Quantum.

Covey e seus colegas mostram que a teoria quântica no espaço-tempo curvo poderia ser investigada usando um relógio atômico deslocalizado entre três sistemas atômicos amplamente separados. iMAGEM: JP Covey e outros

A Física parece viver em dois mundos, dois Universos, sem comunicação. O mundo Relativísticos e o Mundo Quântico.

A nova pesquisa propõe testar se há interação entre esses dois mundos distantes, e ao mesmo tempo próximos, usando as propriedades das redes quanticas.

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O problema e a alternativa: Redes quânticas podem verificar a interação entre dois mundos

A teoria quântica tem sido notavelmente bem-sucedida desde seu início há 100 anos.

E, no entanto, há uma gritante incompatibilidade entre a natureza discreta e quântica da matéria e a natureza aparentemente contínua e clássica do espaço-tempo, no qual a matéria reside e interage.

Comparação da interferometria de tempo próprio com (a) ondas de matéria e (b) relógios emaranhados. A interação entre a teoria quântica e a relatividade geral pode ser estudada experimentalmente com um único relógio em superposição, se as trajetórias experimentarem diferentes tempos próprios induzidos pelo campo gravitacional com 𝜏1<𝜏2O emaranhamento resultante entre estados de relógio e graus de liberdade espacial resulta em uma modulação da visibilidade interferométrica. Aqui, mostramos como essa interferência temporal adequada pode ser realizada com relógios emaranhados combinados com medições não locais possibilitadas pela distribuição de emaranhamento mediada por fotônicos. Fonte: do artigo. https://journals.aps.org/prresearch/abstract/10.1103/PhysRevResearch.7.023192

Essa disparidade levanta questões profundas:

Conforme os pesquisadores, a dinâmica quântica no espaço-tempo curvo nunca foi diretamente investigada além do limite newtoniano.

Embora possamos descrever tal dinâmica teoricamente, experimentos forneceriam evidências empíricas de que a teoria quântica se mantém mesmo neste limite extremo.

Vídeo: ESPAÇO TEMPO CURVO É SIMULADO JUNTO COM MECÂNICA QUÂNTICA

O desafio prático é a diferença mínima na curvatura do espaço-tempo ao longo da escala de comprimento da extensão típica dos efeitos quânticos. 

É nesse sentido que o protocolo dos pesquisadores combina diversos avanços recentes com átomos neutros e íons aprisionados para concretizar uma nova sonda quântica da gravidade, possibilitada exclusivamente por redes quânticas.

A Proposta do teste experimental

Diante do problema, os pesquisadores propõe uma rede quântica de processadores atômicos alcalino-terrosos (semelhantes aos alcalino-terrosos) para construir um estado quântico distribuído que seja sensível ao tempo próprio diferencial entre seus nós de processadores atômicos constituintes, implementando um observável quântico que é afetado pelo espaço-tempo curvo pós-newtoniano.

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Redes quânticas como laboratórios de física

As redes quânticas estão se desenvolvendo rapidamente em todo o mundo, com testes práticos em várias cidades.

Trata-se de uma tecnologia fundamental para viabilizar uma internet quântica global: A capacidade de implementar comunicações seguras em larga escala e, claro, conectar computadores quânticos globalmente.

Já está pronto o primeiro sistema operacional para redes quânticas. [Imagem: C. Delle Donne et al. – 10.1038/s41586-025-08704-w]

A surpresa é que os cientistas começaram a se dar conta de que as redes quânticas são mais versáteis do que se pensava.

É o que acabam de demonstrar Johannes Borregaard (Instituto de Tecnologia Stevens), Jacob Covey (Universidade de Illinois) e Igor Pikovski (Universidade de Harvard).

O trio demonstrou como a tecnologia das redes quânticas pode ser usada para estudar como o espaço-tempo curvo, previsto pela relatividade, afeta a teoria quântica.

Ilustração de uma rede quântica de relógios distantes. Os relógios entrelaçados poderão testar como a teoria quântica se comporta na presença do espaço-tempo curvo, conforme previsto por Einstein – ou se nossas teorias atuais se quebram. [Imagem: Igor Pikovski]

Ambas as teorias – relatividade e mecânica quântica – têm passado por todos os testes observacionais a que foram submetidas, mas ainda há muitas perguntas sem respostas.

Por exemplo, veja o caso da desaceleração do tempo perto de corpos de grande massa, como planetas e estrelas, prevista pela relatividade:

Vídeo: Além do Cosmos completo: Multiverso, Espaço, Tempo e Mecânica Quântica

Embora ainda não exista uma teoria completa da gravidade quântica, há indícios de que os princípios quânticos podem mudar na presença de um espaço-tempo curvo.

No entanto, explorar essa fronteira tem estado além da capacidade dos experimentos. E é aí que entram as redes quânticas.

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Usando qubits para testar relatividade e quântica

Em uma primeira aproximação, Borregaard e Pikovski mostraram que duas características únicas, mas distintas, da teoria quântica e da gravidade entram em jogo simultaneamente nas redes quânticas.

Implementação de um teste assistido por emaranhamento do tempo próprio da relatividade geral em uma rede quântica. As transições  |𝑎⟩↔|⁢𝑒⟩e |𝑎⟩↔|⁢𝑏⟩pode ser conduzido por campos de controle clássicos denotados por Ômega1e Ômega2, respectivamente. Emissão do |𝑒⟩→|⁢𝑔⟩a transição é coletada com acoplamento 𝑔𝑐ao modo coletado representado como um modo de cavidade óptica. Observe, no entanto, que a luz também pode ser coletada no espaço livre. A luz coletada dos dois emissores é interferida em um divisor de feixe balanceado e em uma fase relativa variável. 𝛿pode ser aplicado. Fonte: do artigo:https://journals.aps.org/prresearch/abstract/10.1103/PhysRevResearch.7.023192

A computação quântica explora esse fato para fazer os qubits, que são superposições de 0 e 1, chamados de “estados gato”, por causa do famoso gato de Schrodinger.

As redes quânticas permitem algo além dos qubits locais, podendo espalhar esses qubits por grandes distâncias. Mas, nas proximidades da Terra, esses qubits também serão afetados pela curvatura do espaço-tempo porque o próprio fluxo do tempo muda.

Os pesquisadores mostraram que superposições de relógios atômicos em redes quânticas captariam diferentes fluxos de tempo na superposição, e que isso abre uma porta para investigar como a teoria quântica e o espaço-tempo curvo se entrelaçam – ou se há uma fronteira entre o reino clássico e o reino quântico.

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Agora a equipe foi além, e desenvolveu um protocolo concreto para fazer esse experimento.

Sondando o espaço-tempo curvo com relógios emaranhados. (a) Três sistemas de relógios atômicos em locais que experimentam diferentes gravidades locais compartilham uma  Cestado. (b) Os superátomos de Greenberger-Horne-Zeilinger (GHZ) podem aumentar a largura de banda amplificando a diferença de tempo próprio relativístico geral Δτe não linearidade δΔ τentre diferentes elevações, mas não são necessárias de outra forma. (c) A abordagem experimental. Relógios de processador atômico em cavidades ópticas que incluem o superátomo GHZ (pontos roxos) e pares auxiliares de Bell de átomo único para operações não locais (pontos verdes). Figura do artigo: https://journals.aps.org/prxquantum/abstract/10.1103/q188-b1cr

O trio demonstrou como os efeitos quânticos podem ser distribuídos entre os nós da rede usando os chamados estados W entrelaçados (um entrelaçamento entre três ou mais qubits) e como a interferência entre esses sistemas entrelaçados é registrada.

Tirando proveito dos recursos quânticos mais modernos, como o teletransporte quântico (transferência do estado quântico de uma partícula para outra partícula) e pares de Bell entrelaçados (estados maximamente entrelaçados de dois qubits) em matrizes de átomos, torna-se possível fazer um teste da teoria quântica em um espaço-tempo curvo.

Isso demonstra que as redes quânticas não são apenas uma ferramenta prática para uma futura internet quântica, mas também fornecem oportunidades únicas para o estudo da física fundamental que não podem ser alcançadas com a detecção clássica.

E isso deverá impulsionar ainda mais seu desenvolvimento – muitos especialistas já acreditam que a internet quântica será uma realidade antes mesmo que tenhamos computadores quânticos rodando em larga escala.

Política de Uso 

É Livre a reprodução de matérias mediante a citação do título do texto com link apontando para este texto. Crédito do site Nature & Space   

INTERNET QUÂNTICA TESTARÁ ESPAÇO-TEMPO E MECÂNICA QUÂNTICA

Bibliografia

Artigo: Testing quantum theory on curved spacetime with quantum networks
Autores: Johannes Borregaard, Igor Pikovski
Revista: Physical Review Research
Vol.: 7, 023192
DOI: 10.1103/PhysRevResearch.7.023192

Artigo: Quantum Internet Meets Space-Time in This New Ingenious Idea
Autores: Johannes Borregaard, Jacob Covey, Igor Pikovski
Revista: PRX Quantum
Vol.: 6, 030310
DOI: 10.1103/q188-b1cr

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