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Atualizado 30 de dezembro de 2025 por Sergio A. Loiola

Cientistas da USP desenvolveram bateria de nióbio estável, alcançando uma nova fronteira mundial para o desenvolvimento novos materiais estratégicos, com aplicação direta em energias renováveis.

Durante décadas, o nióbio foi visto como um paradoxo na ciência de materiais. Embora seja um metal estratégico, abundante no Brasil e amplamente utilizado em ligas de alto desempenho, ninguém no mundo havia conseguido transformá-lo em uma bateria funcional, estável e recarregável. 

Nióbio depois de ser processado – Foto: Cecília Bastos/ USP Imagens. Adaptação: IA Copilot, Microsoft

Veremos a seguir como os pesquisadores superam as limitações do nióbio e alcançaram um feito sem igual no mundo na area de baterias. Em texto imagens e vídeos.

Como o uso de nióbio em baterias com tecnologia nacional pode ajudar o Brasil a se tornar um centro de tecnologias para energias renováveis? Deixe seu comentário no final!

Vídeo 1: Veja como o nióbio revoluciona as baterias!

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Vídeo 2: Tecnologia BRASILEIRA de Bateria de Nióbio pode popularizar as baterias

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A inspiração veio da Biomimética de sistemas biológicos que controlam reações químicas delicadas, como em enzimas e metaloproteínas

O obstáculo para o uso do nióbio não estava na engenharia, mas na química extremamente complexa dos componentes ativos à base de nióbio, que se degradam rapidamente em contato com água e oxigênio.

O nióbio, metal abundante no Brasil e amplamente utilizado em ligas metálicas de alto desempenho.

Esse impasse histórico começou a ser superado por uma pesquisa desenvolvida na Universidade de São Paulo, que resultou não apenas em um novo dispositivo tecnológico, mas em uma descoberta científica sobre como controlar a química do nióbio em baterias, protegida por depósito de patente junto à USP.

A história da descoberta começou há cerca de dez anos, quando o professor Frank Crespilho, do Instituto de Química de São Carlos (IQSC/USP), líder do Grupo de Bioeletroquímica e Interfaces da USP e pesquisador do Instituto Nacional de Eletrônica Orgânica e Sustentabilidade (INCT), sediado no Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), atuava como professor visitante na Harvard University.  

Na época, ele estudava sistemas biomiméticos, inspirados em processos biológicos capazes de controlar reações químicas extremamente delicadas, como ocorre em enzimas e metaloproteínas.

Prof. Frank Crespilho (IQSC/USP)

Do ponto de vista químico, o nióbio é um elemento com uma estrutura eletrônica singular, capaz de acessar múltiplos estados de oxidação próximos em energia.

Cada um desses estados representa um nível eletrônico distinto, potencialmente utilizável para armazenamento de carga. Essa característica torna o nióbio extremamente promissor para aplicações eletroquímicas avançadas.

No entanto, essa mesma riqueza eletrônica sempre impôs um desafio fundamental:

Em ambientes eletroquímicos convencionais, especialmente na presença de água e oxigênio, o nióbio sofre com reações químicas parasitas rápidas, levando à formação de espécies inativas e à perda irreversível da atividade redox.

A descoberta associada à arquitetura N-MER (Niobium Multi-stage Electronic Redox), viabilizada pelo meio redox ativo NB-RAM (Niobium Redox Active Medium), nasce da transposição de um princípio já conhecido na biologia — o controle fino do ambiente químico para estabilizar metais altamente reativos — para um sistema artificial de armazenamento de energia.

A pergunta que fizemos foi simples e ousada: será que daria para copiar esse princípio e aplicar em uma bateria de nióbio? 

O nióbio é como um interruptor com muitos níveis, não apenas ligado e desligado. Cada nível guarda uma quantidade diferente de energia. Fora de um ambiente controlado, esse interruptor enferruja e quebra.

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Dois anos de otimização até a alcançar a estabilidade do nióbio

Grande parte do avanço da bateria de nióbio é resultado de um trabalho extenso de otimização conduzido pela doutoranda Luana Italiano, que dedicou dois anos ao refinamento do sistema até alcançar estabilidade e reprodutibilidade.

O processo envolveu dezenas de versões experimentais, com ajustes sucessivos no ambiente químico e nos mecanismos de proteção do material ativo.

Nióbio depois de ser processado – Foto: Cecília Bastos/ USP Imagens

Segundo Luana, o principal desafio foi encontrar o equilíbrio entre proteger o sistema e manter seu desempenho elétrico.

O nióbio, metal abundante no Brasil e amplamente utilizado em ligas metálicas de alto desempenho.

Esse refinamento foi essencial para permitir que o nióbio operasse de forma reversível, alternando entre diferentes estados eletrônicos sem perda significativa de desempenho.

Como resultado, o sistema passou a funcionar de forma estável não apenas em condições de laboratório, mas também em arquiteturas próximas das utilizadas pela indústria.

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Atingir 3 volts é um marco estratégico: 3 volts estáveis significa validação tecnológica para testar aplicação

Após o desenvolvimento do protótipo funcional, a tecnologia teve sua patente depositada pela USP e avançou para níveis intermediários de maturidade tecnológica (TRL-4).

Essa etapa comprova que a bateria funciona não apenas em condições ideais de laboratório, mas também em ambientes e arquiteturas próximas da realidade industrial. Atingir 3 volts é um marco estratégico.

Os professores da EEL Rosa Ana Conte, Antonio Fernando Sartori e Sebastião Ribeiro com as barras de nióbio metálico produzidas durante o Projeto Nióbio, do qual eles participaram nos anos 1970 a 1990 – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Essa é a faixa de tensão da maioria das baterias comerciais atuais, o que significa que a bateria baseada na arquitetura N-MER compete diretamente com tecnologias existentes.

Para validar essa compatibilidade, a bateria foi testada em formatos industriais padrão, como células tipo coin (moeda) e pouch (laminadas flexíveis), em parceria com o pesquisador Hudson Zanin, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Nesses sistemas, a bateria foi carregada e descarregada diversas vezes, demonstrando a prova de conceito em ambientes controlados.

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A Tecnologia é estratégica para o Brasil, e o mundo, pois as reservas de nióbio são abundantes no país

O avanço científico e tecnológico despertou o interesse de grupos internacionais, incluindo empresas chinesas do setor de baterias, que já entraram em contato para conhecer a tecnologia desenvolvida na USP.

O forno de feixe de elétrons produzido na Alemanha para o Projeto Nióbio ainda está instalado no campus II da USP, em Lorena – Foto: Cecília Bastos – USP Imagens

Apesar desse interesse externo, Crespilho defende que o desenvolvimento completo da bateria deve permanecer no Brasil, sob liderança do Estado de São Paulo.

Para avançar e viabilizar a fase 3 do desenvolvimento é necessário empenho institucional para a criação de um centro multimodal de pesquisa e inovação, envolvendo governos estadual e federal, universidades e startups de base tecnológica.

Crespilho finaliza, afirmando que

Bibliografia

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP – Instituto de Física de São Carlos 

USP deposita patente da primeira bateria de Nióbio alcançando uma nova fronteira estratégica para o Brasil

Jornal da USP

Sem eles, o processamento do nióbio metálico no Brasil não seria possível

 Política de Uso 

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Patente de Bateria de Nióbio da USP é Vanguarda Estratégica em Energia Renovável

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