Resultados surpreendentes de três pesquisas recentes indicam que a diabete 1 e 2 podem ser curadas ou revertidas. Recentemente, cientistas da Universidade de Pequim afirmaram ter desenvolvido uma terapia com células-tronco que resultou na cura da diabete tipo 1 em uma jovem de 25 anos.
Em Xangai, outra equipe divulgou uma conquista no tratamento experimental da diabete tipo 2, em um homem de 59 anos, usando transplante de células pancreáticas.
Em um terceiro resultado promissor, nos EUA pesquisadores da Weill Cornell Medicine, nos Estados Unidos, tiveram sucesso ao transplantar ilhotas junto com células formadoras de vasos sanguíneos modificadas. Esta técnica foi capaz de reverter o quadro de diabetes em testes feitos em camundongos.
Apesar dos resultados surpreendentes, as pesquisas seguem para confirmar a eficácia dos métodos. Contudo uma luz está agora acesa no túnel para milhões de pessoas que sofrem com essa doença.
A professora Maria Elizabeth Rossi, endocrinologista e chefe do Laboratório de Investigação Médica da USP, comenta o assunto. Segundo ela, é cedo para falar em “cura”. “São procedimentos recentes, de um a dois anos de duração, com bons resultados, mas não podemos ainda afirmar que a diabete foi curada. Podemos falar em controle da glicemia, já que o tempo de observação é muito curto”, explica a especialista.
São procedimentos recentes, de um a dois anos de duração, com bons resultados, mas não se pode ainda afirmar que a diabete foi curada – Foto: Marcos Santos/USP Imagens
O diabete tipo 1 e 2 e as pesquisas
Diabete tipo 1 é uma doença autoimune, na qual o sistema imunológico destrói as células beta, responsáveis pela produção de insulina. Já no tipo 2, a doença está relacionada ao envelhecimento e ao estilo de vida, e o corpo ainda produz insulina, mas ela não funciona de forma eficaz. A professora destaca que esses tratamentos experimentais são diferentes e voltados para públicos específicos.
O número de adultos vivendo com diabetes no mundo ultrapassou a marca 800 milhões no final do ano passado. Isso representa um aumento de quatro vezes desde 1990. A doença crônica se caracteriza por níveis elevados de açúcar no sangue e é considerada incurável.
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As duas pesquisas promissoras na China
No caso do tratamento para diabete tipo 1, realizado em Pequim, as células-tronco foram extraídas do tecido adiposo da paciente, tratadas quimicamente e reintroduzidas em seu corpo, onde foram capazes de produzir insulina.
“Durante um ano, essa produção foi suficiente para que a paciente não precisasse de injeções de insulina, o que é um grande avanço. No entanto, falar em cura ainda é precoce”, ressalta a professora.
Na segunda pesquisa na China, acerca do diabete tipo 2, a terapia aplicada em Xangai envolveu o transplante de células pancreáticas. Embora a doença seja menos agressiva, no caso desse paciente os tratamentos convencionais não estavam surtindo efeito, o que o aproximou do quadro de diabete tipo 1, necessitando de insulina constante.
“Diabete tipo 2 afeta muito mais pessoas e, inicialmente, pode ser tratado com medicamentos que aumentam a produção ou melhoram a eficácia da insulina”, explica a médica.
A terceira pesquisa no EUA conseguiu reverter o diabete 1
Pesquisadores da Weill Cornell Medicine, nos EUA, conseguiram reverter um caso de diabetes tipo 1 através de uma técnica que combina o transplante de células produtoras de insulina com células formadoras de vasos sanguíneos modificados.
Objetivo é restaurar a capacidade do corpo produzir insulina. Os cientistas explicam que as ilhotas pancreáticas são o único tecido humano que produz insulina em resposta ao aumento dos níveis de glicose no sangue. No diabetes tipo 1, o sistema imunológico ataca e destrói lentamente estes grupos de células, o que causa à deficiência.
Essa pesquisa obteve sucesso ao transplantar ilhotas junto com células formadoras de vasos sanguíneos modificadas. Esta técnica foi capaz de reverter o quadro de diabetes em testes feitos em camundongos.
A pesquisa mostrou as Ilhotas humanas incorporadas na rede capilar são funcionais Fonte: autores do artigo
O objetivo da equipe era desenvolver uma técnica menos invasiva que permitisse que as ilhotas fossem implantadas em um local mais acessível, sob a pele, e que permitisse a sobrevivência delas. Para isso, eles projetaram células endoteliais humanas genéricas, que revestem o interior dos vasos sanguíneos.
O trabalho mostrou que é possível criar uma rede de vasos capazes de transportar o sangue a partir destas células modificadas. Além disso, as ilhotas se incorporaram à rede vascular recém-formada, o que significa que o organismo voltou a ser capaz de produzir insulina.
Os cientistas agora querem avançar nos estudos para comprovar que a técnica seja segura e eficaz em humanos. A esperança é que a nova abordagem possa significar a cura da diabetes.
Impactos das novas pesquisas e a saúde pública
Maria Elizabeth destacou que esses novos tratamentos não são soluções amplamente acessíveis. “São procedimentos caros, que requerem uma equipe altamente especializada. Não é algo que possa ser aplicado de forma populacional. No Brasil, cerca de 10% da população é afetada por diabete, e não temos condições de oferecer um tratamento tão individualizado”, comentou.
Além do custo elevado, a especialista alerta para complicações que podem surgir com esses tratamentos experimentais, como infecções ou rejeição dos tecidos transplantados. “No caso de diabete tipo 1 é necessário o uso de imunossupressores, o que pode causar efeitos colaterais graves”, ela aponta.
Um ponto de preocupação mencionado pela professora é o uso de células pluripotentes, que têm a capacidade de se transformar em diferentes tipos de tecido. “Há o risco de que essas células se transformem em tumores. Embora os pesquisadores tenham realizado muitos testes em animais, ainda é cedo para garantir total segurança”, afirma ela.
Mesmo com todos esses desafios, a especialista reconhece que esses estudos representam passos importantes para a ciência.
“Estamos vendo novas abordagens para o tratamento de uma doença que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo. É um avanço significativo, mas precisamos de mais tempo e pesquisas para entender as implicações a longo prazo”, disse.
Prevenir e desenvolver um modo de vida mais saudável
O mais importante é a prevenção, especialmente no caso de diabete tipo 2.
“Embora os avanços sejam promissores, o ideal é evitar que a doença se desenvolva. Mudanças no estilo de vida, como alimentação saudável e prática de exercícios físicos, são fundamentais para prevenir diabete”, conclui a professora médica Maria Elizabeth.
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Embora os avanços científicos sejam empolgantes, ainda há muitas barreiras a serem superadas antes que esses tratamentos possam ser amplamente adotados. “O caminho é promissor, mas ainda temos muito a aprender”
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