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Atualizado 12 de maio de 2025 por Sergio A. Loiola

Dois proeminentes físicos previram em 1959 que objetos movendo-se em velocidades próximas à da luz deveriam parecer rotacionados para um observador.

E este fenômeno, conhecido como efeito Terrel-Penrose, acaba de ser demonstrado experimentalmente por Dominik Hornof e colegas das universidades de Viena e Técnica de Viena, na Áustria.

A pesquisa foi publicada de Revista Communications Physics

O efeito Terrel-Penrose foi previsto por Nelson James Terrell [1923-2009] e Roger Penrose [1931-], este último ganhador do Nobel de Física em 2020 por sua teoria sobre buracos negros.

Resultados experimentais. a Imagem de calibração do cuboide em repouso. A imagem é sobreposta com uma simulação em perspectiva de um cuboide a partir da posição da câmera (linhas brancas).  b Rotação de Terrell de uma esfera deliberadamente contraída de Lorentz movendo-se a 0,999 c .  c Rotação de Terrell de um cubo. Uma simulação (contornos brancos) é sobreposta aos resultados experimentais para orientar a visualização e verificar a descrição teórica. Imagem: TU Wien]

Mas por que demorou tanto a demonstração deste efeito?

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Porque não é um experimento simples de se fazer. Como não temos tecnologia para acelerar um objeto até próximo da velocidade da luz, foi necessário criar um aparato capaz de reduzir drasticamente a velocidade da luz.

Na verdade há outros problemas, que dificultam até mesmo demonstrar a contração do comprimento de um objeto hiperveloz.

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A visualizaçao do efeito significa tornar a Relatividade visível

Para superar as dificuldades de captura da imagem do objeto hiperveloz, a equipe usou um sistema de câmeras de precisão e pulsos de laser para retardar a velocidade da luz até impressionantes 2 metros por segundo,

 Configuração experimental. a Um feixe de laser pulsado é focado através de uma lente para iluminar todo o objeto. A câmera com gate é acionada para capturar a luz espalhada de volta do objeto com um certo atraso em relação ao disparo do laser.  b O modelo ligeiramente inclinado da esfera contraída de Lorentz visto da câmera (azul) para  v = 0,999  c é quase comprimido para um objeto 2D. O polo norte aponta para a câmera. Próximo à câmera, os pulsos de laser ps são guiados por meio de espelhos para uma lente a fim de se expandir por todo o campo de visão. O encarte mostra o modelo da esfera de uma perspectiva diferente.  c O cubo contraído de Lorentz com um comprimento de lado de 1 × 1 × 0,6 m. [Imagem: Dominik Hornof et al. – 10.1038/s42005-025-02003-6]

Sim, é possível até mesmo parar a luz, mas ainda não conseguimos fazer um objeto viajar nem perto da velocidade da luz.

Simulação do cubo de 1 m de lado movendo-se a 0,8 c. um observador a uma distância de 100 m (iluminação quase paralela).  b observador a uma distância de 5 m. As bordas verticais distorcidas são hipérboles. Figura do artigo

É fácil combinar imagens de diferentes partes de uma paisagem em uma única imagem maior. Mas a novidade aqui é que, pela primeira vez, foi incluído o fator tempo:

O objeto foi fotografado em vários momentos diferentes.

Instantâneo do movimento relativístico. a Vista superior de uma esfera contraída de Lorentz movendo-se com velocidade 
v = 0,7  c da esquerda para a direita. Para que os fótons de A e B cheguem à câmera ao mesmo tempo, o fóton A deve ser emitido Δ  t depois, quando o fóton B passa por A (linha cinza ondulada). Durante esse tempo, o ponto A se moveu para a posição A’. Por simetria, um fóton do ponto C deve ser emitido Δ  t antes do fóton B.  b Em uma fotografia instantânea, a esfera contraída parece alongada. Figura do artigo

Em seguida, as áreas iluminadas pelo flash do laser no momento em que a luz teria sido emitida daquele ponto se a velocidade da luz fosse de apenas 2 m/s são combinadas em uma única imagem estática.

E isso tornou o efeito Terrell-Penrose visível: O cubo parece estar girando, surgindo na foto como se fosse uma esfera.

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Foi necessario usar a imaginação, unir Ciência e arte para visualizar o efeito

Aparato experimental. [Imagem: Dominik Hornof et al. – 10.1038/s42005-025-02003-6]

O efeito Terrel-Penrose não é relevante na vida cotidiana:

Mesmo o carro de corrida mais rápido percorrerá apenas uma pequena fração da distância no tempo que leva para que os fótons emitidos pela sua frente e pela sua traseira cheguem até nós.

Mas, com um foguete viajando próximo à velocidade da luz, esse efeito seria claramente visível.

Curiosamente, esta demonstração do efeito Terrell-Penrose foi o resultado de uma simbiose entre arte e ciência.

Política de Uso 

É Livre a reprodução de matérias mediante a citação do título do texto com link apontando para este texto. Crédito do site Nature & Space  

​PROVADO: OBJETOS NA VELOCIDADE DA LUZ PARECEM DEFORMADOS

Bibliografia

Artigo: A snapshot of relativistic motion: visualizing the Terrell-Penrose effect
Autores: Dominik Hornof, Victoria Helm, Enar de Dios Rodriguez, Thomas Juffmann, Philipp Haslinger, Peter Schattschneider
Revista: Communications Physics
Vol.: 8, Article number: 161
DOI: 10.1038/s42005-025-02003-6

Inovação Tecnologica

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