Atualizado 4 de agosto de 2025 por Sergio A. Loiola
Cientistas afirmam que raios cósmicos, podem estar sustentando a vida abaixo da superfície de Marte, Luas do Sistema Solar, e outros lugares, como planetas de outros sistemas estelares.
A pesquisa foi publicada na Cambridge University Press, no International Journal of Astrobiology.

Dimitra Atri, EMM/EXI/NYUAD/CASS
Os pesquisas sugerem que, embora os raios cósmicos sejam uma ameaça aos humanos no espaço, em certas condições podem fornecer energia suficiente a longo prazo para manter a vida abaixo da superfície de Marte e em outros lugares do Sistema Solar.
Assim, a vida poderia sobreviver usando partículas de alta energia do espaço. A pesquisa desafia suposições antigas sobre onde a vida pode existir no sistema solar.
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No espaço, não há como escapar da radiação de alta energia, os raios cósmicos. Eles viajam constantemente pelo universo, vindos de todos os lugares. Alguns vêm do Sol, enquanto outros são emitidos por buracos negros e estrelas em explosão de galáxias distantes.

As partículas dos raios cósmicos — compostas principalmente de hidrogênio — atingem planetas e luas do nosso Sistema Solar. Felizmente, como a Terra possui um campo magnético e uma atmosfera protetores, ela é capaz de repelir a maioria dos raios cósmicos.
As pessoas geralmente estão protegidas da radiação cósmica na superfície da Terra, mas os verdadeiros perigos se manifestam além da atmosfera superior.
Assim que os astronautas alcançam a órbita baixa da Terra, a radiação pode causar problemas no sistema nervoso central e aumentar o risco de desenvolver câncer ao longo da vida.
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Ao contrário da Terra, Marte não possui um campo magnético global e possui uma atmosfera muito rarefeita, o que faz com que sua superfície seja inundada por partículas que podem penetrar no subsolo.
Considerando os perigos que os raios cósmicos representam para os humanos, eles continuam sendo uma grande preocupação para futuras missões tripuladas ao Planeta Vermelho.
Mas existem outras contribuições para a vida que os Raios cósmicos podem dar. É o que foi revelado por essa nova pesquisa.
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O potencial dos raios cósmicos para manter a vida
A pesquisa mostra que os raios cósmicos podem não apenas ser inofensivos em certos ambientes, mas também podem, na verdade, ajudar a vida microscópica a sobreviver.

Essas descobertas desafiam a visão tradicional de que a vida só pode existir perto da luz solar ou do calor vulcânico.
Publicado no International Journal of Astrobiology, o estudo é liderado pela pesquisadora principal do Laboratório de Exploração Espacial do Centro de Astrofísica e Ciências Espaciais (CASS) da NYUAD, Dimitra Atri .
A equipe se concentrou no que acontece quando os raios cósmicos atingem a água ou o gelo no subsolo. O impacto quebra as moléculas de água e libera pequenas partículas chamadas elétrons.
Algumas bactérias na Terra podem usar esses elétrons para obter energia, semelhante à forma como as plantas usam a luz solar. Esse processo é chamado de radiólise e pode alimentar a vida mesmo em ambientes escuros e frios, sem luz solar.
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A vida pode estar no subsolo de outros planetas e luas, dentro e fora do sistema solar
Usando simulações computacionais, os pesquisadores estudaram quanta energia esse processo poderia produzir em Marte e nas luas geladas de Júpiter e Saturno.

Acredita-se que essas luas, cobertas por espessas camadas de gelo, tenham água escondida sob suas superfícies.
O estudo descobriu que a lua gelada de Saturno, Encélado, tinha o maior potencial para sustentar vida dessa forma, seguida por Marte e, em seguida, pela lua de Júpiter, Europa.
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“Esta descoberta muda a maneira como pensamos sobre onde a vida pode existir”, disse Atri. “Em vez de procurar apenas planetas quentes com luz solar, agora podemos considerar lugares frios e escuros, desde que tenham água abaixo da superfície e sejam expostos aos raios cósmicos. A vida pode sobreviver em mais lugares do que jamais imaginamos.”
O estudo apresenta uma nova ideia chamada Zona Habitável Radiolítica.
Diferentemente da tradicional “Zona Cachinhos Dourados” — a área ao redor de uma estrela onde um planeta poderia ter água líquida em sua superfície —, esta nova zona se concentra em locais onde existe água subterrânea e pode ser energizada pela radiação cósmica.

Como os raios cósmicos são encontrados em todo o espaço, isso pode significar que há muito mais lugares no universo onde a vida poderia existir.
As descobertas fornecem novas orientações para futuras missões espaciais.
Em vez de procurar apenas sinais de vida na superfície, os cientistas também podem explorar ambientes subterrâneos em Marte e nas luas geladas, usando ferramentas capazes de detectar energia química criada pela radiação cósmica.
Esta pesquisa abre novas e interessantes possibilidades na busca por vida fora da Terra e sugere que mesmo os lugares mais escuros e frios do sistema solar podem ter as condições ideais para a sobrevivência da vida.
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É Livre a reprodução de matérias mediante a citação do título do texto com link apontando para este texto. Crédito do site Nature & Space
RAIO CÓSMICO PODE SUSTENTAR VIDA EM MARTE, EUROPA E ENCÉLADO
Bibliografia
Cambridge University Press
International Journal of Astrobiology
Eurekalert