Atualizado 1 de novembro de 2025 por Sergio A. Loiola
Professora da UnB desenvolveu o Rapha, um dispositivo de luz infravermelha associado ao látex da seringueira na fototerapia de feridas dos membros inferiores de pacientes diabéticos.
O dispositivo de LED associado ao curativo de latex acelera a cura para o pé diabético, evitando amputação.
O Aparelho passou por longos testes em terapias de ensaios clínicos, testadas em pacientes do Hospital Regional de Ceilândia.

O Rapha já recebeu o selo de segurança do Inmetro e aguarda o registro da Anvisa, que permitirá sua produção em larga escala, em parcerias com empresas.
Veremos a seguir como funciona o dispositivo inovador de fototerapia para cura de pé diabético, e a bela trajetória de pesquisa. Em Texto, Imagens e Videos.
Qual a importância de um dispositivo barato e acessível para cura de pé Diabético? Deixe seu comentário no final do Texto!
Vídeo 1: Projeto Rapha: Dispositivo para Acelerar Cicatrização com Fototerapia
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A inspiração para desenvolver o Rapha para cura de pé diabético veio da empatia para minimizar a dor
O aparelho, batizado de “Rapha”, é resultado de quase duas décadas de pesquisa conduzidas pelo Grupo de Engenharia Biomédica da UnB, coordenado por Suélia e pelo pesquisador Adson Ferreira da Rocha.

A inspiração da pesquisadora para desenvolver o Rapha veio após ver a dor do pai sofrendo por causa da diabetes, e se transformou em uma descoberta científica capaz de mudar vidas.
“Ver meu pai sofrer com feridas que não cicatrizavam me fez perceber que era possível unir ciência e empatia. Eu queria que outras pessoas não precisassem passar por aquilo”, explicou a criadora Suélia Rodrigues, que também é integrante do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE).
As pesquisas tiveram início em 2008 com a tese de doutorado de Suélia Rodrigues, que investigou propriedades e aplicações possíveis do biomaterial látex.
Em 2013 o assunto foi aprofundado na tese de doutorado da engenheira elétrica Maria do Carmo dos Reis, que pela primeira vez propôs o sistema indutor de neoformação tecidual para pé diabético, testando um circuito emissor de luz de leds aliado à utilização do látex.
O método foi observado em seis pacientes diabéticos com ulceração nos pés, atendidos no Centro do Pé Diabético do Hospital Regional de Taguatinga (HRT), e os resultados obtidos comprovaram melhoria no processo de cicatrização.

A continuidade da pesquisa se deu com o trabalho de conclusão de curso de Yasmin Lobo, em 2015, que aperfeiçoou o sistema eletrônico do equipamento móvel, formulou um protocolo de criação da lâmina de látex para produção em escala comercial e gerenciou um grupo multidisciplinar com 16 alunos de graduação e de mestrado que passaram a colaborar com a iniciativa.
Agora o Rapha já recebeu o selo de segurança do Inmetro e aguarda o registro da Anvisa, que permitirá sua produção em larga escala, em parcerias com empresas.
Em pouco tempo ele chegará aos hospitais e ao Sistema Único de Saúde (SUS), eficiente e acessível aos pacientes.
Vídeo 1: Projeto Rapha: Dispositivo para Acelerar Cicatrização com Fototerapia
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Rapha é um Dispositivo acessível, eficaz, barato e evita internação
A nova possibilidade para tratar o “pé diabético”, complicação frequente em pessoas com diabetes mellitus, tem sido pesquisada na Universidade de Brasília a bastante tempo, sob nome de Projeto Rapha.
o projeto Rapha em hebraico significa curar, e que associa o uso do látex (biomaterial com propriedades cicatrizantes) a um equipamento emissor de luzes de led, cujo princípio de ação é a fototerapia.

A tecnologia utilizada é desenvolvida no Laboratório de Engenharia Biomédica (LaB), localizado na Faculdade UnB Gama, e o projeto é coordenado por Suélia Rodrigues Fleury Rosa, professora de Engenharia Eletrônica da Universidade de Brasília e pós-doutora em Engenharia Biomédica pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT/EUA).
O chamado pé diabético ocorre quando uma área machucada ou infeccionada nos pés desenvolve feridas.
Estudos demonstram que cerca de 20% a 25% dos pacientes diabéticos desenvolverão úlceras de membros inferiores em algum momento da vida.
Quando não tratado adequadamente, o quadro pode evoluir para ulcerações crônicas e até amputações – o que acontece em 14% a 20% dos casos.
Apesar da gravidade desse problema, na literatura não há um método ideal para o tratamento do pé diabético. No Sistema Único de Saúde (SUS), o protocolo padrão adotado envolve o uso de alginato de cálcio ou espuma de prata.
O projeto Rapha, da UnB, inova ao associar o uso de dois recursos que, separadamente, já são conhecidos por suas propriedades benéficas: o biomaterial látex e a fototerapia.

A fototerapia ou terapia por luz é um método com efeitos benéficos como analgésico, anti-inflamatório e cicatrizante.
Atualmente o laser é recomendado para diversos tratamentos, mas nem sempre pode ser adotado por ser uma tecnologia cara. A solução proposta no Rapha é a fototerapia com uso de led.
“Nossa proposta inova ao utilizar a led, reduzindo o custo drasticamente e mantendo o poder de ação próximo ao do laser, o que já é comprovado na literatura.
A lâmina de látex também é de baixo custo em relação aos protocolos que são adotados atualmente no SUS”, afirma a engenheira eletrônica Yasmin Carneiro Lobo Macedo, especialista em Engenharia Clínica pelo Hospital Israelita Albert Einstein e gerente do projeto.
Outro diferencial do projeto é diminuir a ida do paciente ao hospital, já que parte do tratamento ele passa a fazer em casa.
“O Rapha nasceu com o objetivo de desospitalizar o paciente. Verificamos que diabéticos com feridas nos pés precisam ir muitas vezes ao hospital para cuidar da lesão e isso dificulta o tratamento.
Geralmente, esse paciente tem dificuldade para se deslocar e, durante o trajeto, acaba expondo a ferida a ambientes propícios à contaminação, ou não consegue manter a glicemia controlada, o que prejudica ainda mais na cicatrização”, explica Suélia Fleury, que ressalta que o acompanhamento médico nunca pode ser dispensado, porém, passa a ter uma periodicidade reduzida.
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Rapha é portátil e fácil de operar
Para se tratar, o paciente recebe um kit Rapha, composto pelo equipamento móvel emissor de luzes de led, algumas unidades de lâminas de látex e outros itens básicos como soro fisiológico, álcool, gaze e luvas.
De posse disso, o usuário deve fazer o autocuidado em casa diariamente.
O passo inicial é higienizar a lesão com uso de soro fisiológico e gaze. Em seguida, o paciente deve colocar luvas nas mãos para abrir a embalagem da lâmina de látex e aplicá-la sobre a ferida.
Então, o equipamento de led deve ser colocado em cima da lâmina e fixado por meio de uma faixa autoadesiva que o integra. O próximo passo é ligá-lo, clicando no botão On-Off e, então, o próprio dispositivo começa a marcar 35 minutos, tempo necessário e suficiente para o procedimento.
Passado o intervalo, o Rapha automaticamente é desligado, encerrando a emissão de luz e emitindo um alarme sonoro para avisar ao usuário que a sessão chegou ao fim.
Outra facilidade da terapia é que a lâmina de látex, por ser de material biodegradável e ter uma capacidade antibactericida, pode ser descartada em lixo comum.
O tempo de tratamento varia de acordo com o quadro clínico do paciente, mas a estimativa média é de oito semanas, com o procedimento sendo realizado diariamente.
Carlos Emídio dos Santos Araújo, que tem 54 anos e é morador do Rio de Janeiro, participou da primeira fase de testes da pesquisa. Diabético e hipertenso, ele teve que amputar o pé direito devido a uma ferida que se agravou. As complicações também começavam a avançar no pé esquerdo quando ele iniciou o uso do Rapha.
“Eu considero que o aparelho contribuiu bastante para o processo de cura, porque eu já estava tomando antibiótico e fazendo outros tratamentos, mas a cicatrização começou mesmo depois que passei a usar o equipamento”, conta Carlos Araújo.
Ana Barbosa de Paiva, 80 anos, vinha tratando há dois anos, sem muito sucesso, uma lesão no calcanhar direito. Há cerca de três meses, porém, ela começou a participar do grupo de teste com o Rapha no Hospital Regional de Ceilândia.
“Fazemos o tratamento em casa uma vez por dia e achamos bem fácil. Houve uma melhora evidente: a ferida está mais cicatrizada, mas ainda está aberta”, conta Elizabete Barbosa Paiva, filha e cuidadora da dona Ana.
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Perspectivas futuras para o Projeto Rapha
Além do impacto clínico, o equipamento também apresenta vantagens práticas.
Ele é portátil, funciona com bateria recarregável, não depende de energia elétrica constante e é adequado para uso domiciliar.
Esse é um dos maiores diferenciais do projeto, diminuir a ida do paciente ao hospital, pois grande parte do tratamento pode ser feito em casa.
“O paciente aplica a lâmina de látex sobre a ferida e coloca o emissor de luz por 30 minutos. O curativo permanece no local durante todo o dia, promovendo regeneração tecidual sem comprometer a função do membro afetado”, detalha Suélia Rodrigues.
O próximo passo do projeto será a solicitação de incorporação do Rapha no SUS, por meio da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec), após o registro final na Anvisa.
Para os pesquisadores, será a consagração de uma trajetória de inovação científica.
“O Rapha é um exemplo de como a pesquisa universitária pode gerar soluções reais para problemas de saúde, fortalecendo a indústria nacional e melhorando a qualidade de vida dos pacientes”, conclui Mário Rosa.
Com a expectativa de produzir cerca de 5 mil unidades iniciais, o Rapha deve atender tanto hospitais privados quanto públicos, oferecendo uma alternativa nacional, acessível e eficiente para o tratamento de feridas diabéticas crônicas — um avanço significativo para a saúde brasileira e latino-americana.
O projeto Rapha contou com apoio financeiro e institucional de diversas entidades, incluindo o Ministério da Saúde, a Fundação de Apoio à Pesquisa (FAP-DF), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec) e emendas parlamentares da deputada Erika Kokay (PT) e da senadora Leila do Vôlei (PDT).
Esse suporte foi crucial para que a pesquisa científica pudesse ser transformada em produto comercial.
Vídeo 4: Obesidade inflama, causando diabetes e outras doenças
Bibliografia
UnB CIÊNCIA
Projeto Rapha acelera cura para o pé diabético
Correio Brasiliense
Projeto Rapha: equipamento evita amputações dos “pés diabéticos”
Política de Uso
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UNB Desenvolveu Dispositivo que Acelera Cura de Pé Diabético

















