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Atualizado 14 de agosto de 2025 por Sergio A. Loiola

Cientistas desvendaram o segundo processo na geração de energia solar: o Efeito FotoTermoElétrico. O dominio permitirá um novo salto na geração elétrica solar. Por ser tão o mais eficiente do que o efeito fotovolltaico.

Análise dos dois mecanismos de geração de fotocorrente em uma junção semicondutor 2D/metal 3D: PV: fotovoltaico; PTE: fototermoelétrico.
[Imagem: Da Xu et al. – 10.1126/sciadv.adv7614]

A seguir veremos o que é esse efeito elétrico revelado nessa Pesquisa, publicada na Revista Science Advances, e por que ele promete um salto na geração de energia eletrica solar.

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O termo técnico para os conhecidos painéis solares, que convertem diretamente a  luz em eletricidade, é painéis fotovoltaicos. Mas talvez esse termo não seja assim tão preciso quanto os cientistas pensavam.

Acontece que outro efeito ocorrendo nas células solares parece ser tão importante – ou talvez até mais, em algumas situações – para a geração de eletricidade do que o efeito fotovoltaico.

 Análise de mecanismos de geração de fotocorrente em nanoescala em uma junção de contato de metal 3D e semicondutor 2D.( A ) Esquema do dispositivo, mostrando uma fina camada de MoS 
2 encapsulada por h -BN em um eletrodo de ouro. ( B ) Diagrama de banda de energia sob polarização reversa destacando a geração de corrente fotovoltaica (PV) na região de curvatura de banda. ( C ) Ilustração da corrente fototermoelétrica (PTE) induzida por variações espaciais nos coeficientes de Seebeck e gradientes de temperatura na região de curvatura de banda. Fonte: artigo da pesquisa

Tudo começou quando Da Xu e colegas da Universidade da Califórnia de Riverside desenvolveram um método de imagem tridimensional para tentar visualizar como a luz é transformada em corrente elétrica nos materiais usados na fabricação das células solares.

Eles não apenas conseguiram espiar todo o processo, como conseguiram distinguir entre dois processos fundamentais pelos quais a luz é convertida em eletricidade.

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Efeitos fotovoltaico e fototermoelétrico

O primeiro processo visto pelo novo sistema de imageamento foi o conhecido efeito fotovoltaico, o mecanismo mais conhecido por trás dos painéis solares:

Os fótons de luz incidentes soltam elétrons em um semicondutor, criando um fluxo de eletricidade que se acumula nos contatos dos eletrodos para fornecer eletricidade.

O segundo processo, muito menos conhecido, é denominado efeito fototermoelétrico.

Influência do nitreto de boro hexagonal nos perfis térmicos e de corrente fototermoelétrica nas células solares de molibdenita. [Imagem: Da Xu et al. – 10.1126/sciadv.adv7614]

À medida que a energia luminosa energiza os elétrons no material, tornando-os mais quentes do que o ambiente ao redor, esses elétrons energizados movem-se naturalmente para regiões mais frias, gerando corrente elétrica à medida que fluem.

Esses elétrons tendem a se afastar de suas regiões acumuladas próximas ao eletrodo, em direção contrária aos elétrons impulsionados pelo efeito fotovoltaico.

O que a nova técnica revelou é que o efeito fototermoelétrico é igualmente importante, se não mais, especialmente em dispositivos de pequena escala, como nas heterojunções que compõem as células solares.

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A equipe utilizou em seus experimentos nanodispositivos feitos de dissulfeto de molibdênio (MoS2), ou molibdenita, um semicondutor bidimensional com apenas alguns átomos de espessura.

Perfis de linhas de junção cruzada das fotocorrentes totais (preto), fototermoelétrica (azul) e fotovoltaica (vermelho). [Imagem: Da Xu et al. – 10.1126/sciadv.adv7614]

Essas estruturas ultrafinas estão despertando grande interesse para a eletrônica de próxima geração devido às suas propriedades ópticas e elétricas muito superiores às dos materiais atuais.

Usando seu novo método de imageamento, que canaliza a luz através da ponta de um  microscópio de força atômica, a equipe conseguiu identificar onde e como os efeitos fotovoltaico e fototermoelétrico ocorrem, até a escala nanométrica.

E aí veio outra surpresa, mostrando que não é apenas um efeito de intensidade, mas também de localização:

Embora o efeito fotovoltaico fosse esperado na junção onde o eletrodo e a molibdenita se encontram, o efeito fototermoelétrico se estendeu muito mais para dentro do material do que se pensava anteriormente.

E tinha mais. Quando a equipe adicionou uma fina camada de nitreto de boro hexagonal, outro material 2D de ponta, eles conseguiram direcionar o calor lateralmente através da célula.

Esse fluxo de calor redirecionado potencializou o efeito fototermoelétrico ao alinhar as mudanças de temperatura com as variações na forma como o material responde ao calor – essencialmente aumentando a produção de corrente elétrica.

Além de viabilizar tecnologias de energia solar e energia termossolar mais eficientes, esta descoberta promete ajudar a projetar melhores componentes de detecção de  luz em sistemas de comunicação por fibra óptica, onde os dispositivos estão ficando cada vez menores e o gerenciamento do calor é cada vez mais importante.

Política de Uso 

É Livre a reprodução de matérias mediante a citação do título do texto com link apontando para este texto. Crédito do site Nature & Space     

SALTO NA ENERGIA SOLAR: DESVENDADO EFEITO FOTO TERMOELÉTRICO

Bibliografia

Revista: Science Advances

Artigo: Deciphering photocurrent mechanisms at the nanoscale in van der Waals interfaces for enhanced optoelectronic applications
Autores: Da Xu, Qiushi Liu, Boqun Liang, Ning Yu, Xuezhi Ma, Yaodong Xu, Takashi Taniguchi, Charlie Ding, Roger K. Lake, Ruoxue Yan, Ming Liu
Vol.: 11, Issue 31
DOI: 10.1126/sciadv.adv7614

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