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Atualizado 20 de setembro de 2025 por Sergio A. Loiola

Cientistas da UFRJ e da USP descobriram uma molécula que pode reverter déficit cognitivo. Com potencial contra a doenças degenerativas, e Alzheimer.

A Pesquisa foi publicada na Revista Aging Cell.

Alzheimer: cientistas brasileiros descobrem molécula com potencial contra a doença. Foto: Unsplash

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e colaboradores da Universidade de São Paulo (USP) descobriram que uma molécula denominada hevina pode reverter o déficit cognitivo.

Os Pesquisadores observaram aumento das conexões entre neurônios em roedores após induzir um aumento na síntese de hevina – uma glicoproteína naturalmente produzida pelos astrócitos.

A seguir veremos os caminhos e possibilidades desta importante pesquisa.

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A glicoproteína “hevina” aumentau as conexões entre neurônios envelhecidos

Estudo conduzido pelo Laboratório de Neurobiologia Celular do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) descobriu uma glicoproteína chamada “hevina”, capaz de aumentar as conexões entre neurônios envelhecidos.

A superexpressão de Hevin em astrócitos hipocampais anula a disfunção cognitiva tanto no envelhecimento normal quanto no patológico. A administração de genes de Hevin em astrócitos por meio de AAV previne o declínio cognitivo em animais WT e APP/PSEN de meia-idade após 6 meses de tratamento. Fonte: Artigo: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/acel.14493

Os testes foram feitos em roedores, em processos que simulavam comportamentos biológicos que se assemelham à doença de Alzheimer. 

Por ter uma plasticidade neural, a hevina é naturalmente secretada por células do sistema nervoso central.

O estudo permite compreender melhor seu funcionamento a partir da conclusão de que a superprodução da proteína é capaz de reverter os déficits cognitivos em animais envelhecidos.

Os resultados são relevantes, pois podem apontar novos caminhos em direção a uma produção farmacológica para a doença, ainda que a pesquisa seja entendida como um projeto de longo prazo. 

Vídeo: Molécula reverte déficit cognitivo associado ao envelhecimento e à demência

O estudo, publicado na revista Aging Cell, teve apoio do Ministério da Saúde, da Fundação Carlos Chagas Filho de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e da FAPESP.

É importante destacar que ainda existe um longo caminho até que uma molécula envolvida no processo de reversão do déficit cognitivo venha a se tornar um fármaco. Isso porque se trata de um estudo de ciência básica realizado em camundongos.

Foto: Bioscience Image Library por Fayette Reynolds | Unsplash

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Outro aspecto que deve ser levado em consideração é a necessidade de garantir que esse composto ultrapasse a barreira hematoencefálica (protetora do cérebro) – o que exigiria esforços em desenhar moléculas com essa característica e com o mesmo potencial terapêutico.

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Hipótese baseada em evidência

A partir da observação de dados públicos, os pesquisadores identificaram que os níveis de hevina no cérebro caem em pacientes com Alzheimer quando comparados a indivíduos saudáveis da mesma idade.

Descoberta da UFRJ pode abrir novos caminhos na luta contra o Alzheimer.

Com essa informação e utilizando um vetor viral recombinante, o grupo do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ superexpressou a hevina em astrócitos de animais envelhecidos e em animais geneticamente modificados para apresentar um quadro semelhante à doença de Alzheimer (modelo experimental da doença).

Além disso, também foi analisado o conjunto de proteínas produzidas por células do cérebro (proteoma cerebral) desses animais.

Ao comparar os roedores com e sem superprodução de hevina, os pesquisadores constataram que 89 proteínas foram expressas de modo diferente.

Essa etapa do trabalho foi realizada no Laboratório Multiusuário Redox Proteomics Core, do Centro de Processos Redox em Biomedicina (Redoxoma) – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP sediado no Instituto de Química da USP.

Placas amiloides

Além de identificar o potencial da hevina em reverter o déficit cognitivo em roedores por meio de testes comportamentais, os pesquisadores também observaram que a superexpressão da molécula nos astrócitos não influenciou a deposição de placas da proteína beta-amiloide no hipocampo – uma característica da doença de Alzheimer que tem sido o foco de estudos sobre a doença e alvo para o desenvolvimento de fármacos.

Astrócitos, em vermelho, de hipocampo de roedores superexpressando hevina, em verde (imagem: Felipe Cabral-Miranda e Ana Paula Bergamo Araujo)

“Embora ainda não haja consenso entre os pesquisadores, eu trabalho com a hipótese de que a formação das placas beta-amiloide não seja a causa do Alzheimer. E os resultados do estudo, ao mostrar uma prova de conceito de uma molécula que consegue reverter o decaimento cognitivo sem impactar a placa beta-amiloide, corroboram a hipótese de que estas, apesar de participarem dos mecanismos da patologia, não são suficientes para causar Alzheimer”, completa.

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UFRJ E USP DESCOBREM MOLÉCULA QUE REVERTE DÉFICIT COGNITIVO

Bibliografia

Revista Aging Cell

Astrocytic Hevin/SPARCL-1 Regulates Cognitive Decline in Pathological and Normal Brain Aging

Agência Fapesp

Molécula reverte déficit cognitivo associado ao envelhecimento e à demência em testes com animais

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