O Diário de Merer: Papiros de 4.500 Anos encontrados no Mar Vermelho escrito por um oficial Inspetor do antigo Egito detalha o transporte de rochas de mármore para a Construção das Grandes Pirâmides.
Merer era um “inspetor” que liderava uma equipe de cerca de 200 homens que viajavam de uma ponta a outra do Egito buscando e entregando mercadorias de um tipo ou outro.
Nos manuscritos Merer relatou em detalhes o transporte de mármore para o local das Grandes Pirâmides por Barqueiros, por via aquática.
A pesquisa foi publicada na Revista Smithsonia.
As Grandes Pirâmides de Gizé têm sido um dos maiores enigmas do mundo:
Como uma sociedade antiga construiu monumentos tão enormes sem a ajuda de maquinário moderno?

As Pirâmides de Gizé são um feito arquitetônico, e por muito tempo consideradas um mistério. Mas os Manuscritos do Mar Vermelho dão uma visão sem precedentes de quem construiu a maravilha antiga.
A primeira e maior delas, a Pirâmide de Quéops, tem 146 metros de altura e, até cerca de 800 anos atrás, era a estrutura mais alta feita pelo homem na Terra.
O mistério das pirâmides talvez nunca fosse resolvido por completo, mas a descoberta dos Papiros do Mar Vermelho nos ajudaram a entender como algumas das impossibilidades poderiam ter sido alcançadas.
O que narram os extensos rolos de papiro encontrados no Mar Vermelho?

Em 2013, em um antigo porto na costa do Mar Vermelho, denominado Wadi al-Jarf, Arqueólogos encontraram vários papiros bastante reveladores sobre a Historia do Egito Antigo.
Enquanto escavavam edifícios de pedra seca e cavernas artificiais usadas para armazenar barcos de madeira, os arqueólogos Pierre Tallet e Gregory Marouard descobriram rolos inteiros de papiro, alguns com alguns metros de comprimento e outros em fragmentos.
Eles foram escritos em hieróglifos, bem como hieráticos, a escrita cursiva que os antigos egípcios usavam para a comunicação cotidiana. Alguns dos papiros foram datados como “O ano após a 13ª contagem de gado” do rei Khufu, ou seja, por volta do ano 26 ou 27 de seu reinado.
Isso os torna os documentos de papiro mais antigos do Antigo Egito já encontrados.

A importância histórica do Porto de Wadi al-Jarf foi cimentada em 2013, quando 30 papiros, os mais antigos do mundo, foram encontrados escondidos em cavernas de calcário artificiais.
Além da idade, os Manuscritos do Mar Vermelho são notáveis por seu conteúdo. Eles não apenas revelam o passado distante de Wadial-Jarf como um porto movimentado, mas também contêm relatos de um oficial Inspetor de nível médio que trabalhou na construção das pirâmides: Merer participou diretamente na construção da Grande Pirâmide do Faraó Khufu.
Ou seja, para grande surpresa dos arquólo9gos os papiros foram escritos por homens que participaram da construção da Grande Pirâmide.
Alguns deles eram livros de contas, que detalhavam o movimento de pão, cerveja, cereais e carne para alimentar a força de trabalho de 20.000 pessoas espalhadas pelo local da pirâmide, pedreiras e equipes de transporte.
“Os documentos são dispostos como uma planilha moderna, mostrando o que era necessário, o que havia sido entregue e o que ainda era devido”

Outros eram diários, detalhando as atividades diárias. Entre eles, havia um escrito por um “inspetor” chamado Merer, que liderava uma equipe de cerca de 200 homens que viajavam de uma ponta a outra do Egito pegando e entregando mercadorias de um tipo ou outro.
Seu trabalho principal era transportar blocos de calcário das pedreiras de ‘ Ro-Au ‘ (Tura) para o local em Gizé, a cerca de 15-20 km de distância.
Já sabemos que os faraós usavam calcário de Tura, uma cidade ao longo do Nilo famosa por sua pedreira de calcário, para fornecer o revestimento externo das pirâmides, que desde então foi removido, expondo os blocos de granito grosseiramente talhados que são visíveis hoje.
O diário de Merer, portanto, narra o último ano conhecido do reinado de Quéops, quando os antigos egípcios estavam dando os retoques finais na Grande Pirâmide.

Museu departamental de Arles antigo. Imagem: JC Golvin/Éditions Errance
Os registros de Merer descrevem sua tripulação transportando pedras em Tura, enchendo seus barcos com pedras e levando-as pelo Rio Nilo até Gizé. A viagem levou dois dias. A viagem de volta sem carga levou apenas um dia.
A tripulação completou uma viagem de ida e volta entre Gizé e as pedreiras em Tura duas ou três vezes em cada semana egípcia de dez dias. O que só poderia ter ocorrido na época da enchente anual, quando as águas altas do Nilo o tornavam mais navegável para embarcações pesadamente carregadas.
Foi calculado que os barcos poderiam ter transportado uma carga de 70-80 toneladas, ou cerca de 30 dos blocos de 2,5 toneladas usados para revestir a pirâmide de Quéops.
Significa que a equipe de Merer teria movido cerca de 200 blocos por mês, até 1.000 no período em que o rio e os canais eram navegáveis.

Merer também menciona reportar-se ao “nobre Ankh-haf”, servindo como Diretor da ‘entrada para a Piscina de Khufu’, provavelmente um lago artificial, usado como um posto de parada na jornada para o norte de Tura para o Planalto de Gizé.
Ankhhaf era meio-irmão de Khufu e aparentemente o gerente do projeto da pirâmide durante sua conclusão. Esta foi a primeira vez que uma pessoa definitiva foi identificada como supervisionando parte da construção da Grande Pirâmide.
O diário também menciona o nome original da Grande Pirâmide — Akhet-Khufu , que significa “Horizonte de Khufu”.
Zahi Hawass, o arqueólogo egípcio e ex-inspetor-chefe do sítio das pirâmides e ministro de antiguidades, diz que esta é “a maior descoberta no Egito no século XXI”.
“Os registros de Merer e Dedi nos ajudam a dar corpo à geografia do baixo Egito e à rede de canais e portos que permitiram o movimento de pedras, trabalhadores e suprimentos para o local da pirâmide”, escreve o egiptólogo Dan Potter. “As equipes eram altamente qualificadas e versáteis, não apenas movendo material para a pirâmide e os templos, mas também se envolvendo na gestão de depósitos, potencialmente construindo uma doca no Delta e participando de missões de mineração no Sinai”

Acredita-se que os cadernos e os livros de contas foram deixados para trás em Wadi al-Jarf após a designação final da tripulação.
“Imagino que por causa da morte do rei, eles simplesmente pararam tudo e fecharam as galerias e então, quando estavam saindo, enterraram os arquivos na área entre as duas grandes pedras usadas para selar o complexo. A data nos papiros parece ser a última data que temos para o reinado de Khufu, o 27º ano de seu reinado”, diz Pierre Tallet.
Depois que o local foi fechado, as operações sob o sucessor de Khufu, Khafre, ocorreram em Ain Sukhna, ao norte.
Wadi al-Jarf : Arqeuologia do Porto da Pirâmide
O sítio de Wadi al-Jarf consiste em várias áreas diferentes, espalhadas por várias milhas entre o Nilo e o Mar Vermelho. Da direção do Nilo, a primeira área, a cerca de três milhas da costa, contém cerca de 30 grandes câmaras de calcário usadas para armazenamento. Foi nessas cavernas que os papiros foram descobertos.
Continuando para o leste em direção ao mar por mais 500 jardas, uma série de acampamentos aparece, e depois deles, um grande edifício de pedra dividido em 13 seções paralelas.
Arqueólogos supuseram que o edifício era usado como residência. Finalmente, na costa está o próprio porto com moradias e mais espaços de armazenamento.

Usando cerâmica e inscrições encontradas no local, os arqueólogos conseguiram datar o complexo do porto para a 4ª dinastia do Egito, cerca de 4.500 anos atrás.
Eles acreditam que o porto foi inaugurado na época do faraó Sneferu e abandonado por volta do fim do reinado de seu filho Khufu. Ficou ativo por um curto período, mas durante esse tempo o porto foi dedicado à construção do túmulo de Khufu , conhecido então como Akhet-Khufu, que significa “Horizonte de Khufu”.
Junto com os papiros, muitas outras descobertas arqueológicas importantes revelaram a importância do porto. Grandes estruturas, como o píer de pedra de 600 pés de comprimento, mostram um profundo investimento material na área. Tallet e sua equipe descobriram cerca de 130 âncoras, cuja presença sugere um porto movimentado.
Do porto, chamado de “The Bush” pelos antigos egípcios, os navios do faraó navegavam pelo Mar Vermelho até a Península do Sinai, rica em cobre. O cobre era o metal mais duro disponível na época, e os egípcios precisavam dele para cortar as pedras para a enorme pirâmide do faraó.
Quando os navios egípcios retornavam ao porto, eles eram carregados com cobre. Entre as viagens, os navios eram armazenados nas câmaras de calcário.
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A reprodução de matérias é livre mediante a citação do título do texto com link apontando para este texto. Crédito do site Nature & Space
MANUSCRITO EGÍPCIO DESCREVE A CONSTRUÇÃO DA PIRAMIDE DE GIZÉ
Bibliografia
Revista Smithsonia
The World’s Oldest Papyrus and What It Can Tell Us About the Great Pyramids
National Geographic
This ancient diary reveals how Egyptians built the Great Pyramid
Amusing Planet
The Diary of Merer: A 4,500-Year-Old Papyrus That Details The Construction of The Great Pyramid
Pela leitura deste texto, o que os egípcios fizeram foi transportar pedras de mármore de 2,5 toneladas, que se destinaram à cobertura da grande pirâmide.
Não está explicada a construção da pirâmide que necessitou de blocos de granito do ordem das 50, 60, 70 e 80 toneladas.
E confirma-se que à época, o metal de maior dureza de que dispunham era o cobre, o que não explica a forma perfeita de como os enormes blocos de granito foram cortados!!!
Resumindo… Continua sem explicação científica (e devidamente comprovada – se é que alguma vez isso será possível) como foi construída a grande pirâmide de Gizé, nem qual a sua verdadeira utilização!!!
Sem dúvida Quim, a descoberta não trouxe todos os detalhes da construção. Apesar de não revelar tudo foi a primeira descoberta da arqueologia mostrou os relatos de época de construtores. Eles mesmo falando em detalhes parte da construção. No caso, como você observou, eles estavam trabalhando no acabamento das Pirâmides de Gizé. Por isso estavam transportando rochas menores, de mármore, para revestimento, e polimento. As Pirâmides possuíam revestimento de mármore polido em toda superfície. Os Pergaminhos do mar vermelho são muito extensos. Mas estão em condições precárias de conservação. A restauração e tradução é lenta, demora anos. Alem do Diário do oficial de construção Merer, a descoberta apresenta também o importante porto no Mar Vermelho, de onde saiam os carregamentos de mármore. O fato de existir mais de 150 ancoras de navios no local do porto mostrou que o porto era muito movimentado. Existem muitas pesquisas sofisticadas sendo realizadas com alta tecnologia sobre as pirâmides. Arqueologia e as pesquisas dão um passo de cada vez. As hipoteses continuam a ser investigadas. Sigamos acompanhando. Aqui na Nature & Space sempre publicaremos essas novidades