Atualizado 14 de outubro de 2025 por Sergio A. Loiola
A grande depressão no campo magnético da Terra continua a se expandir, de acordo com os dados mais recentes de um trio de satélites que monitoram nosso mundo.
O estudo foi apresentado pela missão Swarm de três satélites da ESA – Agência Espacial Europeia. Publicado na Revista Physics of the Earth and Planetary Interiors.

Os resultados mais recentes da missão Swarm representam o mais longo monitoramento contínuo do campo magnético da Terra até o momento, revelando novas complexidades para a SAA, Anomalia do Atlântico Sul.
Veremos a Seguir o estado atual e as implicações da redução do campo magnético sobre o Atlântico Sul e América do Sul, em Texto, imagens e Vídeos:
Vídeo 1: A Área Enfraquecida Do Campo Magnético Está Avançando
Vídeo 2: Anomalia magnética no Brasil se aprofunda e alerta cientistas; professor da USP explica o que é
Anomalia Magnética do Atlântico Sul: Da África a América do Sul
A chamada de Anomalia do Atlântico Sul e se estende pelo golfo que separa a África da América do Sul.
Os dados mais recentes sugerem que a SAA se expandiu em aproximadamente metade do tamanho da Europa continental desde 2014, enquanto sua intensidade magnética enfraquece.

As medições indicam que o oceano de ferro fundido no núcleo externo da Terra, que gera o campo magnético planetário, não é estável e calmo, mas agitado e complexo, com comportamento que pode alterar o campo externo em escalas de tempo tão curtas quanto anos.
O campo magnético da Terra é uma vasta rede de linhas de campo magnético geradas pelo dínamo central do planeta: o fluido rotativo, condutor e convectivo no núcleo externo que converte energia cinética em energia magnética.
Ele se estende pelo espaço, formando uma estrutura invisível ao redor do nosso planeta que ajuda a manter a atmosfera interna e os raios cósmicos afastados.
Vídeo 1: A Área Enfraquecida Do Campo Magnético Está Avançando
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O campo da Magnético da Terra costuma mudar ao longo das Eras
Ao longo das eras, o campo magnético flutuou em intensidade, chegando a oscilar completamente em inversões polares completas.
Esses eventos não representam um risco direto à vida na superfície, mas existem outros motivos para estudá-los.

Alguns sistemas de navegação dependem do campo magnético da Terra, por exemplo.
O campo magnético também desvia partículas carregadas; um campo magnético mais fraco torna os satélites mais vulneráveis ao acúmulo de cargas perigosas.
Além disso, o campo magnético desvia a radiação solar e cósmica, de modo que astronautas e pessoas que voam em grandes altitudes ficam expostos a doses maiores de radiação onde o campo magnético é mais fraco.
Entender as mudanças no campo magnético pode revelar o que está acontecendo nas profundezas do nosso planeta, o que, por sua vez, pode ajudar os cientistas a construir melhores modelos preditivos de comportamento futuro para mitigar esses problemas.
A Anomalia do Atlântico Sul, ou SAA, é conhecida pelo menos desde a década de 1960, mas não houve estudos detalhados e contínuos sobre ela até o lançamento da missão Swarm da ESA em 2013 – três satélites projetados para trabalhar juntos para mapear o campo geomagnético.
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Resultados recentes da missão Swarm para medir o campo magnético
Os resultados mais recentes da missão Swarm representam o mais longo monitoramento contínuo do campo magnético da Terra até o momento, revelando novas complexidades para a SAA.
“A Anomalia do Atlântico Sul não é apenas um bloco único”, afirma o geofísico Chris Finlay, da Universidade Técnica da Dinamarca.
“Ela está mudando de forma diferente em direção à África do que perto da América do Sul. Há algo especial acontecendo nesta região que está fazendo com que o campo se enfraqueça de forma mais intensa.”

Os cientistas não sabem exatamente o que está causando a anomalia, mas sabem que o campo magnético dentro do planeta, abaixo daquela região, não está se comportando como esperado.
O campo magnético da Terra é aproximadamente dipolar; o polo magnético norte é onde as linhas do campo magnético mergulham no planeta, e o polo magnético sul é onde elas emergem.
Esta é uma versão bastante simplificada; o campo magnético como um todo é um pouco mais complexo, mas, em linhas gerais, este modelo descreve como se espera que o campo se comporte.
Na SAA, parte do fluxo magnético sob a superfície da Terra é curiosamente invertido.
“Normalmente, esperaríamos ver linhas de campo magnético saindo do núcleo no hemisfério sul. Mas abaixo da Anomalia do Atlântico Sul, vemos áreas inesperadas onde o campo magnético, em vez de sair do núcleo, retorna para dentro dele”, explica Finlay.
“Graças aos dados do Swarm, podemos ver uma dessas áreas se movendo para o oeste sobre a África, o que contribui para o enfraquecimento da Anomalia do Atlântico Sul nesta região.”
Vídeo 2: Anomalia magnética no Brasil se aprofunda e alerta cientistas; professor da USP explica o que é
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Possíveis causas da anomalia no campo magnético no Atlântico Sul
Essa reversão do fluxo magnético pode estar ligada a uma grande e misteriosa mancha de material superaquecido fora do núcleo da Terra, conhecida como Grande Província Africana de Baixa Velocidade de Cisalhamento (LLSVP), segundo a SAA.

Essa mancha poderia interromper a convecção do núcleo, o que, por sua vez, alteraria o comportamento do campo magnético acima dela.
Acredita-se que esse seja um comportamento normal da Terra; só não tínhamos as ferramentas para estudá-lo até recentemente.
Outras mudanças que o Swarm observou no campo magnético da Terra incluem um ligeiro enfraquecimento sobre o Canadá e um ligeiro fortalecimento sobre a Sibéria, ligados a uma mudança na estrutura magnética abaixo da América do Norte.
“É realmente maravilhoso ter uma visão geral da nossa Terra dinâmica graças às séries temporais estendidas do Swarm”, diz Anja Stromme, gerente da missão Swarm na ESA.
“Os satélites estão todos saudáveis e fornecendo dados excelentes, então esperamos poder estender esse registro para além de 2030, quando o mínimo solar permitirá insights sem precedentes sobre o nosso planeta.”
Bibliografia
Physics of the Earth and Planetary Interiors
Core field changes from eleven years of Swarm satellite observations
Science Alert
Vast anomaly in Earth’s magnetic field continues to grow, satellites reveal
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Anomalia: Campo Magnético Segue Diminuindo na América do Sul