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De modo surpreendente, cientistas constataram em um extensa rede de pesquisa que várias cidades ao redor do mundo passaram a receber mais chuva do que as áreas vizinhas não urbanizadas. Os dados foram avaliados entre 2001 e 2020 em 1056 cidades e áreas rurais próximas.

É comum ouvir alegações de que as enchentes nas grandes cidades devem-se principalmente à cobertura do solo, onde a terra nua ou cultivada, que poderia absorver a água da chuva, está substituída por asfalto, concreto e todas as demais construções.

Isso é certamente parte da verdade, mas não é toda a verdade.

Gráfico: Alteração da Precipitação Anual Urbana, entre 2001 e 2020

Os gráficos em azul mostram um valor positivo para o indicador UPA, sigla em inglês para “anomalia de precipitação urbana”. [Imagem: Xinxin Sui et al. – 10.1073/pnas.2311496121]

Os pesquisadores analisaram dados de satélite sobre pluviosidade entre 2001 e 2020 em 1056 cidades e áreas rurais próximas em diferentes regiões climáticas. Eles constataram que mais de 60% das cidades são “ilhas úmidas”, que recebem mais chuva do que as áreas em seu entorno

Contudo, apesar do aumento das chuvas na maiorias das cidades observadas ser uma mudança muito significativa, algumas cidades, em menor número e em menor intensidade, se tornaram “ilhas secas”, com o padrão oposto.

Por exemplo, a cidade de Ho Chi Minh, ou Saigon, no Vietnã, e Sydney, na Austrália, estão entre as anomalias mais úmidas, cada uma com mais de 100 milímetros a mais de precipitação por ano do que seus arredores. Seattle, nos EUA, e Rio de Janeiro estão entre as 10 que estão ficando mais secas do que seus arredores.

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Alteração das chuvas depende da arquitetura, local e ambiente

As cidades podem aumentar ou suprimir as chuvas de várias maneiras, várias delas conflitantes.

Por exemplo, o calor absorvido pelo asfalto e pelos edifícios pode causar correntes ascendentes que ajudam a formar nuvens de chuva. Já a “aspereza” dos edifícios, em comparação com a “lisura” dos ambientes vegetais naturais, pode desacelerar os sistemas climáticos, fazendo com que as chuvas nas áreas urbanas durem mais tempo.

Por outro lado, a poluição do ar tem dois efeitos, podendo semear as nuvens, fazendo chover mais, ou resfriar o ar, suprimindo as chuvas. Superfícies pavimentadas com pouca vegetação reduzem a evaporação, levando a menos umidade no ar e, portanto, menos chuva.

Gráfico: A precipitação aumentou para a maioria das cidades com mais de um milhão de habitantes

Com tantos efeitos conflitantes, era necessário usar uma grande base de dados em nível global para verificar o efeito líquido. [Imagem: Xinxin Sui et al. – 10.1073/pnas.2311496121]

Assim, com tantos efeitos conflitantes, era necessário usar uma grande base de dados em nível global para verificar o efeito líquido. Os dados mostraram que as influências desses fatores varia com base no tamanho e na localização das cidades:

Cidades em regiões temperadas, tropicais e costeiras tendem a ter as maiores anomalias, enquanto aquelas em áreas montanhosas geralmente sofrem menor influência desses fatores sobre as chuvas que recebem.

Esta informação é essencial e estava faltando em nossa compreensão do clima, uma vez que os modelos climáticos e meteorológicos atuais não levam em conta explicitamente a influência das cidades sobre as chuvas.

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CIDADES GRANDES RECEBEM MAIS CHUVAS DO QUE SEU ENTORNO

Fonte

Site Inovação Tecnológica

Surpresa: Cidades estão recebendo mais chuvas que seus entornos rurais

Artigo: Global scale assessment of urban precipitation anomalies
Autores: Xinxin Sui, Zong-Liang Yang, Marshall Shepherd, Dev Niyogi
Revista: Proceedings of the National Academy of Sciences
DOI: 10.1073/pnas.2311496121

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