Atualizado 28 de agosto de 2025 por Sergio A. Loiola
Jovem cientista eslovaco transforma cascas de milho em antivirais mais rápidos e baratos. O Pesquisador reduziu drasticamente o tempo de produção usando reaproveitamento de resíduos de agricultura.
Adam Kovalčík, um jovem de 19 anos de uma pequena cidade na Eslováquia, está revolucionando a produção de medicamentos antivirais.

Veremos como foi desenvolvido e elaborado esse importante método que pode ser replicado em todo mundo.
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Simplificou a síntese de antivirais
Adam inventou um processo para transformar um álcool feito de palha e espiga de milho em galidesivir. Este medicamento ainda não foi aprovado pela Food & Drug Administration (FDA) dos EUA, mas está passando por testes em humanos.
Seu desenvolvedor espera que um dia ele possa acabar com o ebola, o zika, covid-19 e muitas outras doenças fatais causadas por vírus de RNA.

A técnica que Adam usou para produzir esse medicamento pode abrir caminho para mais medicamentos que salvam vidas também.
A COVID-19 colocou os medicamentos antivirais em evidência, incluindo o medicamento galidesivir.
Os efeitos colaterais costumam fazer com que muitos medicamentos antivirais causem mais mal do que bem, diz Adam. Mas o galidesivir é diferente.
Dados iniciais sugerem que ele tem poucos efeitos colaterais. Portanto, se aprovado para uso em pacientes, poderá ajudar muitas pessoas.
Na verdade, “poderia potencialmente salvar dezenas de milhares de vidas”, diz Adam — exceto por um problema não tão pequeno. Os primeiros trabalhos mostraram que era muito caro de produzir: pelo menos US$ 75 por grama (0,035 onça).
Adam agora relata que seu novo processo deve reduzir drasticamente esse custo para apenas US$ 12,50 o grama.
Por sua conquista, Adam ganhou hoje o Prêmio George D. Yancopoulos de Inovação, no valor de US$ 100.000. É o prêmio máximo da Feira Internacional de Ciência e Engenharia Regeneron de 2025, ou ISEF.
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O Processo foi reduzido de 15 para 10 etapas, e o tempo de 9 para 5 dias
O galidesivir é um antiviral eficaz contra vírus de RNA, como ebola, zika e SARS-CoV-2, mas sua produção tradicional é lenta e cara: requer 15 etapas ao longo de 9 dias e custa cerca de US$ 75 por grama.
Kovalčík desenvolveu um método que reduz as etapas para 10, encurta o tempo de produção para 5 dias e reduz o custo para US$ 12 por grama.

O segredo está no álcool furfurílico, extraído das folhas do milho, que serve de base para a síntese de azassacarídeos, um intermediário essencial.
Essa rota revisada otimiza o processo, tornando-o mais eficiente e alinhado à química sustentável, aproveitando um recurso abundante que normalmente é descartado.
A combinação de inovação científica e consciência ambiental torna esse método um exemplo de como a ciência pode gerar soluções mais acessíveis e responsáveis.
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Como foi superado o problema químico do processo?
Muitas vezes, quando um químico mistura medicamentos no laboratório, o primeiro lote pode conter muito material indesejado. Esse material adicional pode incluir variantes do medicamento.
Essas variantes são conhecidas como estereoisômeros. Eles contêm a mesma fórmula química, mas seus átomos estão dispostos de forma ligeiramente diferente.

Por exemplo, a estrutura de uma molécula pode ser uma imagem espelhada de outra, como a diferença entre suas mãos esquerda e direita.
Adam queria produzir o que é conhecido como galidesivir cis -OH. Ele funciona cerca de 20 vezes melhor do que seu estereoisômero, o galidesivir trans -OH, diz ele.
Para obter uma versão potente do medicamento, os químicos extraem a versão trans, de modo que apenas (ou a maior parte) da parte cis permaneça.
Essas etapas de separação aumentam o custo e o tempo de produção do medicamento.
Adam já havia trabalhado em laboratórios de química antes. Então, ele tinha uma ideia de como começar a redesenhar um processo de fabricação de medicamentos.
Você começa com uma molécula inicial. Para o galidesivir, essa molécula inicial era um açúcar. Se Adam começasse com um açúcar, acabaria com o processo antigo e ineficiente. Então, ele procurou começar com outra coisa.
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Inspirado na fabricação de perfumes
Anteriormente, Adam havia trabalhado com perfumes em um laboratório de química.
Ele sabia que resíduos de milho poderiam ser usados para produzir álcool furfurílico, uma molécula inicial para alguns compostos aromáticos.

“Eu conhecia muitas das reações que se podem produzir com esses materiais iniciais”, diz ele. Isso lhe deu motivos para acreditar que conseguiria adaptar o álcool furfurílico ao galidesivir.
Partindo desse álcool, Adam precisou de apenas 10 etapas químicas para produzir o galidesivir. Foi um processo bastante simplificado. No passado, os químicos precisavam de cerca de 15 etapas para transformar um açúcar inicial neste fármaco.
Adam compara o que fez à construção com blocos de Lego.
“Basicamente, construímos lentamente a molécula [do fármaco], bloco por bloco”, diz ele. “Assim como os Legos, nós a construímos da maneira que queremos.”
O uso de um novo material inicial permitiu a Adam desenvolver um processo que produz principalmente a versão cis do galidesivir.
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O nova método servirá para outros medicamentos e antivirais
Ele não acredita que o valor dessa tecnologia se limite à produção do galidesivir. Deve funcionar também para a produção de outros antivirais, afirma.
Esses medicamentos atuam ligando-se a moléculas em nossas células que são essenciais para ajudar os vírus a se reproduzirem.

Fotografia de Chris Ayers/Licenciado pela Society for Science
Os medicamentos impedem que o vírus utilize essas moléculas. O galidesivir, por exemplo, bloqueia uma enzima conhecida como RNA polimerase (Puh-LIM-er-ace).
Adam usou um computador para modelar novas moléculas que deveriam funcionar da mesma forma que o galidesivir para interromper a reprodução viral.
Uma delas, que ele chama de ADK-98, poderia funcionar ainda melhor. E usar álcool de milho como base para esses medicamentos, diz ele, também deve manter seus custos baixos.
O Regeneron ISEF é um programa criado e administrado pela Sociedade de Ciências (que também publica esta revista).
Adam estava entre os 1.657 estudantes — de 62 países ou territórios — que competiram na 75ª edição anual do ISEF. Esses participantes dividiram quase US$ 9 milhões em prêmios.
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É Livre a reprodução de matérias mediante a citação do título do texto com link apontando para este texto. Crédito do site Nature & Space
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Bibliografia
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