Um imponente angelim-vermelho é a maior árvore já descoberta no Brasil. A Arvore vive na Amazonia, tem 88,5 metros de altura, equivale a um prédio de 30 andares, idade entre 400 e 600 anos. Uma Matriarca tão antiga quanto o Brasil.
A arvore gigante matriarca popularmente conhecida como angelim vermelho foi mapeada juntamente com um bosque da mesma espécie por satélite em 2018, com outras 38 da mesma espécie – duas com mais de 80 m.
As arvores foram encontradas na Unidade de Conservação Estadual de Uso Sustentável Floresta Estadual do Paru (Flota do Paru), na Região de Integração Baixo Amazonas, no oeste paraense, divisa com o estado do Amapá.
A Reserva Florestal Flota ocupa uma área de mais de 3,6 milhões de hectares, abrangendo os municípios de Almeirim, Monte Alegre, Alenquer e Óbidos. Abriga uma rica diversidade de fauna e flora, além da exuberante paisagem do bioma Amazônia. Quase 96% de sua área são cobertos por florestas bem conservadas, um verdadeiro santuário de angelins gigantes.
No período, ainda sem saber de qual espécie se tratava, a diferença nos resultados obtidos a partir de sobrevoos em uma pequena parcela da floresta Amazônica chamou a atenção dos cientistas.
Angelim-vermelho é a maior árvore já descoberta no Brasil. Foto: Havita Rigamonte Divulgação
Do mapeamento, localização a Expedição do encontro
Os angelins vermelhos foram detectados inicialmente em 2018 durante uma pesquisa com sensores aeroembarcados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) com a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).
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Um ano após a conclusão da pesquisa com os dados, surgiu a primeira expedição que ocorreu na divisa do Amapá com o Pará, em agosto de 2019. A viagem durou 10 dias e percorreu 220 quilômetros pelo Rio Jari, divisa natural entre os dois estados.
Na época, o objetivo era chegar até a maior árvore, a de 88,5 metros, o que não ocorreu por problemas logísticos. Apesar disso, os pesquisadores localizaram a 1 quilômetro da margem do Rio Jari o primeiro santuário, com angelins de 82 metros de altura.
Localização do Angelim-vermelho, a maior árvore já descoberta no Brasil. Foto: G1
A Expedição esperou longo tempo para visitar a Gigante Matriarca
O feito de encontrar a mais alta teve que esperar 3 anos, se concretizando em setembro deste ano. Para chegar à “gigante” os pesquisadores contaram com o apoio de moradores da comunidade extrativista de São Francisco do Iratapuru, no Sul do Amapá.
O encontro dessa árvore de 88,5 metros ocorreu durante a 5ª expedição, tanto do lado paraense quanto amapaense.
Os pesquisadores consideram “gigantes” as árvores que têm mais de 80 metros na região, ou seja, o dobro do dossel da floresta como explicou o pesquisador da UFVJM e coordenador da expedição, Eric Gorgens.
“Em geral, as árvores atingem, em média, 45 a 50 metros de altura, mas a gente começou a perceber que muitas das árvores que a gente tinha identificado chegavam a 80 metros de altura, ou seja, o dobro do esperado para estrutura florestal como um todo”, explicou Gorgens.
Angelim-vermelho é a maior árvore já descoberta no Brasil. Foto: Havita Rigamonte Divulgação
A diferença na média de altura é estudada pelos pesquisadores que compõem o projeto Monitoramento Integrado das Árvores Gigantes da Amazônia, coordenado pelo Instituto Federal do Amapá (Ifap), em Laranjal do Jari. O grupo possui integrantes de universidades e institutos de pesquisa do Brasil, País de Gales, Inglaterra e Finlândia.
Eles coletam dados a cada nova árvore encontrada como solo, amostras das espécies em volta, além de realizar inventário florestal, que é uma espécie de catalogação das árvores vizinhas que serve para o monitoramento de crescimento e que ajuda a entender as características da área e a evolução ao longo de anos.
Assista em nosso Canal Nature & Space: A Expedição que visitou a maior Arvore do Brasil
A Expedição: Uma verdadeira Aventura
Um grupo de 20 pessoas chegou até a maior árvore da Amazônia brasileira em setembro de 2022. O encontro com a espécie gigante, mapeada em 2019 via satélite, ocorreu após um planejamento minucioso.
Denominada Jari Paru 2, a expedição foi realizada entre os dias 11 e 21 de setembro, com autorização da Gerência da Flota e da DGMUC. Partindo da cidade de Laranjal do Jari, no Estado do Amapá, a equipe foi coordenada pelos professores Eric Bastos Gorgens, da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM-MG), e Diego Armando Silva da Silva, do Instituto Federal do Amapá (Ifap).
Expedição para encontrar o Angelim-vermelho, a maior árvore já descoberta no Brasil. Foto: Havita Rigamonte Divulgação
Eles seguiram para a região do Médio Jari, por aproximadamente 200 km pelos rios da região, e mais 30 km de caminhada no interior da mata fechada. A região é considerada uma das mais isoladas da Floresta Amazônica.
Para auxiliar na localização das espécies e garantir a segurança do grupo, os pesquisadores usaram equipamentos rastreados via satélite (Spot e Garmin) e um telefone por satélite (Iridium).
O gerente da Flota do Paru, Ronaldison Farias, acompanhou a expedição, juntamente com o fotógrafo e cinegrafista de natureza Havita Rigamonti, que documentou toda a viagem, formando um banco de imagens e registros para o Ideflor-Bio, em parceria com o Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia).
Segundo os coordenadores, a pesquisa teve como principais objetivos a identificação da maior árvore brasileira e a coleta de dados de campo. O angelim vermelho pertence à família Fabaceae, subfamília das Mimosoideae, nativa da América do Sul, que inclui duas espécies: uma da Amazônia e outra da Mata Atlântica.
A Importância da Pesquisa é a Conservação da Floresta
As espécies gigantes foram localizadas durante pesquisa realizada entre 2016 e 2018, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em parceria com a UFVJM.
O estudo, destinado a quantificar o estoque de carbono associado à biomassa florestal, usou o LiDAR aerotransportado, a bordo de uma aeronave Cessna, para obter informações precisas da altura da vegetação do bioma amazônico e suas características.
Durante o sobrevoo, sete faixas de terreno apresentaram espécies acima de 80 metros. Dessas, seis foram localizados na região do Rio Jari, entre os estados do Pará e Amapá.
Angelim-vermelho é a maior árvore já descoberta no Brasil. Foto: Havita Rigamonte Divulgação
Pela localização geográfica e pelo tamanho do território ocupado por florestas públicas protegidas, a pressão antrópica por meio de ocupação irregular tem se tornado um desafio na gestão destes espaços.
Segundo a diretora da DGMUC, Socorro Almeida, o processo de ocupação do solo e exploração dos recursos naturais pelo homem ocorre de forma acelerada e irregular. O Estado investe em tecnologia para monitorar as áreas protegidas e intensificar a fiscalização para coibir ilícitos ambientais.
O Heroico trabalho de Conservação: Zeladores da Floresta
O Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio) é responsável pela gestão da Flota do Paru, uma das 27 Unidades de Conservação (UCs) estaduais. A Flota é uma Unidade de Conservação de posse e domínio público, não abrigando propriedade particular, a não ser para uso sustentável.
Na área, o Instituto investe em projetos e ações de conscientização ambiental e fortalecimento do uso sustentável dos recursos naturais pelos povos da floresta.
As ações são realizadas por meio da Diretoria de Gestão e Monitoramento de Unidades de Conservação Estaduais (DGMUC), que estabelece ferramentas importantes de gestão, como elaboração e revisão dos Planos de Manejo das UCs, utilizando metodologia participativa de todos os setores que representam a sociedade civil e órgãos públicos, representados nos Conselhos Gestores.
O Santuário de Árvores Gigantes reforça a importância da criação de áreas protegidas por meio de legislação ambiental específica, a fim de proteger os recursos naturais de relevância física, biológica e cultural, garantindo o equilíbrio dos ecossistemas, as relações entre esses elementos e a conservação de ambientes naturais para futuras gerações.
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