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Atualizado 4 de julho de 2025 por Sergio A. Loiola

Drones autônomos com IA podem ajudar na busca de vítimas em desastres sozinhos. Priorizando regiões de alto risco, com maior número de pessoas e a melhor rota.

O número de desastres naturais vem aumentando no mundo devido às mudanças climáticas e a maiores ocorrências de eventos extremos. Cenários como terremotos, enchentes e deslizamentos de terra são responsáveis por deixar centenas ou até milhares de vítimas e socorristas em situações de perigo.

Uma pesquisa publicada na Revista MDPI -Logistics feita na Escola Politécnica (Poli) da USP desenvolveu uma abordagem autônoma de uso de Veículos Aéreos Não Tripulados (VANTs) para identificação de vítimas de desastres.

Prevalência de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) atinge de 25% a 75% das pessoas quando presenciam desastres derivados da ação humana como o rompimento de uma barragem – Foto: Felipe Werneck/Ibama – via Wikimedia Commons

O modelo, que se destaca por priorizar zonas de alto risco, reduz o perigo do cenário em 66% até a metade de uma missão, identificando vítimas sem a necessidade de intervenção humana.

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VANT com IA é capaz de decidir uma rota sozinho e localizar maior número de vítimas

Por sua flexibilidade e baixo custo, os VANTs, que são drones projetados para uso comercial e profissional, estão se tornando cada vez mais comuns no campo da logística humanitária – planejamento de recursos para assistência em momentos críticos, como desastres.

Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Para Pedro Villani, aluno no MLog (Programa de Mestrado em Engenharia de Sistemas Logísticos) da Poli e autor da pesquisa, esses fatores são importantes em missões de busca e resgate com recursos limitados.

Desenvolvido com a técnica de aprendizado por reforço, o algoritmo do modelo é projetado para receber recompensas ou punições a partir de cada decisão tomada, reforçando as interações positivas e limitando as negativas.

Por meio do treinamento do algoritmo com uma base de dados anterior, ações que se configurem como estratégicas e eficientes são incentivadas, enquanto aquelas que podem comprometer o sucesso da missão estão programadas para serem evitadas.

Fluxo da solução projetada neste estudo. A caixa tracejada vermelha representa onde a solução está substituindo a necessidade de interação humana constante, liberando os profissionais para outras tarefas críticas. Quadro do artigo

Villani dá o exemplo de uma penalização muito grande caso o VANT fique sem bateria durante a missão. A todo momento o veículo está decidindo para onde ir, mas caso ele ache que ficará sem bateria é preferível que ele volte para recarregar para não tomar uma penalização.

A mesma lógica foi aplicada para as direções que o VANT escolherá seguir em uma zona de desastre, de forma que, a partir de recompensas e penalidades, ele consiga localizar áreas que apresentem resultados de imagens com presença de vítimas.

o UAV começa no quadrante inferior esquerdo da região (representado pelo ícone preto do UAV). ( a ) Área de estudo dividida em quadrantes; ( b ) Representação colorida do risco de cada quadrante (escala azul); ( c ) Posição inicial do VANT e suas possíveis ações; ( d ) Movimentação do VANT após a primeira etapa de otimização. Figura do artigo

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Automatização de tarefas

Por meio de testes de eficácia utilizando dados de casos reais, o modelo atingiu uma média de redução de risco de 66% ao chegar na metade das missões.

Segundo Villani, a forma de verificar se o resultado realmente mostrou avanços nas estratégias de missões foi comparar o modelo desenvolvido com uma solução mais simples:

Área mais afetada durante o desastre de Xanxerê. Imagem do artigo

Enquanto o modelo do estudo otimiza a rota para tentar chegar no local com mais vítimas e maiores riscos, o modelo simples “não se preocupa se a região em que ele vai resulta em recompensas positivas ou não”, reduzindo os riscos de forma indiscriminada e pouco estratégica.

No contexto de desastres em áreas já precarizadas – onde as consequências costumam ser mais graves e os recursos mais escassos – uma ferramenta que otimiza tarefas custosas pode ser uma grande aliada para melhorar a eficiência das missões.

O pesquisador acredita que a pesquisa, sendo ajustada e tornada mais prática, será capaz de trazer melhorias em áreas como gestão de segurança e de políticas públicas.

Política de Uso 

É Livre a reprodução de matérias mediante a citação do título do texto com link apontando para este texto. Crédito do site Nature & Space   

DRONE AUTÔNOMO COM IA BUSCA VITIMAS DE DESASTRES SOZINHO

Bibliografia

MDPI – Logistics

A POMDP Approach to Map Victims in Disaster Scenarios

Jornal da USP

Programação de drones autônomos pode ajudar na busca de vítimas em desastres

Mais informações: pedrovillani51@gmail.com, com Pedro Villani

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