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Atualizado 26 de agosto de 2025 por Sergio A. Loiola

Cientistas descobrem mecanismo de evolução que apoia teoria alternativa a Darwin, a qual, em vez de mudar lentamente, as espécies dariam saltos evolutivos.

A pesquisa foi publicada na Revista Nature Ecology & Evolution.

Imagem da minhoca gigante Norana najaformis, cujo genoma foi sequenciado para este estudo. [Imagem: Pau Balart-García]

Desde o início da Teoria da Evolução de Darwin persiste a dúvida de como a evolução ocorre: Se ocorre lentamente de forma gradual, ou se as espécies ficam mais tempo estáveis e após longo tempo dariam saltos evoltivos rápidos.

A seguir veremos a contribuição desta importante pesquisa para esse antigo problema.

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Em 1859, Charles Darwin imaginou a evolução como um progresso lento e gradual, com as espécies acumulando pequenas mudanças ao longo do tempo.

Mas até ele ficou surpreso ao descobrir que o registro fóssil não apresentava elos perdidos:

As formas intermediárias que deveriam ter contado essa história passo a passo simplesmente não estavam lá.

Comparando as posições de duas espécies diferentes na árvore filogenética, é possível verificar o grau de similaridade entre seus genomas. Espécies com ancestral comum mais recente, como humanos e primatas, compartilham mais características do que espécies com ancestral comum mais antigo, como humanos e moscas drosófilas. Fonte: Ciência Hoje: https://cienciahoje.org.br/artigo/filogenia-um-retrato-da-evolucao-das-especies/

A explicação de Darwin foi tão incômoda quanto o próprio fato que a gerou: Basicamente, o registro fóssil seria um arquivo do qual algumas páginas foram arrancadas – só que, de modo um tanto constrangedor, só as páginas intermediárias desapareceram.

Em 1972, a escassez de formas intermediárias levou os paleontólogos Stephen Jay Gould e Niles Eldredge a propor uma ideia alternativa, hoje conhecida como “equilíbrio pontuado“.

Esse modelo explicaria por que o registro fóssil parece tão silencioso entre as espécies: Grandes mudanças ocorreriam repentinamente e em populações pequenas e isoladas, bem fora do radar paleontológico.

Embora alguns fósseis deem suporte a esse padrão, a comunidade científica permanece dividida:

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Pesquisadores descobriram um novo mecanismo genético que pode ser a chave para explicar a forma de como ocorre a evolução.

Agora, Carlos Vargas-Chávez e colegas de várias instituições da Espanha descobriram um mecanismo de reorganização genômica rápida e massiva que pode ter desempenhado um papel na transição de animais marinhos para terrestres há 200 milhões de anos.

Este seria a primeira demonstração de um mecanismo biológico concreto a dar suporte à teoria de Gould e Eldredge.

A equipe demonstrou que anelídeos marinhos (vermes ou minhocas) reorganizaram seu genoma de cima para baixo, deixando-o irreconhecível, ao deixarem os oceanos.

Embaixo: Representação da árvore da vida dos anelídeos, mostrando a posição das espécies incluídas neste estudo. Em cima: organização do genoma dos anelídeos e clitelados marinhos, com ênfase nos rearranjos genômicos massivos entre ambas as linhagens. [Imagem: Rosa Fernández/Carlos Vargas-Chávez/Gemma I. Martínez-Redondo]

As observações são consistentes com um modelo de equilíbrio pontuado e podem indicar que não apenas mudanças graduais, mas também mudanças repentinas no genoma podem ter ocorrido à medida que esses animais se adaptavam a ambientes terrestres.

Esse novo mecanismo genético agora identificado pode mudar nosso conceito da evolução animal e revolucionar as leis estabelecidas da evolução do genoma.

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A equipe descobriu que os vermes marinhos quebraram seu genoma em mil pedaços, por assim dizer, apenas para reconstruí-lo de modo totalmente aleatório, e então continuar seu caminho evolutivo em terra.

Evolução macrossintênica de clitelados. Crédito: Nature Ecology & Evolution (2025). DOI: 10.1038/s41559-025-02728-1

Esse fenômeno contesta os modelos de evolução genômica conhecidos até agora:

A razão pela qual essa desconstrução drástica não levou à extinção dos animais pode estar na estrutura tridimensional do genoma.

A equipe descobriu que os cromossomos dessas minhocas modernas são muito mais flexíveis do que os de vertebrados e outros organismos modelo.

Graças a essa flexibilidade, é possível que genes em diferentes partes do genoma possam mudar de lugar e continuar trabalhando juntos.

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Este fenômeno de reorganização genética extrema já havia sido observado na progressão do câncer em humanos.

O termo cromoanagênese abrange vários mecanismos que quebram e reorganizam cromossomos em células cancerosas, que apresentam alterações semelhantes às observadas nos vermes.

A única diferença é que, enquanto essas quebras e reorganizações genômicas são toleradas pelos vermes, nos humanos elas levam a doenças.

Assim, os resultados deste estudo também abrem caminho para uma melhor compreensão desse mecanismo genômico radical, com implicações para a saúde humana.

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É Livre a reprodução de matérias mediante a citação do título do texto com link apontando para este texto. Crédito do site Nature & Space   

EVOLUÇÃO PODE OCORRER EM SALTO RÁPIDO E NÃO APENAS LENTA

Bibliografia

Revista: Nature Ecology & Evolution

Artigo: A punctuated burst of massive genomic rearrangements by chromosome shattering and the origin of non-marine annelids
Autores: Carlos Vargas-Chávez, Lisandra Benítez-Álvarez, Gemma I. Martínez-Redondo, Lucía Álvarez-González, Judit Salces-Ortiz, Klara Eleftheriadi, Nuria Escudero, Nadège Guiglielmoni, Jean-François Flot, Marta Novo, Aurora Ruiz-Herrera, Aoife McLysaght, Rosa Fernández
DOI: 10.1038/s41559-025-02728-1

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