Atualizado 26 de agosto de 2025 por Sergio A. Loiola
Cientista brasileira sintetizou um novo material condutor de eletricidade totalmente transparente, barato, duravel e invisível para tecnologias inteligentes.
A inovação surpreendeu, e tem potencial para impactar várias tecnologias, das telas de celulares aos dispositivos vestíveis, incluindo equipamentos médicos.

A Pesquisa foi publicada na Revista ACS Applied Materials & Interfaces
Veremos a seguir o que é esse material e os caminhos para alcançar esse feito notável.
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Ela usou Ácido hialurônico 2D para criar o material invisível
Luíza Aguiar do Nascimento formou-se em engenharia química na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, e atualmente está fazendo doutoramento na Universidade La Trobe.
A inovação consiste em usar diretamente o ácido hialurônico para criar uma película muito fina, mas também muito durável, do tipo usada hoje para conduzir eletricidade em dispositivos como telas sensíveis ao toque e biossensores.

O saber científico até agora era que, para criar polímeros condutores, substâncias como o ácido hialurônico, o mesmo usado em produtos dermatológicos, devem ser adicionadas a uma mistura de água e partículas formadoras de polímeros.
Mas Luíza descobriu que não precisa nada disso: Basta colocar o próprio ácido hialurônico sobre uma superfície metálica – ela usou superfícies banhadas a ouro – para criar uma película muito mais fina, totalmente transparente, e muito durável.
A expectativa é que a técnica leve a grandes melhorias nas funcionalidades e na usabilidade dos dispositivos, além de uma redução significativa nos custos de fabricação.
“Ficamos muito animados ao descobrir que não apenas os polímeros se formaram quando os fixamos diretamente ao ouro, mas que esses polímeros são mais finos, mais fortemente condutores e quase infalíveis de reproduzir,” disse Luíza.
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O novo material é um Polímeros condutor
Polímeros condutores são materiais sintéticos amplamente utilizados em todos os dispositivos inteligentes, desde telas sensíveis ao toque até dispositivos médicos que regulam a dosagem e administração de medicamentos para os pacientes.
Aplicar o ácido hialurônico diretamente sobre o substrato metálico não apenas barateia e simplifica o processo de sua fabricação, como também permite um controle total sobre as propriedades condutoras do material, seu formato e até sua aparência.
“Os polímeros condutores como os conhecemos foram desenvolvidos há quase 50 anos e, embora sejam empolgantes, não atingiram todo o seu potencial durante esse tempo. Muitas vezes, eles são difíceis de fabricar, já que filmes finos não conduzem eletricidade muito bem, não são transparentes e podem ter propriedades altamente variáveis,” disse o professor Wren Greene.
“Por meio do nosso método, chamado modelagem de dopante ancorado, criamos uma maneira robusta de fabricar um polímero condutor que é flexível, durável, pode conduzir eletricidade tão bem quanto metais e é facilmente reproduzível – portanto, é escalável.”
O novo material, chamado PEDOT 2D, é invisível a olho nu e muito mais poderoso do que materiais similares, atributos que lhe dão o potencial de ter um enorme impacto no futuro dos dispositivos inteligentes baseados em sensores.
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O futuro dos materiais 2D e da pesquisa
O desenvolvimento de materiais 2D está avançando rapidamente além do grafeno tradicional e dos óxidos metálicos e em direção a novos materiais orgânicos funcionais, incluindo polímeros condutores (CPs).

A Pesquisa mostrau que o dopante ligado à superfície regula a reação de polimerização suprimindo ativamente a terminação da cadeia para suportar o crescimento de cadeias mais longas e mais condutoras (ou seja, maior mobilidade dos portadores de carga).
Esses filmes de PEDOT 2D também se tornam “hiperdopados” com frações de massa de dopante para polímero de até 8:1, resultando em condutividade semelhante à metálica devido à densidade aumentada de portadores de carga.
Além disso, os filmes de PEDOT 2D alcançam homogeneidade sem precedentes com pouca variabilidade em escalas de comprimento submicrométricas.
Essa nova compreensão da regulação do dopante na eletropolimerização, combinada com a condutividade semelhante à metálica inigualável, dimensões em escala molecular e grande área do PEDOT 2D, representa um avanço significativo em materiais de CP que impulsionará a inovação em vários campos, incluindo condutores transparentes, optoeletrônica, biônica e biossensores.
Política de Uso
É Livre a reprodução de matérias mediante a citação do título do texto com link apontando para este texto. Crédito do site Nature & Space
PARA CELULAR, ROUPA E MEDICINA: CRIADO CONDUTOR INVISÍVEL
Bibliografia:
Revista: ACS Applied Materials & Interfaces
Artigo: A Scalable Synthetic Approach for Producing Homogeneous, Large Area 2D Highly Conductive Polymers
Autores: Luiza A. Nascimento, Kilian S. Fraysse, Kevin Krause, Cameron L. Bentley, Mingyu Han, Rosanne M. Guijt, Paul R. Stoddart, Simon Moulton, Saimon Moraes Silva, George W. Greene
DOI: 10.1021/acsami.5c06970
Inovação Tecnológica
Brasileira cria material invisível para tecnologias inteligentes