Atualizado 11 de agosto de 2025 por Sergio A. Loiola
Quais Tecnoassinaturas, ou vestigios de vida extraterrestre procurar para encontrar civilizações extraterrestres sofisticadas? É o que especialistas de varias partes do mundo estão discutindo no Instituto de Astrofísica das Canárias, na Espanha.
As novas ideias e tecnicas para encontrar Tecnoassinaturas foram publicadas na Revista Acta Astronautica. A seguir veremos algumas novidades dessa nova aventura.

Além das bioassinaturas, detecção de substâncias que indicam atividade biológica, estão as tecnoassinaturas, ou os indícios do uso de tecnologia ou atividade industrial, por exemplo.
Os pesquisadores apresentaram um conjunto de possíveis novos conceitos de missão projetados para buscar tecnoassinaturas.
“Não temos ideia se a inteligência é algo muito comum no Universo ou, pelo contrário, se é extremamente rara,” explica o professor Hector Navarro. “Por isso não podemos saber se essas buscas têm alguma chance de sucesso. Não há escolha a não ser buscar e ver o que encontramos, porque as implicações seriam enormes.”
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Para tentar organizar as campanhas observacionais e guiar os esforços para o desenvolvimento de novas tecnologias que possam detectar os sinais que se procura, o Instituto de Astrofísica das Canárias, na Espanha, reuniu os maiores especialistas na área para equalizar os conhecimentos e as expectativas melhor fundamentadas.

Com a melhoria dos telescópios e das técnicas para observar planetas em outros sistemas solares, tem havido muitas sugestões sobre como estudar esses exoplanetas a partir da observação de suas atmosferas, de seus espectros radiativos etc.
Entre os interesses destaca-se naturalmente a busca por sinais de vida.
As sugestões para busca de civilizações extraterrestres foram desde as mais básicas, como a presença de poluição industrial na atmosfera ou grandes enxames de satélites, até hipotéticas obras gigantescas de engenharia espacial, como escudos de calor para combater as mudanças climáticas ou esferas de Dyson para explorar a energia da estrela.
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Algumas das propostas sugerem procurar por grandes distâncias no espaço, através de nossa galáxia e até mesmo além, enquanto outras visam a varredura do nosso próprio Sistema Solar em busca de sondas que possam ter sido enviadas para cá em um passado distante.
“A ideia de pesquisar por tecnoassinaturas baseia-se na tecnologia que temos hoje na Terra e em possíveis extensões da nossa tecnologia no futuro,” destaca o professor Jacob Misra, um dos coordenadores do comitê.
“Isso não significa necessariamente que qualquer tecnologia extraterrestre deva ser como a nossa, mas imaginar extensões plausíveis de nosso próprio futuro é um lugar para começar a pensar em pesquisas astronômicas que poderíamos realmente fazer para procurar possíveis tecnoassinaturas”.
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Tipos imaginados de Tecnoassinaturas
Para definir as opções em que vale a pena apostar para tentar encontrar a tecnoassinaturas de civilizações extraterrestres, o comitê fez uma lista com 12 possibilidades:

- Gases industriais no espectro atmosférico
- Iluminação no lado escuro do planeta
- Sombreamentos na estrela detectáveis pelo método de trânsito
- Cinturões de Clarke (famílias de satélites) detectáveis pelo método de trânsito
- Pulsos de laser
- Calor de esferas de Dyson
- Calor de civilizações galácticas
- Sinais de rádio
- Artefatos em co-orbitais da Terra
- Artefatos que possam ter caído na Lua e em outras superfícies menos sujeitas ao intemperismo do clima
- Sondas interestelares
- Artefatos em asteroides (como no asteroide ‘Oumuamua)
Existem agora oportunidades novas e exclusivas para procurar por tecnoassinaturas além das pesquisas de rádio SETI tradicionais, motivadas por enormes avanços na ciência dos exoplanetas e nas capacidades de observação nos últimos anos. Escreveu a equipe.
As agências espaciais, públicas e privadas, podem estar particularmente interessadas em aprender sobre os pontos de vista da comunidade [científica] quanto aos métodos ideais para pesquisas futuras de tecnoassinaturas com tecnologia atual ou futura. Este relatório é um esforço nessa direção.
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Em 2023 foi iniciada a maior busca já feita por sinais de vida extraterrestre
O mais amplo esforço em busca por tecnoassinaturas, sinais emitidos por tecnologia desenvolvida por inteligências extraterrestres começou a operar em 2023.

[Imagem: Danielle Futselaar/Breakthrough Listen/SARAO]
O esforço, coordenador pelo Observatório de Radioastronomia Sul-Africano (SARAO) está usando o radiotelescópio MeerKAT.
Os astrônomos e engenheiros da equipe Breakthrough Listen (Audição reveladora, em tradução livre) passaram os últimos anos desenvolvendo e instalando a instrumentação digital mais poderosa já implantada para a busca de assinaturas tecnológicas.
A etapa mais importante consistiu em integrar o equipamento com os sistemas de controle e monitoramento do radiotelescópio, para que ele possa continuar operando normalmente em suas outras observações científicas.
Assim, a busca por inteligência extraterrestre funcionará no esquema 24/7 (24 horas por dia, 7 dias por semana), analisando todos os sinais que as antenas captarem, sem qualquer prejuízo para as observações que os outros cientistas estiverem fazendo.
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O novo hardware complementa as pesquisas também contínuas já feitas usando os observatórios Green Bank (GBT), nos EUA, Parkes, na Austrália, e vários outros telescópios ao redor do mundo.
Contudo, enquanto os programas no GBT e no Parkes envolvem mover esses pratos de mais de mil toneladas para apontar para alvos específicos, o programa no MeerKAT não precisará mover as antenas mecanicamente.
“O MeerKAT consiste em 64 pratos, que podem ver de uma só vez uma área do céu 50 vezes maior do que o GBT consegue ver,” explicou Andrew Siemion, coordenador do consórcio. “Um campo de visão tão grande normalmente contém muitas estrelas que são alvos de assinatura tecnológica interessantes.
Nosso novo supercomputador nos permite combinar sinais dos 64 pratos para obter varreduras de alta resolução desses alvos com excelente sensibilidade, tudo sem impactar a pesquisa de outros astrônomos que estão usando a matriz,” completou.
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A capacidade de escanear 64 alvos simultaneamente dentro do campo de visão principal traz outro ganho essencial para buscas desse tipo: Eliminar sinais de interferência das tecnologias humanas, sobretudo dos satélites artificiais em órbita da Terra.

Um dos primeiros alvos a serem observados pela equipe será o sistema Alfa Centauro, que também é o objetivo de outro esforço, envolvendo enviar uma frota de naves espaciais em miniatura para este que é o sistema mais próximo de nós.
“Estou muito entusiasmado por poder realizar uma busca por assinaturas tecnológicas usando um dos telescópios mais sensíveis do mundo,” comentou o Dr. Cherry Ng, membro da equipe.
“Levaremos apenas dois anos para pesquisar mais de um milhão de estrelas próximas. O MeerKAT nos fornecerá a capacidade de detectar um transmissor semelhante aos feixes de rádio mais brilhantes da Terra a uma distância de 250 anos-luz em nosso modo de observação de rotina.”

Este programa científico em busca de evidências de vida tecnológica no Universo planeja pesquisar um milhão de estrelas próximas, todo o plano galáctico e 100 galáxias próximas, em uma ampla gama de bandas de rádio e ópticas.
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Nasa e outras Agências renovaram o Interesse por busca de vida e civilizações tecnológicas fora da Terra
Em 1993, a NASA encerrou abruptamente seu programa SETI inicial para a busca por vida extraterrestre inteligente, quando este mal havia começado.

Ele compreendia dois projetos ambiciosos complementares, um utilizando o radiotelescópio gigante em Arecibo, Porto Rico, e o outro com as antenas da Deep Space Network, na Califórnia.
Agora, quase 30 anos depois, as coisas mudaram e a Agência quer retomar seus esforços de busca.
Na última década, grandes avanços foram feitos na instrumentação astronômica, levando a uma revolução na ciência da descoberta e do estudo de exoplanetas.
Os novos telescópios e projetos em futuras missões espaciais permitirão, pela primeira vez, a busca pelos chamados biomarcadores, evidências de vida em outros planetas.

Muitos especialistas consideram plausível que nos próximos anos descobriremos vida extraterrestre, embora seja mais provável que seja vida em uma forma muito simples.
Considerando os avanços tecnológicos atuais e futuros, surgirão novas oportunidades para a busca por tecnoassinaturas. É por isso que a NASA decidiu se envolver novamente na busca por inteligência extraterrestre, aproveitando as possibilidades dos observatórios espaciais atuais e futuros.
Esses assuntos, entre outros, estavam na pauta do encontro TechnoClimes 2020, promovido pela NASA no Blue Marble Space Institute of Science (Seattle, EUA).
Com cientistas de todo o mundo, o objetivo era propor novos desenvolvimentos que abrissem caminho para avanços futuros.
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É Livre a reprodução de matérias mediante a citação do título do texto com link apontando para este texto. Crédito do site Nature & Space
QUAIS ASSINATURAS SONDAR PARA ENCONTRAR VIDA ET TECNOLÓGICA?
Bibliografia
Revista: Acta Astronautica
Artigo: Concepts for future missions to search for technosignatures
Autores: Hector Socas-Navarro, Jacob Haqq-Misra, Jason T. Wright, Ravi Kopparapu, James Benford, Ross Davis
Vol.: 182, Pages 446-453
DOI: 10.1016/j.actaastro.2021.02.029
Eureka Alert
Ideas for Future NASA Missions in Search of Extraterrestrial Civilizations
Inovação Tecnologica
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Tecnoassinaturas: O que devemos procurar para encontrar civilizações extraterrestres?