Nature & SpaceNature & Space

Atualizado 23 de abril de 2025 por Sergio A. Loiola

O professor Philip Kurian, da Universidade Howard, nos EUA, demonstrou a possibilidade concreta de troca de informações por meios quânticos nos seres vivos para recalcular a capacidade total dessa comunicação.

A confirmação da superradiância quântica nos filamentos do esqueleto celular (citoesqueleto) tem a consequência profunda de que todos os organismos eucarióticos podem usar esses sinais quânticos para processar informações. 

Fenômeno quântico na comunicação entre seres na biologia

Os sistemas vivos mantêm arquiteturas de processamento de informações usando graus de liberdade quânticos fotoexcitados. As capacidades computacionais de organismos aneurais ( A ) e neurônios ( B ) foram drasticamente subestimadas ao considerar apenas canais de informação clássicos, como fluxos iônicos e potenciais de ação, que alcançam velocidades máximas de computação de ∼10 3 ops/s. No entanto, foi recentemente confirmado por experimentos de rendimento quântico de fluorescência ( 1 ) que grandes redes de emissores quânticos em polímeros citoesqueléticos suportam estados superradiantes à temperatura ambiente, com velocidades máximas de ∼10 12 a 10 13 ops/s, mais de um bilhão de vezes mais rápido e dentro de duas ordens de magnitude do limite de Margolus-Levitina para estados ultravioleta-fotoexcitados. Essas redes proteicas de emissores quânticos são encontradas tanto em organismos eucarióticos aneurais ( D ) quanto em feixes estáveis ​​e organizados em axônios neuronais ( E ). Neste trabalho, comparações quantitativas são feitas entre as computações que podem ter sido realizadas por toda a vida superradiante na história do nosso planeta e as computações que podem ter sido realizadas por todo o universo dominado por matéria, com o qual tal vida está causalmente conectada. Estimativas feitas para computadores clássicos feitos pelo homem ( C ) e futuros computadores quânticos com correção de erros efetiva ( F ) motivam uma reavaliação do papel da vida, da computação com graus quânticos de liberdade e das inteligências artificiais no cosmos. [Imagem: Philip Kurian – 10.1126/sciadv.adt4623]

A equipe do professor Philip Kurian, ganhou destaque recentemente no campo da biologia quântica ao descobrir um efeito distintamente quântico em polímeros de proteínas em solução aquosa, que sobrevive às condições desafiadoras na escala de micrômetros.

 O trabalho inclusive demonstra que esse efeito pode representar uma maneira que o cérebro tem de se proteger de doenças degenerativas, como Alzheimer e outras demências.

A molécula-chave que permite essas propriedades notáveis é o triptofano, um aminoácido encontrado em muitas proteínas que absorve luz ultravioleta e a reemite em um comprimento de onda maior.

Nature & SpaceNature & Space

Isso envolve a ocorrência da chamada superradiância, um fenômeno regido pela mecânica quântica que ocorre quando um grupo de átomos alcança o entrelaçamento, passando a se comportar de “modo coletivo”, emitindo luz ao mesmo tempo, especificamente, a equipe documentou a ocorrência da superradiância de fóton único em ambiente biológico em equilíbrio termal.

Agora, baseando-se naquela descoberta seminal, Kurian foi além, e demonstrou que a capacidade computacional da vida é muito maior do que qualquer estimativa anterior.

A comunicação quântica estaria além dos neurônios, em níveis bioquímicos complexos

A ecocomputação promete IA feita por sistemas naturais. [Imagem: KyotoU/Jake Tobiyama]

Grandes redes de triptofano se formam em microtúbulos, fibrilas amiloides, receptores transmembrana, capsídeos virais, cílios, centríolos, neurônios e outros complexos celulares.

A confirmação da superradiância quântica nos filamentos do esqueleto celular (citoesqueleto) tem a consequência profunda de que todos os organismos eucarióticos podem usar esses sinais quânticos para processar informações.

Todos os sistemas físicos processam informações, incluindo o Universo e todos os organismos nele contidos, e agora temos a confirmação de que os sistemas biológicos também fazem isso, ou seja, eles podem ser considerados como realizando cálculos, ou fazendo computações, como queira.

Até agora, o elemento considerado fundamental para o processamento de informações biológicas era o neurônio.

Contudo, isso ignora o fato de que organismos aneurais, incluindo bactérias, fungos e plantas, que formam a maior parte da biomassa da Terra, realizam computações sofisticadas, sem terem neurônios.

E, como esses organismos estão em nosso planeta há muito mais tempo do que os animais, eles constituem a vasta maioria da computação baseada em carbono da Terra.

Capacidade computacional da vida

Kurian agora usou a possibilidade concreta de uma troca de informações por meios quânticos nos seres vivos para recalcular a capacidade total dessa comunicação.

Para o pesquisador, como os polímeros contêm emissores quânticos, eles devem ser tratados como processadores quânticos, e esses emissores são encontrados em toda a vida eucariótica e algumas espécies bacterianas.

O resultado final é em um aumento por um fator de 1020 na capacidade computacional da vida.

Isto cria um novo patamar para a ciência da computação, incluindo a ciência da computação quântica, além de também poder ajudar a avaliar o desempenho futuro da computação quântica.

Mas Kurian entusiasma-se ainda mais, e afirma que seus cálculos também levantam a questão:

“Se a vida e o Universo estão realizando computações sofisticadas, quais são exatamente as funções e os propósitos da sua computação?”

Biologia Quântica: Um novo ramo das Ciências da vida

A ciência hoje acredita que os organismos vivos funcionam com base na troca de informações por meio de sinais bioquímicos e bioelétricos, como os potenciais de ação entre neurônios, sinapses elétricas, sinapses químicas, hormônios e algumas outras moléculas que participam da comunicação intercelular.

Mas há um problema fundamental nessa explicação:

A velocidade e o alcance dessas comunicações variam amplamente, mas não são capazes de explicar uma série de observações, das respostas fisiológicas a estímulos (como a liberação de hormônios em situações de estresse ou reações imunológicas) e da comunicação não localizada (comunicação ou influência entre partes do organismo que parecem não estar conectadas por vias bioquímicas ou bioelétricas conhecidas).

Alem disso, existe p problema não explicado dos comportamentos coordenados de grandes grupos, como cardumes de peixes e bandos de pássaros, com mudanças de direção ocorrendo de forma quase instantânea e sincronizada, mesmo a grandes distâncias.

Exemplo de Experimento em Biologia Quantica: a) Imagem TEM de Chlorobaculum tepidum (Cba. Tepidum) . A barra de escala é de 1 µm. Observe que o tamanho e a forma da bactéria dependem das condições de luz durante o crescimento.  35 b) Espectros de extinção normalizados de solução aquosa de azul de tripano (TB) a 0,4% (linha azul) e  Cba. tepidum em água (linha verde). c) Imagem de microscópio óptico de  Cba. tepidum em uma coloração de viabilidade de TB mostrando bactérias com membranas celulares comprometidas (coloridas em azul, circuladas em azul) e membranas celulares intactas (não coradas, aparecem em verde, circuladas em verde). A barra de escala é de 10 µm. d) Esquema de microcavidade consistindo de uma solução bacteriana suspensa entre dois espelhos metálicos semitransparentes, um dos quais está em um pedestal elevado. Imagem: Artigo onlinelibrary:  https://doi.org/10.1002/smll.201701777

Por exemplo, fenômenos como o entrelaçamento quântico, essencial para a computação quântica, podem desempenhar um papel na transferência de informações nos sistemas biológicos de modos que a bioquímica e a bioeletricidade clássicas não conseguem explicar.

Inicialmente houve muito ceticismo sobre isso entre os físicos sobretudo porque o mundo biológico parece ter todas as condições que os fenômenos quânticos mais odeiam, como calor, umidade, interações moleculares contínuas, complexidade estrutural e dinâmica etc.

Alem disso, os sistemas quânticos são extremamente sensíveis a interações com o ambiente circundante porque essas interações causam a perda da coerência quântica, incluindo fenômenos como o entrelaçamento e a superposição, que tipicamente são estudados próximos ao zero absoluto, quando tudo está “parado”.

É por isso que os computadores quânticos devem ser mantidos em temperaturas mais frias que o espaço sideral, e normalmente apenas objetos pequenos, como átomos e moléculas, apresentam propriedades quânticas, e mesmo células são enormes em comparação com eles.

É nesse campo que se insere a pesquisa de professor Philip Kurian e sua equipe, ao apresentar evidências críveis de que a vida está usando comunicação quantca. Um fato surpeendente.

Política de Uso 

É Livre a reprodução de matérias mediante a citação do título do texto com link apontando para este texto. Crédito do site Nature & Space

TEIA DA VIDA PODE USAR COMUNICAÇÃO QUÂNTICA NA NATUREZA

Bibliografia

Revista: Science Advances

Artigo: Computational Capacity of Life in Relation to the Universe
Autores: Philip Kurian
Revista: Science Advances
Vol.: 11, Issue 13
DOI: 10.1126/sciadv.adt4623

Science Alert

Living Organisms May Have Been Put in Quantum Entanglement For First Time, Study Claims

Inovação Tecnológica

Podemos ter descoberto como seres vivos usam comunicação quântica

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here