Atualizado 8 de agosto de 2025 por Sergio A. Loiola
Você já imaginou um drone capaz de “enxergar” o que está escondido sob a terra?
UNICAMP ajuda a desenvolver Drone com Radar de tecnologia SAR, o Radar de Abertura Sintética, que permite enxergar em detalhes o que está escondido sob a terra.
Equipados com mini radares desenvolvidos com apoio da Unicamp, esses drones estão revolucionando áreas como arqueologia, geologia, agricultura e até investigações policiais.

A aventura da ciência da sondagem a distancia está ficando mais emocionante, e detalhada.
Vamos entender como essa tecnologia funciona, onde está sendo aplicada e por que ela promete transformar a forma como exploramos o mundo subterrâneo.
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Radar em drone enxerga em detalhes o que está escondido sob a terra a mais de 100 m
O avanço da tecnologia de Radar tem sido um grande aliado na prevenção de desastres ambientais, especialmente em setores de infraestrutura e mineração.
A tecnoloogia de Radar já está transformando o modo como são antecipados desastres naturais e incidentes em áreas industriais.

A tecnologia de Radar utilizada no Drone consiste em um aprimorado com sensores e inteligência artifical para otimizar o sensoriamento de áreas sobrevoadas.
Na prática, isso garante uma melhoria no monitoramento agrícola, por exemplo, incluindo análise de solo – que também permite encontrar jazidas minerais, formigueiros e ossadas no subsolo.
Alem disso, o Radar criado por brasileiros na Unicamp ajuda a prevenir acidentes ambientais. A Tecnologia inovadora diagnostica processos que podem resultar em vazamentos, deslizamentos e rompimentos de barragens, reduzindo riscos ambientais e sociais.
Isso é possível por meio da tecnologia de radar de abertura sintética (conhecido como SAR, do inlgês, Synthetic Aperture Radar).
Vídeo: Radar em drone pode enxergar o que está escondido debaixo da terra
O princípio do SAR é usar o radar em movimento para emular uma antena significativamente maior do que as que compõem o próprio radar.
Como a diretividade da antena aumenta com seu tamanho, a resolução do sistema também se torna maior.
Cada uma delas possui uma função específica e, juntas, permitem uma leitura completa das diferentes camadas do solo e da vegetação.
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O que está por trás desse badalado Radar SAR?
O radar de abertura sintética (SAR), que opera embarcado em drones, funciona com três bandas de frequência: C, L e P.
Trata-se do RD350, radar de abertura sintética que pesa apenas 5 kg e apresenta um grande diferencial, é o único no mundo que combina o uso de três tipos de banda (C, L e P), cada qual com uma função. Cada banda corresponde à faixa de frequências do espectro eletromagnético.
Vídeo: A revolução dos radares de sensoriamento remoto
Quando combinadas essas três bandas de frequência permitem a realização, entre outras aplicações, de monitoramento preciso e contínuo de locais como barragens, dutos, encostas e áreas sujeitas a deslizamentos de terra.
Enquanto as ondas na banda C são sensíveis à camada superior da vegetação e do solo, as da banda L são ao volume da vegetação e da camada superior do subsolo e, as da banda P penetram na vegetação e no solo, com ou sem floresta.
Há um fenômeno de dupla reflexão das ondas na banda P em florestas, onde as ondas refletem no tronco e no solo, trazendo informação da biomassa e da altura do solo.

As três, atuando em conjunto, possibilitam uma leitura detalhada da superfície e do subsolo, decímetro por decímetro, por meio de leituras tomográficas.
O equipamento identifica diferentes tipos de materiais e superfícies.
Com a banda P, por exemplo, localiza-se dutos, camadas de minério e formigueiros no subsolo. É possível monitorar a subsidência e a identificação de cursos de rios sob florestas densas.
Já o complemento com as bandas L e C permite medir a umidade e a biomassa da vegetação e de tubérculos com precisão.
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Obtenção do dados: o aerolevantamento feito pelo drone, com o radar armazenando dados em um pendrive
A cadeia de produção se inicia com o aerolevantamento feito pelo drone, quando o radar armazena os dados em um pendrive.

Após o voo, o pendrive é colocado em um laptop, o qual inicia a cadeia de processamento de forma imediata e automática, partindo com a geração das imagens e das tomografias e, em seguida, com os módulos de inteligência artificial à emissão dos resultados e laudos.
Por exemplo, no caso de busca de formigueiros em florestas plantadas, o laptop já envia a lista das coordenadas dos formigueiros com suas respectivas dimensões.

No caso da detecção de uma camada rochosa no subsolo, ele já envia o respectivo modelo tridimensional georreferenciado.
Outro exemplo seria a medida da subsidência abaixo da floresta, onde ele já indica as coordenadas dos pontos de maior afundamento.
“A tecnologia possibilita a detecção de pequenas variações estruturais e de movimentações do solo, permitindo agir preventivamente”, explica Laila Moreira, diretora técnica da RADAZ.
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O radar pesa 5 kg apenas: A miniaturização é um dos pontos-chave
O radar é embarcado em drones de pequeno porte, trazendo agilidade e simplicidade para o mapeamento de áreas de interesse em um curto espaço de tempo. A miniaturização do equipamento é um dos pontos-chave da solução da RADAZ.

Diferente dos métodos tradicionais, que exigem levantamentos demorados e itens de alto custo, como aeronaves, a tecnologia permite um acompanhamento rápido e fornece informações em diferentes níveis, por causa da combinação das três bandas e de seu exclusivo sistema de processamento.
Além disso, o radar opera em condições extremas, como à noite, em meio a nevoeiro e sobre vegetação densa, podendo captar imagens de subsuperfícies com alcance de até 120 metros abaixo do solo e resolução decimétrica.
A tecnologia da RADAZ permite que drones da classe 3, com carga útil de 5 kg, sobrevoem áreas estratégicas, cobrindo até 500 hectares por dia no modo de voo linear e 50 hectares no modo helicoidal.

Entre os principais benefícios para a prevenção de desastres estão a identificação antecipada de falhas em barragens e represas; a detecção de vazamentos em dutos de água e combustível; o mapeamento de encostas sujeitas a deslizamentos; e o monitoramento de áreas florestais para prevenção de queimadas, além de outros usos no setor agrícola.
Nos Emirados Árabes, por exemplo, a tecnologia já está sendo utilizada para detectar vazamentos na rede de dutos de água, evitando desperdícios de um recurso essencial na região.
Tanto nos Emirados Árabes como na Alemanha, há institutos de pesquisa utilizando o equipamento da RADAZ em diferentes aplicações.
Na Islândia, o radar foi utilizado pelo Centro de Geociências Alemão (GFZ) em colaboração com o Instituto de Vulcanologia da Islândia, para produzir mapas de subsidência e tomografias do subsolo de um vulcão ativo. No Brasil, a tecnologia tem grande potencial para ser aplicada em áreas de mineração e barragens.

“A tecnologia permite prever com precisão as alterações no solo, reduzindo drasticamente os riscos. Isso protege o meio ambiente e vidas humanas, além de diminuir os custos com medidas emergenciais”, destaca Norivaldo Corrêa, CEO da empresa.
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Inovação Made in Brazil
Fundada em 2017, a RADAZ se especializou no desenvolvimento de radares de sensoriamento remoto de alta precisão e tem registrado crescimento expressivo, triplicando seu faturamento a cada ano, principalmente devido às exportações.

Em 2024, a empresa atingiu R$ 17 milhões de faturamento e já possui seis pedidos de patente, um deles nos Estados Unidos. Para este ano, a expectativa é de mais do que dobrar o faturamento.
Hoje, a RADAZ desenvolve soluções sob encomenda e se prepara para expandir para novos mercados, no Brasil e no exterior.
A expectativa é que a tecnologia seja cada vez mais difundida e aplicada em outros setores, como mineração, gestão ambiental, defesa civil e cidades inteligentes.
Coliderada pelo Engenheiro-Chefe João Moreira, a RADAZ já exporta para Alemanha, Emirados Árabes, Suécia, e Inglaterra e tem planos de expansão para outros países da Europa.
Para acompanhar o crescimento, a companhia paulista se prepara para mudar sua sede para um novo endereço, ampliando as instalações, com mais espaço para a equipe, laboratório e produção, e que contará com um campo de teste para voos de produção, além de um showroom.
“Com essa tecnologia, a RADAZ se firma como referência em inovação, oferecendo uma solução compacta, eficiente e acessível para monitoramento de superfícies e estruturas subterrâneas, posicionando o Brasil na vanguarda da tecnologia global”, complementa Moreira.
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É Livre a reprodução de matérias mediante a citação do título do texto com link apontando para este texto. Crédito do site Nature & Space
UNICAMP: DRONE COM SAR ENXENGA DETALHE 100 M ABAIXO DA TERRA
Bibliografia
UNICAMP
Radar acoplado a drone monitora plantações e enxerga o subsolo
Radaz
Como nosso radar “enxerga” abaixo da superfície?
Revista IstoÉ
Radar criado por brasileiros ajuda a prevenir acidentes ambientais