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Atualizado 4 de março de 2025 por Sergio A. Loiola

A partir de registro climático de longo do tempo, e observações astronômicas nas mudanças da geometria orbital da Terra, cientistas puderam correlacionar a órbita da Terra em torno do Sol e as flutuações glaciais. A pesquisa aferiu qual parâmetro orbital é mais importante para o início e o fim dos ciclos glaciais, e chegou a uma provável glaciação em dez mil anos.

Stephen Barker e colegas das universidades da Califórnia de Santa Bárbara (EUA) e Cardiff (Reino Unido) conseguiram superar o problema da obtenção de dados paleoclimáticos observando a forma do registro climático ao longo do tempo, o que permitiu identificar como os diferentes parâmetros se encaixam para produzir as mudanças climáticas observadas nas glaciações. O artigo foi publicado na Revista Science.

Eles descobriram que cada glaciação dos últimos 900.000 anos segue um padrão previsível. Esse padrão natural – na ausência de emissões humanas de gases de efeito estufa – indica que estamos atualmente no meio de um interglacial estável e que a próxima era glacial começará aproximadamente 11.000 anos a partir de agora.

Por si só, a Terra entrará em outra era glacial em pouco mais de 10.000 anos, mas as emissões de gases de efeito estufa pela humanidade podem estender o período interglacial atual. [Imagem: Gerado por IA/SIT]

Correlação entre Variação na Geometria Orbital da Terra e Eras do gelo

A importância do trabalho reside na mensuração dos papéis da precessão, obliquidade e excentricidadefatores que influenciam a inclinação e o movimento do eixo da Terra e o formato da órbita da Terra ao redor do Sol – nas transições glaciais.

As variações na duração interglacial são dominadas pela fase deglacial (setas cinzas de duas pontas), que é uma função da fase entre precessão e obliquidade. A terminação glacial começa com o primeiro pico de precessão a começar enquanto a obliquidade está subindo, após um mínimo na excentricidade. O início glacial então vem com a próxima diminuição na obliquidade. [Imagem: Stephen Barker et al. – 10.1126/science.adp3491]

Há décadas existem pesquisas tentando correlacionar eras glaciais da Era Quaternária da Terra, que se estende de 2,6 milhões de anos até hoje, com variações na configuração orbital da Terra.

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Contudo, devido às dificuldades de datação dos ciclos glaciais, os cientistas tentam desembaraçar as influências específicas da precessão, da obliquidade e da excentricidade no avanço e recuo rítmicos das camadas de gelo.

Uma das maiores dificuldades reside na semelhança impressionante entre as periodicidades da precessão (~21.000 anos) e o segundo harmônico da obliquidade (~20.500 anos).

Além disso, a tendência de os períodos glaciais terminarem em intervalos de ~100.000 anos – correspondendo a um ciclo de excentricidade chave – permanece sem solução, um problema que os paleoclimatologistas chamam de “problema dos 100 mil anos”.

Assim, em vez de confiar na precisão dos modelos, a equipe adotou uma nova abordagem, analisando a morfologia do início e do fim dos períodos glaciais nos últimos 800.000 anos, um período caracterizado por ciclos glaciais de cerca de 100.000 anos.

A partir de três registros independentes de oxigênio bentônico (isótopos de oxigênio dissolvido em camadas de água próximas ao fundo de corpos d’água, como oceanos, lagos e rios), a equipe quantificou o tempo das fases críticas dentro de cada transição glacial-interglacial.

Isso sugere que as eras glaciais terminam em mínimos de precessão específicos, que se alinham com o aumento da obliquidade após um mínimo de excentricidade.

A partir dessas analises a equipe estima que, abstraindo da contribuição recente do ser humano para o aumento dos níveis dos gases de efeito estufa na atmosfera, o próximo período glacial provavelmente começará dentro dos próximos 11.000 anos, à medida que a obliquidade da Terra declina em direção ao seu próximo mínimo.

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A reprodução de matérias é livre mediante a citação do título do texto com link apontando para este texto. Crédito do site Nature & Space 

VARIAÇÃO ORBITAL DA TERRA INDICA GLACIAÇÃO EM 10 MIL ANOS

Fonte

Artigo: Distinct roles for precession, obliquity and eccentricity in Pleistocene 100kyr glacial cycles
Autores: Stephen Barker, Lorraine E. Lisiecki, Gregor Knorr, Sophie Nuber, Polychronis C. Tzedakis
Revista: Science
Vol.: 387, Issue 6737
DOI: 10.1126/science.adp3491

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Terra entrará em nova Era do Gelo em cerca de 10 mil anos

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