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Atualizado 9 de setembro de 2025 por Sergio A. Loiola

Jovens para sempre: conheça o conceito de imortalidade biológica e os animais que driblam o processo de envelhecimento. A água viva e a hidra são exemplos.

Um espécie de água viva retrocede seu ciclo de desenvolvimento e a hidra regenera suas células a cada 20 dias.

As hidras, que medem apenas milímetros de comprimento, são estudadas por biólogos por suas capacidades regenerativas e longevidade incomum. Stefan Siebert/Laboratório Juliano. Fonte: https://biology.ucdavis.edu/news/hydra-and-quest-understand-immortality

A expectativa é que exemplos da natureza contribuam para o surgimento de novas rotas na medicina.

Vamos conhecer esses fascinantes seres que podem ser “jovens para sempre“.

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O conceito de imortalidade biológica e os animais que driblam o processo de envelhecimento

Todo ser vivo nasce, cresce, se reproduz e morre. Esse é o curso natural, e esperado, da vida – exceto para alguns pouquíssimos animais que têm a incrível capacidade de driblar o envelhecimento e, consequentemente, a própria morte.

Hidra recebeu o nome da famosa serpente da mitologia grega, que gerava duas novas cabeças para cada uma cortada. Este antigo jarro de água retrata a Hidra de Lerna lutando contra Hércules (etrusca, c. 525 a.C.).  Museu J. Paul Getty 

Entre as detentoras da receita da imortalidade, duas espécies têm despertado a atenção dos cientistas:

a Hydra vulgaris, um pequeno invertebrado que vive em águas doces e limpas, e

Turritopsis dohrnii, uma espécie de água-viva originária da região do Meditarrâneo. 

A diferença desses animais para o restante dos mortais está no fato de eles conseguirem evitar a senescência: processo biológico que ocorre nas células, caracterizado pela perda gradual da habilidade de se dividir e se renovar.

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Segredo da longevidade

O envelhecimento celular, um processo intrínseco à vida humana, foi elucidado pelo médico norte-americano Leonard Hayflick (1928-2024) na década de 1960.

Suas pesquisas demonstraram que as células humanas possuem um “relógio biológico” que limita o número de vezes que elas podem se dividir – algo entre 40 e 60 vezes.

As hidras, que medem apenas milímetros de comprimento, são estudadas por biólogos por suas capacidades regenerativas e longevidade incomum. Stefan Siebert/Laboratório Juliano. Fonte: https://biology.ucdavis.edu/news/hydra-and-quest-understand-immortality

Ao atingir esse limite, as células entram em um estado de senescência, desencadeando uma cascata de eventos que culminam no envelhecimento do organismo e no desenvolvimento de doenças relacionadas à idade. 

Escapar da morte, o destino inevitável de todos os seres vivos, só seria então possível caso houvesse uma tecnologia de reparo interno capaz de restaurar as células do organismo ao seu estado mais jovem – algo que ainda não foi realizado em laboratório, mas que já foi registrado na natureza.

Conhecida na comunidade científica como “mestre da imortalidade”, a Hydra vulgaris, um invertebrado milimétrico do grupo dos cnidários, faz exatamente isso ao renovar todas as suas células a cada 20 dias – inclusive as células-tronco, que têm como principal função regenerar e substituir células lesionadas ou perdidas.

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Por que a Hydra não envelhece?

Diferentemente da maioria dos seres vivos, a hidra possui células-tronco espalhadas por todo o organismo; e, devido ao ciclo constante de renovação celular, tais estruturas estão sempre em estágio inicial de desenvolvimento, fase em que podem se transformar em qualquer outro tipo de célula.

A ausência de envelhecimento na Hidra, cientificamente denominada não senescência, se deve à capacidade aparentemente infinita de regenerar células-tronco.  
Stefan Siebert/Juliano Lab. Fonte: https://biology.ucdavis.edu/news/hydra-and-quest-understand-immortality

Para efeito de comparação, os humanos possuem células-tronco apenas em determinadas partes do corpo (como no sangue do cordão umbilical ao nascer, na medula óssea, no cérebro e na pele), e, à medida que “envelhecem”, elas perdem sua adaptabilidade e só conseguem se transformar em células específicas. 

Além de impedir o acúmulo de danos associados ao envelhecimento, a H. vulgaris pode sobreviver à desmembração, regenerando as partes perdidas ou lesionadas do corpo.

Não à toa seu nome tem inspiração na Hidra de Lerna: na mitologia grega, o personagem era uma serpente aquática gigantesca com múltiplas cabeças que, quando cortadas, nasciam novamente.

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Agua viva: A “Viajante do Tempo”

Outro organismo incrível que desafia a compreensão dos limites da vida é a Turritopsis dohrnii, uma espécie de água viva conhecida como “viajante do tempo”.

Turritopsis dohrnii, anteriormente classificada como T. nutricula, também conhecida como medusa imortal, pertence à classe dos hidrozoários e é uma das espécies considerada biologicamente imortal, isto é, pode em determinadas fases do seu ciclo de vida voltar ao seu primeiro estado de vida e formar um novo pólipo. Fonte: Wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Turritopsis_dohrnii

No melhor estilo Benjamin Button – personagem do cinema conhecido por “envelhecer ao contrário”, nascendo velho e morrendo bebê –, essa espécie tem um ciclo de vida único: ao invés de seguir o caminho tradicional de envelhecimento e morte, ela consegue retroceder ao seu estágio primário (pólipo) como resposta a condições ambientais adversas ou em caso de lesões.

A capacidade de rejuvenescimento dessa água-viva ainda é um mistério para os cientistas, mas algumas hipóteses tentam explicar o fenômeno.

Assim como no caso da hidra, uma das principais abordagens relaciona as características únicas da T. dohrnii à grande quantidade de células-tronco espalhadas pelo seu organismo, o que favorece a regeneração.

Vídeo: O QUE É A IMORTALIDADE BIOLÓGICA?

O tubarão-da-groenlândia é o vertebrado de maior longevidade do mundo

As pistas da imortalidade animal também estão presentes em outras espécies.

Com mais de sete metros de comprimento, o tubarão-da-groenlândia (Somniosus microcephalus) é o vertebrado de maior longevidade do mundo.

Tubarão-da-groenlândia em Admiralty Inlet, Nunavut. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Somniosus_microcephalus

Vivendo nas águas profundas da região do Ártico, onde as condições de adaptação são pouco favoráveis, a espécie possui uma expectativa de vida de cerca de 400 anos – há relatos de indivíduos que superaram a marca de 500.

De acordo com Mônica Lopes-Ferreira, o segredo do animal está no metabolismo extremamente lento. Para se ter uma ideia, são necessários 150 anos para que ele atinja a maturidade sexual.

Já na escala milimétrica, a planária – pequeno verme de forma achatada – é um dos organismos mais conhecidos quando o assunto é regeneração: se cortada em diversos pedaços, cada um deles dará origem a um novo espécime.

Mais uma vez, a capacidade de renovação de células-tronco do bicho desempenha papel fundamental para sua “imortalidade”.

Possíveis aplicações na medicina

A busca pela longevidade é uma constante na história da humanidade.

A esperança de um dia superar os limites da vida humana reside no desenvolvimento de tecnologias capazes de reparar os danos celulares causados pelo envelhecimento.

Efeitos da bufotenina – substância presente no veneno de sapos dos gêneros Bufo Rhinella – em modelos celulares de Alzheimer, podem ajudar na cura, ou retardar a doença. Fonte: Butantan: https://butantan.gov.br/butantan-educa/jovem-cientista-%7C-fa-de-grey%E2%80%99s-anatomy-biomedica-estuda-toxinas-contra-o-alzheimer-%E2%80%9Cquero-mostrar-as-pessoas-que-tem-alguem-pesquisando-por-elas%E2%80%9D

A expectativa é que os exemplos encontrados na natureza contribuam para o surgimento de novas rotas e possibilidades na ciência. 

Além do desenvolvimento de terapias relacionadas ao processo de envelhecimento e o tratamento de lesões, tanto o estudo da Hydra vulgaris como da Turritopsis dohrnii apresentam grande potencial para contribuir com novas abordagens para o tratamento de doenças degenerativas, como o Alzheimer e o Parkinson, e também em relação ao uso de células-tronco contra o desenvolvimento e no combate ao câncer.

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O QUE É A IMORTALIDADE BIOLÓGICA E O QUE ISSO SIGNIFICA

Bibliografia

UNIVERSIDADE DE FORTALEZA

 O que são células-tronco e qual sua importância para a ciência?

UNIVERSITY OF CALIFORNIA

 Hydra and the Quest to Understand Immortality

Instituto Butantan

Jovens para sempre: conheça o conceito de imortalidade biológica e os animais que driblam o processo de envelhecimento

Jovem Cientista | Fã de Grey’s Anatomy, biomédica estuda toxinas contra o Alzheimer: “Quero mostrar às pessoas que tem alguém pesquisando por elas”

Natural History Museum

Immortal jellyfish: the secret to cheating death

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