Nature & SpaceNature & Space

Atualizado 29 de setembro de 2025 por Sergio A. Loiola

Paleontólogos encontraram registros em um sitio que indicam a colossal magnitude do impacto do asteroide que deu inicio do fim da era dos dinossauros.

A Pesquisa foi publicada na Revista PNAS – Proceedings of the National Academy of Sciences.

Reconstrução artística da cratera de Chicxulub logo após o impacto, há 66 milhões de anos. DETLEV VAN RAVENSWAAY/SCIENCE SOURCE . Fonte. Artigo. https://www.science.org/content/article/updated-drilling-dinosaur-killing-impact-crater-explains-buried-circular-hills

A extinção dos dinossauros não ocorreu em apenas em um dia, de fato a extinção levou muitos anos.

Contudo, a descoberta do sitio paleontológico de Tanis, na Formação Hell Creek, no estado de Dakota do Norte, EUA, tem fortes evidências que indicam a enorme magnitude do impacto do asteroide no primeiro dia.

Asteroide que extinguiu dinossauros gerou onda entre 1,6 km e 4,5 km nos primeiros km de entorno, e causou um terremoto de magnitude de 10 a 11,5 na Escala Richter.

Veremos a seguir os resultados impressionantes desta pesquisa, em texto, imagens e vídeos:

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Asteroide entre 9,7 km e 14,5 km causou impacto colossal, e a cratera de Chicxulub, no México

O impacto de Chicxulub desempenhou um papel crucial na extinção do Cretáceo-Paleogeno.

Há cerca de 66 milhões de anos, um asteroide colidiu com a Península de Yucatán (que hoje pertence ao México) e desencadeou o evento de extinção em massa que matou os dinossauros. Agora, os pesquisadores determinaram que a rocha espacial veio do nosso Sistema Solar exterior. Foto de Illustration by Nicolle R. Fuller, SCIENCE PHOTO LIBRARY

No entanto, os primeiros efeitos pós-impacto, cruciais para decodificar completamente a profunda influência na biota da Terra, são mal compreendidos devido à falta de depósitos contemporâneos de alta resolução temporal.

O sítio de Tanis, que preserva um leito de ejeção rápida na Formação Hell Creek, ajuda a resolver esse déficit de longa data.

Perturbação da altura da superfície do mar causada por tsunami, em metros, modelada quatro horas após o impacto do asteroide. Esta imagem mostra os resultados do modelo MOM6, um dos dois modelos de propagação de tsunami usados ​​no estudo liderado pela Universidade de Michigan. Crédito da imagem: De Range et al. em AGU Advances, 2022

Alguns minutos após um asteroide de quilômetros de largura ter atingido a Terra há 66 milhões de anos, uma tempestade de granizo, com minúsculas esferas de vidro, atingiu um estuário inundado onde hoje é a Dakota do Sul, nos Estados Unidos. 

Ondas sísmicas provocadas pelo impacto deslocaram a águaPlantas e animais foram arrasados e enterrados em camadas de sedimentos, responsáveis por preservá-los por milênios.

Perturbação da altura da superfície do mar causada por tsunamis, em metros, modelada 24 horas após o impacto do asteroide. Esta imagem mostra os resultados do modelo MOM6, um dos dois modelos de propagação de tsunamis usados ​​no estudo liderado pela Universidade de Michigan. Crédito da imagem: De Range et al. em AGU Advances, 2022

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Resultado da nova Pesquisa

Agora, os pesquisadores afirmam que esse local, recém-descrito em um artigo da Proceedings of the National Academy of Sciences, é um retrato extremamente raro do momento que marcou o extermínio dos dinossauros

Diversos fósseis já foram encontrados antes em outros lugares que também capturaram esse momento no registro geológico, conhecido como limite K-Pg (limite entre os períodos Cretáceo e Paleógeno).

Mas o sítio paleontológico de Dakota do Norte possivelmente representa todo um ecossistema afetado pela catástrofe.

Mapa da localidade de estudo de Tanis. ( A ) Tanis dentro de um contexto regional (mapa grande) e em um mapa nacional ( Inserção ). Pontos pretos na inserção são localidades de tsunami KPg previamente documentadas; estrela denota Tanis. Kf, Formação Fox Hills; Kh, Formação Hell Creek; Kp, Pierre Shale; Qor, Holoceno; QTu, Quaternário e Terciário Superior; Tp, Formação Slope. ( 
B ) Foto e sobreposição interpretativa de uma seção transversal oblíqua através de Tanis, mostrando o contato entre o arenito de barra de ponta angular e o leito rochoso cinza de Hell Creek. ( 
C ) Esquema simplificado representando o cenário deposicional contemporâneo geral para o Depósito de Evento (sem escala). O Depósito de Evento (1) cobre a encosta de uma barra de ponta progradante de um meandro (2), que incisou no leito rochoso de Hell Creek durante o final do Cretáceo. Localização das acumulações de carcaças mais densas (3) ao longo da encosta; localização do tonstein do limite KPg diretamente sobreposto ao Depósito de Eventos (4); localização do tonstein KPg sobreposto ao aterro adjacente (5); localização de Brooke Butte (6), o afloramento KPg mais próximo de Tanis. Fonte: Artigo. https://www.pnas.org/doi/10.1073/pnas.1817407116
O líder do estudo, Robert DePalma, realiza pesquisa de campo em Tanis. Foto de Robert DePalma

“Ver organismos que teriam sido impactados pelo real evento no fim do período Cretáceo é simplesmente incrível“, comenta outro autor do estudo, Philip Manning, paleontólogo da Universidade de Manchester.

Mas, então, o que os dados publicados realmente revelam até o momento? E o que mais o local pode oferecer aos paleontólogos? Temos as respostas.

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Chuva de vidro

O sítio na Dakota do Norte, apelidado de Tanis em homenagem à antiga cidade “perdida” no Egito.

O sítio está localizado em propriedade particular, em uma pequena parcela da grande Formação Hell Creek, uma série de camadas rochosas que registram as centenas de milênios até o momento em que os dinossauros foram extintos.

Os depósitos de Tanis contêm uma massa bem preservada de peixes emaranhados que reteve as formas tridimensionais dos animais.
Foto de Robert DePalma

DePalma ficou sabendo do lugar a partir de um comerciante de fósseis que ele conhece e que havia estado no local e encontrado pouca coisa de valor.

A julgar pelo peixe encontrado, o comerciante de fósseis pensou que o sítio fosse o depósito de uma lagoa formada milhares de anos antes do limite K-Pg.

Porém, quanto mais DePalma mapeava o local, mais motivos ele tinha para pensar diferente.

se o local fosse na verdade a parte mais baixa de um vale com um rio?

Conforme descrito no artigo, DePalma encontrou sinais claros do impacto K-Pg nos sedimentos do local, incluindo pedaços de quartzo triturados pela imensa pressão do impacto, além de muitos escombros formados pelo impacto.

Durante uma expedição em Tanis, outro autor do estudo, Mark Richards (esquerda, fundo), observa Robert DePalma, líder da equipe, examinar sob um microscópio materiais projetados pelo impacto.Foto de Robert DePalma

queda do asteroide formou uma cratera na crosta da Terra de cerca de 80 quilômetros de largura e 29 quilômetros de profundidade, lançando pedaços de rocha derretida para todos os lados a uma velocidade devastadora. 

A uma grande altitude na atmosfera, os escombros foram reduzidos a minúsculas esferas de vidro, muitas das quais com menos de um milímetro.

O anel do pico formou-se em questão de minutos. Logo após o impacto, o leito rochoso profundo de granito, fluindo como um líquido, ricocheteou em uma torre central de até 10 quilômetros de altura antes de desabar na crista circular. Em seguida, o anel do pico foi coberto por uma camada de rochas amontoadas, chamada brecha, que contém pedaços de rocha explodida e derretimento do impacto. Fonte. Artigo da Science . https://www.science.org/content/article/updated-drilling-dinosaur-killing-impact-crater-explains-buried-circular-hills

Essas partículas, chamadas de tectitos, começaram a ser lançadas de volta à Terra cerca de 15 minutos após o impacto, em uma torrente de vidro que durou 45 minutos.

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Sítio de Tanis é único por que uma grande inundação e recuo ajudou a preservar fosseis

Em muitos sítios K-Pg, os tectitos formaram uma discreta camada, mas o mesmo não ocorreu em Tanis.

As diversas camadas de sedimento no local estão abarrotadas de tectitos, que os pesquisadores interpretam como um sinal de inundação e recuo da água durante a queda dos tectitos.

Um corte do depósito de Tanis demonstra a estratigrafia em camadas de duas ondas e alguns animais fossilizados. Foto de Robert DePalma

Alguns tectitos ficaram retidos em resina de árvore antes de serem fossilizados em âmbar

A equipe de DePalma até mesmo alega a existência de um tectito enterrado em um buraco de 5 centímetros de profundidade que o próprio tectito formou no sedimento ao cair. 

Ao ser introduzido no solo, um cardume de peixes foi enterrado todo de uma vez, e os corpos foram preservados de forma impressionante, incluindo guelras congestionadas com pedaços dos escombros formados pelo impacto.

Ken Lacovara, paleontólogo da Rowan University, que também não participou do estudo, aponta que mais de 350 sítios em todo o mundo preservam o limite K-Pg, e alguns deles também possuem fósseis.

Em 1987, paleontólogos descreveram dentes de tubarão e conchas de moluscos em um local K-Pg na região central da Polônia

Em 2013, pesquisadores na Dinamarca encontraram dentes de tubarão isolados no terreno argiloso disposto pela chuva de resíduos causada pelo impacto.

Mas Manning e outros pesquisadores que viram os fósseis de perto destacam que o Tanis é um lugar único.

Inundação causada por movimentos sísmicos

Embora DePalma e colegas interpretem o local como um estuário em um vale com rio, há sinais de criaturas no Tanis que normalmente viviam no mar.

O líder do estudo Robert DePalma (direita) e sua assistente de campo Kylie Ruble utilizam gesso para estabilizar uma laje com fóssil antes de removê-la do solo.
Foto de Robert DePalma

O estudo documenta alguns fósseis marinhos em fragmentos, incluindo dentes de tubarões pré-históricosrépteis aquáticos chamados mosassauros e um tipo extinto de molusco chamado amonita.

DePalma e sua equipe interpretam a mistura de animais terrestres e marinhos como um sinal de que as águas de um mar no continente repentinamente adentraram o rio, deixando rastros nas margens do rio em Tanis.

Johnson complementa que se o dente de mosassauro for confirmado como sendo da mesma idade do restante dos materiais encontrados no local, é possível que ele represente o mosassauro mais jovem já encontrado.

Os sedimentos também sugerem que uma torrente repentina de água tenha coberto o local.

Inicialmente, os pesquisadores acreditavam que o dilúvio era um tsunami causado pelo impacto no Mar Interior Ocidental, um corpo d’água da era dos dinossauros que se estendia do Golfo do México ao noroeste da América do Norte. 

Mas os horários não coincidiam: o tsunami teria levado de 8 a 16 horas para atingir Tanis, mas a inundação do local deve ter ocorrido dentro das primeiras quatro horas após o impacto.

A equipe acredita em outra teoria, de que as inundações tenham sido ondas seiche, pulsos de inundação causados por terremotos de magnitude 10 a 11 ativados pelo impacto.

Assim como os passos do T. rex faziam tremer todos os copos d’água no filme Jurassic Park, o impacto do asteroide teria gerado tais ondas que teriam atingido corpos d’água em todas as partes do mundo.

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Alegações extraordinárias

Até o momento, muitos geólogos e paleontólogos receberam bem as ideias do estudo sobre o impacto do asteroide.

Entretanto quase todos os paleontólogos contatados pela National Geographic que não participaram do estudo levantaram algumas questões referentes à divulgação inicial da descoberta, retomando o momento em que DePalma apresentou prévias em conferências de 2013 e 2016.

Alguns pesquisadores ficaram tão chocados com suas alegações na época que imaginaram se o local não seria bom demais para ser verdade.

Parte dos trabalhos iniciais de DePalma também levantou suspeita, incluindo um erro nada discreto.

Em 2015, DePalma revelou uma nova espécie de dinossauro chamada Dakotaraptor, mas um estudo de 2016 liderado por Arbour revelou que DePalma havia acidentalmente incluído ossos de tartaruga fossilizados na reconstrução do esqueleto do Dakotaraptor. Ainda, os colegas de DePalma vigorosamente defendem seu trabalho em Tanis.

Não há ninguém que nunca tenha errado em algum momento“, afirma Manning. “Ele produziu um estudo impressionante”.

Também existem preocupações sobre a falta de visibilidade.

A matéria do New Yorker publicada dias antes do estudo científico em questão e seu suplemento de 69 páginas foram programados para serem formalmente apresentados online.

National Geographic obteve ambos os documentos e os distribuiu a pesquisadores externos para que comentassem.

De acordo com o New YorkerTanis apresenta uma abundância de fósseis, incluindo dentes, ossos e restos de animais recém-eclodidos de quase todos os grupos de dinossauros conhecidos da Formação Hell Creek.

A matéria também relata a presença de penas de 30 centímetros de comprimento, possivelmente de dinossauros, restos de pterossauros e um ovo não eclodido contendo um embrião preservado.

Contudo nenhum desses detalhes constam no estudo.

Nenhum osso de dinossauro é mencionado no estudo principal e o suplemento destaca apenas um fragmento de osso do quadril de um dinossauro com chifres, como o Triceratops, encontrado com “impressões associadas de tecido”. (O New Yorker alega que um pedaço de pele fossilizada do tamanho de uma maleta encontra-se fixado ao fragmento ósseo).

Steve Brusatte, paleontólogo da Universidade de Edimburgo, na Escócia, e explorador da National Geographic, também expressa certa consternação: “No momento, tenho mais perguntas do que respostas… É estranho”.

O estudo precisa de maior transparência

Para verificar as alegações do estudo, paleontólogos dizem que DePalma precisa ampliar o acesso ao local e aos materiais.

“Se eu estivesse na pele [de DePalma], vestiria a minha armadura científica e me prepararia para muitas críticas, mas não acredito que isso seja um problema”, diz Arbour.

DePalma afirma que o novo estudo deve ser visto como uma introdução geológica sobre Tanis, não uma descrição completa, e que a equipe está trabalhando em publicações posteriores.

Ainda, os fósseis escavados estão sendo disponibilizados em acervos de museus, tornando-os acessíveis para estudos mais detalhados. O osso do dinossauro com chifres, por exemplo, está agora na Florida Atlantic University.

Os pesquisadores afirmam que já foram iniciadas discussões com o dono da propriedade sobre a melhor forma de proteger Tanis para a posteridade.

Enquanto isso, o local continua a revelar seus segredos.

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O DIA EM QUE OS DINOSSUSOS MORRERAM: TSUNAME DE ATÉ 4,5 KM

Bibliografia

Revista PNAS – Proceedings of the National Academy of Sciences

A seismically induced onshore surge deposit at the KPg boundary, North Dakota

Revista Science

Updated: Drilling of dinosaur-killing impact crater explains buried circular hills

National Geographic

Fósseis podem revelar o dia exato em que os dinossauros morreram

Michigan News

Dinosaur-killing asteroid triggered global tsunami that swept across the seafloor thousands of miles from the impact site.

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