Pesquisadores chineses desenvolveram um vidro feito de bambu termoisolante como se fosse uma “pele”, regulando a entrada de calor e luz quando está frio ou quente.
A pesquisa foi publicada na Revista Journal of Bioresources and Bioproducts.
A mesma janela cumpre o papel termoisolante tanto no verão quanto no inverno. [Imagem: Zhihan Li – 10.1016/j.jobab.2025.11.001]
O vidro de bambu filtra a luz solar do ambiente quando está quente, para deixar o calor lá fora, e clareando quando está frio, deixando o calor externo entrar.
A seguir veremos como funciona a tecnologia do vidro de bambu, e suas aplicações imediatas em casas e edifícios. Em texto, imagens e videos.
Qual a importância de se ter um vidro que auto regula a temperatura e a luz do ambiente? Deixe seu comentário no final!
Edifícios inteligentes com temperatura e luz auto reguladas, sem gastar energia
Edifícios energeticamente eficientes requerem materiais sustentáveis que combinem desempenho estrutural com funcionalidades ópticas e térmicas avançadas para minimizar o consumo de energia e as emissões de gases de efeito estufa.
Bambu transparente revestido com óxido de tungstênio-vanádio controla a luz solar conforme a necessidade, superando o vidro em simulações de edifícios. [Imagem: CSUFT]
As casas, edifícios e demais construções consomem cerca de 40% de toda a energia do mundo, ora em ar-condicionado, ora em aquecimento.
E as janelas são de longe o elo mais fraco nessa cadeia termal – elas perdem calor no inverno e frio no verão.
Zhihan Li e colegas da Universidade Central Sul de Silvicultura e Tecnologia, na China, estão apresentando agora uma alternativa mais eficiente e ambientalmente amigável: Janelas transparentes feitas de bambu.
Impactos ambientais do bambu transparente termocrômico preparado para edifícios energeticamente eficientes. (a) Esquema das propriedades biológicas em circuito fechado do bambu transparente termocrômico; (b) Análise do ciclo de vida, do berço ao portão, para comparação entre bambu transparente termocrômico, cimento e vidro. Imagem: Artigo: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2369969825000702
A janela biodegradável, feita dessa que é uma das plantas de crescimento mais rápido do planeta, comporta-se quase como uma pele viva, escurecendo quando está quente, para deixar o calor lá fora, e clareando quando está frio, deixando o calor externo entrar.
O material tem o triplo da resistência do bambu natural e superior a qualquer outro material de biomassa transparente
Já existem várias técnicas para tornar a madeira transparente.
A equipe partiu de placas de bambu, já fabricadas industrialmente, mergulhando-as em ácido peracético a 60 °C por seis horas para dissolver a lignina, que absorve luz.
Esquema do processo de preparação do bambu transparente termocrômico. Imagem: Artigo: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2369969825000702
Enquanto isso, a celulose e a hemicelulose, responsáveis pela sustentação estrutural da madeira, são preservadas.
Em seguida, a manta delignificada é comprimida a 20 MPa a 35 °C, até que sua espessura diminua em 80%.
A placa resultante é mais densa (1,33 g/cm3) do que o bambu natural, mas mantém o alinhamento original das nanofibrilas, apresentando uma resistência à tração recorde de 870 MPa – isso é o triplo da resistência do bambu natural e superior a qualquer outro material de biomassa transparente relatado anteriormente.
Desempenho mecânico do bambu transparente. Imagem: Artigo: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2369969825000702
Conforme os pesquisadores, o bambu termocrômico resultante apresentou uma capacidade de modulação solar de 9,7%, juntamente com regulação térmica eficaz que reduziu as necessidades de aquecimento interno em regiões quentes.
Bambu transparente e vidro como janela de teto em uma garagem. Imagem: Artigo: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2369969825000702
Ao combinar biodegradabilidade, robustez mecânica e controle fototérmico ativo, este compósito transparente de bambu/W-VO₂ oferece uma alternativa sustentável e de alto desempenho ao vidro convencional, apresentando grande potencial para aplicações em edifícios com eficiência energética.
Embora a remoção da lignina torne o material branco, a forte compactação da celulose eleva a transmissão de luz visível para 78%, com uma opacidade útil de 86%, suficiente para evitar o ofuscamento e uniformizar a iluminação interna.
Simulação de economia de energia com bambu termocrômico transparente como janela. Imagem: Artigo: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2369969825000702
O próximo passo consiste em dar propriedades termocrômicas à janela, ou seja, a capacidade de variar a transparência em reação ao calor.
Isso é feito aplicando uma camada de 10 micrômetros de ácido polilático contendo partículas de 200 nm de tungstênio e óxido de óxido de vanádio (W-VO2).
A 20 °C, o revestimento transmite 42% da luz visível e 55% da luz infravermelha próxima; a 50 °C, o VO2 passa para uma fase metálica, reduzindo o ganho de calor solar em 9,7% sem comprometer a entrada de luz natural.
Desempenho de regulação fototérmica do bambu transparente termocrômico. Imagem: Artigo: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2369969825000702
A avaliação do ciclo de vida feita pela equipe mostra que o bambu transparente tem capacidade para reduzir o potencial de aquecimento global em 35%, a formação de partículas em 46% e os indicadores de toxicidade humana entre 40 e 60% em comparação com o vidro comum, apresentando desempenho ainda superior ao do cimento Portland.
Outra vantagem é a biodegradabilidade ao final da vida útil, o que permitirá a recuperação das partículas de W-VO2.
Os pesquisadores afirmam que o processo pode ser adotado em linhas de produção de painéis de bambu existentes e revestimento contínuo rolo a rolo, potencialmente fornecendo painéis de 2 m x 1 m a custos competitivos com o vidro de baixa emissividade, desde que a produção ultrapasse 10.000 m2 por ano.
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