Atualizado 10 de junho de 2025 por Sergio A. Loiola
Pesquisadores descobriram um vulcão gigante na superfície da lua IO de Júpiter Io, com um lago de lava de 180 km, o maior do Sistema Solar. A lua IO é considerada o local mais geologicamente ativo do nosso Sistema Solar.
Denominado Loki Patera, o enorme vulcão na lua de Júpiter Io, é mais poderoso do que todas as usinas de energia da Terra juntas – diz a agência espacial americana, Nasa.

O vulcão localizado ao sul do equador de Io apresenta múltiplos fluxos de lava e ocupa uma área de mais de 180 km de diâmetro.
Ele foi captado em imagens da JunoCam na missão Juno da Nasa, que foram apresentadas no Europlanet Science Congress.
Alem do tamanho colossal, o que surpreendeu os cientistas foi constatar que o vulcão é recente, ele não estava lá na década de 1990.
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O maior lago de lava do Sistema Solar é recente
Imagens tiradas durante a missão Galileo da NASA em 1997 mostram que algumas décadas atrás o local não possuía nenhum vulcão em atividade.
“Nossas imagens recentes da JunoCam mostram muitas mudanças em Io, incluindo esta grande e complicada formação vulcânica”, disse Michael Ravine, gerente de projetos avançados da Malin Space Science Systems, Inc, que projetou, desenvolveu e opera a JunoCam.

Na foto, é possível perceber que o lado oriental do vulcão possui uma mancha vermelha devido ao enxofre que foi expelido. No lado ocidental, dois fluxos escuros de lava correm por cerca de cem quilômetros.
No final desses fluxos, a lava se acumulou e o calor fez com que o material congelado na superfície se tornasse vapor, gerando duas áreas cinzas.
O ponto crítico de atividade vulcânica, que é maior que a Irlanda do Norte e do Sul juntas, foi detectado usando instrumentos de luz infravermelha a bordo da sonda, que revelam características não visíveis ao olho humano.
VÍDEO: Vista simulada do lago de Lava do vulcão gigante de IO, com 180 km, lua de Júpiter. Nasa
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A sonda Juno revelou muitas surpresas inesperadas
A sonda espacial Juno foi enviada para examinar Júpiter em 2011, revelando seu destino após cinco anos viajando pelo espaço.
Originalmente uma missão de sete anos, a Sonda teve seu trabalho estendido à medida que continua examinando o planeta e suas luas.
A última passagem de Juno por Io foi concluída em 27 de dezembro de 2024, quando ela viajou 46.200 milhas (74.400 km) acima da superfície e focou seu instrumento infravermelho no hemisfério sul da lua.
O pesquisador principal da Juno, Scott Bolton, do Southwest Research Institute, diz que o último conjunto de dados coletados pela nave “realmente nos surpreendeu”.

“Este é o evento vulcânico mais poderoso já registrado no mundo mais vulcânico do nosso sistema solar — então isso realmente quer dizer alguma coisa.”
Dados infravermelhos revelaram uma superfície lisa, semelhante a vidro — sinais de lava resfriada rapidamente, formando uma crosta semelhante à obsidiana.
Zonas mais quentes ao redor do perímetro do lago indicam ressurgimento vulcânico em andamento e fluxos de lava ativos.
Especialistas dizem que esse tipo de erupção provavelmente deixará uma cicatriz duradoura na superfície de Io.
Outro sobrevoo de Juno sobre Io em 3 de março de 2025 observou o ponto quente novamente e registrou mudanças na paisagem.
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O mundo mais vulcânico do sistema solar
Io, Europa e Ganimedes são três luas de Júpiter que se movem regularmente uma em torno da outra e do planeta Júpiter, em um padrão conhecido como órbita.

À medida que as luas viajam ao redor do planeta, elas se atraem gravitacionalmente, de tal forma que sua trajetória é elíptica, ou oval. Isso significa que a órbita de Io se move em direção a Júpiter e depois se afasta.
Embora Io tenha aproximadamente o tamanho da Lua da Terra, esse cabo de guerra gravitacional significa que ela está sendo constantemente comprimida e comprimida.
Todo esse movimento derrete partes do interior de Io, causando plumas de lava, atividade vulcânica violenta e liberação de cinzas na atmosfera.

Acredita-se que possa haver 400 vulcões na superfície de Io, tornando-o o lugar mais vulcânico do Sistema Solar.
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O que está acontecendo dentro de Io, a lua vulcânica de Júpiter?
O vulcanismo de Io é alimentado por um mecanismo gravitacional chamado aquecimento de maré, que derrete a rocha em magma que irrompe da superfície.

Embora Io seja o símbolo desse mecanismo, o aquecimento de maré também aquece muitos outros mundos, incluindo a vizinha de Io, a lua gelada Europa, onde se acredita que o calor sustente um oceano subterrâneo de água salgada.
A NASA lançou a sonda espacial Clipper, avaliada em US$ 5 bilhões. (abre uma nova aba) para procurar sinais de vida no oceano subterrâneo proposto no céu de Europa.
Quando a sonda Juno começou a orbitar Júpiter em 2016, a crença de que Io possuía um oceano de magma era generalizada.
Mas Bolton e seus colegas queriam verificar novamente. E constataram que IO não tem um oceano de lava próximo a superfície.
Mas se Io não tem um oceano de magma, o que isso significa para Europa?
E os cientistas agora se perguntam: como funciona o aquecimento das marés?
A revelação de que Io não possui seu oceano de magma raso ressalta o quão pouco se sabe sobre o aquecimento de maré.
“Nunca entendemos realmente em que parte do interior de Io o manto está derretendo, como esse derretimento do manto está chegando à superfície”, disse de Kleer.
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Magma derretido
O calor impulsiona a geologia, a base rochosa sobre a qual tudo o mais, desde a atividade vulcânica e a química atmosférica até a biologia, é construído.

O calor frequentemente provém da formação de um planeta e da decomposição de seus elementos radioativos.
Mas objetos celestes menores, como as luas, possuem apenas pequenas reservas desses elementos e de calor residual, e quando essas reservas se esgotam, sua atividade geológica se estagna.
Ou, pelo menos, deveria — mas algo parece conceder vida geológica a pequenos orbes por todo o sistema solar muito depois de eles já terem perecido geologicamente.
Io é o membro mais extravagante deste clube intrigante — uma pintura de Jackson Pollock em tons de laranja queimado, carmesim e fulvo.
A descoberta de seus caldeirões de lava transbordantes é uma das histórias mais famosas da ciência planetária, pois sua existência foi prevista antes mesmo de serem descobertos.
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É Livre a reprodução de matérias mediante a citação do título do texto com link apontando para este texto. Crédito do site Nature & Space
DESCOBERTO VULCÃO GIGANTE CHEIO DE LAVA EM LUA DE JÚPITER
Bibliografia
NASA
Missão Juno da Nasa
Revista Quanta Magazine
What’s Going On Inside Io, Jupiter’s Volcanic Moon?
BBC