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Atualizado 2 de setembro de 2025 por Sergio A. Loiola

Sirius é o maior super laboratório de Física e Multidisciplinar do Brasil. O super Laboratório usa Luz Síncrotron (LNLS). Com o tamanho de um estádio de futebol, ele está transformando a ciência feita no Brasil.

Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) é uma instituição brasileira de pesquisa em física, biologia estrutural e nanotecnologia desenvolvendo projetos nas áreas de Física, Química, Engenharia, Meio Ambiente e Ciências da Vida. Entrou em funcionamento em 1997 e está localizado na cidade de Campinas.

Imagem aérea do prédio do Sirius – Divulgação LNLS / CNPEM

A estrutura do Sírius é uma das mais modernas do mundo. É capaz de analisar diferentes materiais em escalas de átomos e moléculas.

Veremos a seguir como funciona essa magnifica obra de engenharia, ciência e tecnologia e sua aplicações. Em Texto, Imagens e Videos.

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O que são aceleradores de partículas e qual a sua importância na ciência contemporânea?

Aceleradores de partículas são equipamentos que fornecem energia a feixes de partículas subatômicas eletricamente carregadas.

O engenheiro Rafael Seraphim realiza teste do sistema de vácuo das câmaras que conduzirão os elétronsLéo Ramos Chaves. Fonte: Pesquisa Fapesp

No tipo síncrotron, um campo elétrico é responsável pela aceleração das partículas (elétrons, na maioria dos casos), e um campo magnético é responsável pela mudança de direção das partículas.

O funcionamento se dá através de um campo magnético que causa a deflexão da partícula para uma órbita circular, e cuja intensidade do campo é modulada de forma cíclica, mantendo assim órbitas cujo raio é bastante estável e constante, apesar do ganho de energia e massa consequentemente.

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O que é o SIRIUS?

Considerada a mais complexa infraestrutura científica brasileira, ele utiliza aceleradores de partículas para produzir um tipo especial de luz (Síncrotron) utilizada para investigar a composição e a estrutura da matéria em suas formas básicas variadas.

Mapa – Onde fica o projeto Sirius — Foto: Igor Estrella/G1

Desenvolvida no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais, ele é aberto e está disponível para cientistas brasileiros e estrangeiros.

Diversas pesquisas acadêmicas e industriais podem ser realizadas graças ao Sirius.

Entenda como funciona o Sirius, o Laboratório de Luz Síncrotron — Foto: Infográfico: Juliane Monteiro, Igor Estrella e Rodrigo Cunha/G1

Espera-se que isso contribua para a solução de desafios científicos e tecnológicos dos mais variados tipos, como tratamento para doenças, novas tecnologias de agricultura e mais.

A Primeira geração de Laboratório de Luz Sincrotron do Brasil foi Projetado pelas equipes do LNLS, como a primeira fonte de luz síncrotron do hemisfério Sul, construída nos anos 1990 e hoje não mais competitiva.

Vídeo: Sirius, o maior e mais complexo laboratório brasileiro

Cerca de 90% de suas peças foram desenvolvidas nas oficinas do LNLS ou desenhadas ali e produzidas por empresas brasileiras de alta tecnologia. O acelerador linear é exceção. Novos fornecedores foram contratados.

Magnetos quadrupolos, um dos componentes do anel de armazenamentoLéo Ramos Chaves

Quando estiver em plena atividade, o Sirius será, ainda que por um tempo limitado, a fonte de luz síncrotron mais avançada do mundo e também a com maior brilho na faixa dos raios X em sua classe de energia. 

De modo simplificado, isso significa que o acelerador permitirá extrair dos elétrons viajando a quase 300 mil quilômetros por segundo feixes muito concentrados de uma luz que penetra profundamente até em materiais densos, como rochas, e permite produzir imagens nítidas de pontos distantes entre si poucos nanômetros (milionésimos do milímetro).

Estrutura tridimensional da proteína NS5 do vírus zika, definida átomo a átomoGlaucius Oliva / IFSC-USP

Seu brilho intenso deve diminuir de horas para segundos o tempo para obter as imagens das amostras, algo importante no estudo de materiais biológicos, que se degradam rapidamente.

A redução do tempo para produzir cada imagem deve permitir obter um número maior delas por segundo e reconstituir o movimento de fenômenos muito rápidos do mundo dos átomos e das moléculas, como a interação entre dois compostos ou a movimentação de íons na carga e descarga de baterias.

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Linhas de luz em operação no Sirius

O poder de resolução do Sirius é superior ao das fontes de luz síncrotron de terceira geração, como a máquina atual do European Synchrotron Radiation Facility (ESRF), na França, onde a pesquisadora israelense Ada Yonath realizou parte dos experimentos que definiram a estrutura tridimensional do ribossomo, organela produtora de proteínas nas células, e lhe renderam o Nobel de Química de 2009.

Entenda como funciona o Sirius, o Laboratório de Luz Síncrotron — Foto: Infográfico: Juliane Monteiro, Igor Estrella e Rodrigo Cunha/G1

Com a nova máquina de Campinas, espera-se ir além e identificar a estrutura tridimensional de proteínas maiores e mais complexas, de interesse da biologia e da indústria de fármacos, além de estudar materiais de interesse da indústria.

Imagem aérea do prédio do Sirius – Divulgação LNLS / CNPEM
Acelerador de partículas UVX , a primeira geração antes do Sirius. o Sirius é dezenas de vezes maior e muito mais sofisticado. Tipo Laboratório nacional Instituição de Pesquisa Síncrotron. Fonte LNS

Professor da USP e especialista em modelagem matemática de materiais na escala atômica, José Roque chegou ao LNLS em 2009 com duas missões: aprimorar o UVX, que, envelhecido, começava a perder usuários e especialistas para instituições no exterior, e levar adiante o projeto de construir seu substituto – o nome Sirius surgiria mais tarde, emprestado da estrela mais brilhante do céu noturno.

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A primeira chamada regular de pesquisas para o Sirius contemplou seis “linhas de luz”, como são chamadas suas estações experimentais.

Essas linhas operam de forma independente e simultânea e já passaram pela fase de comissionamento científico – quando pesquisadores testam parâmetros da máquina e as técnicas disponíveis em experimentos reais.

Entenda como funciona o Sirius, o Laboratório de Luz Síncrotron — Foto: Infográfico: Juliane Monteiro, Igor Estrella e Rodrigo Cunha/G1

As linhas de luz e os experimentos disponíveis nesta chamada são:

Carnaúba:
Micro e nano-fluorescência e espectroscopia de raios-X e pticografia. Realiza análises dos mais diversos materiais nano-estruturados, visando a obtenção de imagens 2D e 3D com resolução nanométrica da composição e estrutura de solos, materiais biológicos e fertilizantes, além de outras investigações nas áreas de ciências ambientais.

Cateretê:
Imagem por difração coerente (pticografia) e espectroscopia de correlação de fótons de raios-X (XPCS). Otimizada para a obtenção de imagens tridimensionais com resolução nanométrica de materiais para as mais diversas aplicações.

Ipê:
Espectroscopia de absorção (XAS) e de fotoelétrons excitados por raios-X (XPS). Essa linha é otimizada para estudar a distribuição dos elétrons em átomos e moléculas presentes em interfaces líquidas, sólidas e gasosas. Permite sondar como as ligações químicas ocorrem nas interfaces de materiais como catalisadores, células eletroquímicas, materiais sujeitos a corrosão, ou ainda como a corrente elétrica se propaga em diferentes materiais, desde isolantes até supercondutores.

Ema:
Difração e espectroscopia de raios X em altas pressões. As técnicas disponíveis nesta linha permitem a investigação de materiais submetidos a condições extremas de temperatura, pressão ou campo magnético. O estudo da matéria nessas condições pode revelar novas propriedades com características que não existem em condições ambientes normais. Este é o caso, por exemplo, dos materiais supercondutores, capazes de conduzir correntes elétricas sem resistência, com o potencial de revolucionar a transmissão e o armazenamento de energia.

Imbuia:
Micro e nano-espectroscopia de infravermelho (FTIR). Esta estação experimental é dedicada a experimentos utilizando a luz infravermelha, que permite a identificação dos grupos funcionais de moléculas e a análise da composição de praticamente qualquer material, com resolução nanométrica.

Manacá:
Micro cristalografia de Macromoléculas (MX). Equipada com instrumentos que permitem revelar estruturas tridimensionais de proteínas e enzimas com resoluções atômicas, revelando a posição de cada um dos átomos que compõem uma determinada proteína estudada, suas funções e interações com outras moléculas, como as usadas como princípios ativos de novos medicamentos.

A submissão de propostas de pesquisa à linha Manacá segue a modalidade Fast Track – esta linha de luz está aberta para submissões em fluxo contínuo, sem qualquer interrupção, conforme adotado anteriormente durante a fase de comissionamento científico.

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Para o futuro: novas linhas de luz

Além das 6 linhas abertas para a operação regular, a partir do ano que vem mais 5 linhas receberão usuários no modo de comissionamento científico, quando usuários poderão realizar experimentos que ajudem a avaliar os parâmetros da linha:

Hall em que será instalada parte das estações experimentais do SiriusLéo Ramos Chaves

MOGNO: Micro e nano-tomografia de raios-X

PAINEIRA: Difração de Raios X em Policristais

CEDRO: Dicroísmo Circular

SABIÁ: Espectroscopia de absorção e técnicas de Imageamento de raios X moles

Adicionalmente, a linha SAPÊ (Espectroscopia de Fotoemissão com resolução angular) receberá propostas regulares para utilização do espectrômetro offline, ainda sem conexão com a fonte de luz síncrotron.

Política de Uso 

A reprodução de matérias é livre mediante a citação do título do texto com link apontando para este texto. Crédito do site Nature & Space

SIRIUS: O MAIOR SUPER LABORATÓRIO MULTIDISCIPLINAR DO BRASIL

Bibliografia

Pesquisa Fapesp

José Roque: Físico fala sobre o acelerador Sirius e o primeiro laboratório de biossegurança máxima do país

G1

Conheça o Sirius: superlaboratório do tamanho de um estádio de futebol vai transformar a ciência feita no Brasil

Wikipedia

Laboratório Nacional de Luz Síncrotron

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